Jessé Souza

Da escola ao presidio 11 03 2015 721

Da escola ao presídio
Jessé Souza*
Uma sociedade tem a real noção de quem são os políticos que a comanda a partir de suas decisões tomadas no setor educacional. A importância que eles dão à educação de nossas crianças mede a capacidade deles em melhorar as condições de vida de um povo.
O que está ocorrendo nas escolas públicas estaduais pode medir o compromisso que esses políticos têm com o Estado de Roraima. Os alunos estão sem merenda e sem transporte escolar destinado a quem mora nas localidades mais distantes da Capital. 
O governante que deixou o poder, no final do ano, Chico Rodrigues (PSDB), tratou a Educação como se a administração fosse pessoal, particular, de interesse próprio ou de grupo, e não uma ação de governo, que por obrigação deveria manter os compromissos independentemente de quem iria assumir a administração. 
Antes dele, a situação já era de descaso com o bem público, com flagrante abandono das escolas, pois no governo Anchieta Junior (PSDB) os prédios já estavam caindo as pedaços, o transporte escolar era deficiente, faltava professor e o governo sequer conseguia instalar uma central de ar-condicionado nas salas de aula porque a instalação elétrica das unidades escolares não suportava. 
Se os governantes não investem na escola, no estudante e nos professores, logo a sociedade definha, a delinquência aumenta, a criminalidade campeia e a violência se instala. Quando menos escolas forem construídas, mais necessidade haverá de se construir presídios. Desta feita, sabendo da fraqueza do Estado, o crime se organiza. 
Como nem escola e nem presídios o Governo de Roraima conseguiu construir nos últimos anos, passamos a viver o caos na Educação, no Sistema Prisional e na Segurança Pública. A consequência do desmando pode ser sentida na onda de violência urbana que vai de furtos e assaltos a execuções, além de assassinatos, fugas em presídios, ação de facções criminosas dentro e fora da cadeia, bem como do avanço do tráfico de drogas.
Enquanto alunos passam fome em sala de aula, os pais sentem-se inseguros em casa e no trabalho, pois o crime se organizou no vácuo deixado pelo governo. E, do jeito que o Estado está, aos frangalhos, não se tem perspectiva de melhorias em curto espaço de tempo, a não ser medidas paliativas, remendo com pano novo em tecido velho. 
Lamentável como os nossos governantes trataram o bem público a ponto de permitir que Estado ficasse debilitado, combalido, quase falido por causa de tanta falcatrua. Enquanto se vê tantos políticos que ficaram ricos, em um Estado sem indústria e dependente de verbas federais e do contracheque do servidor público, é possível imaginar por que a saúde, a educação, a segurança pública e o sistema prisional estão nas atuais condições. É preciso desratizar para pensar em melhorias futuras. Mas quem irá fazer isso? 
*Jornalista