Jessé Souza

O legado ambiental 862

O legado ambiental – Jessé Souza* Uma reportagem do Fantástico, neste domingo, sobre a Amazônia, apresentou um ponto importante que precisa ser percebido não apenas por quem mora nas regiões consideradas “mais desenvolvidas” do País, mas também por quem mora aqui, no Norte brasileiro esquecido das políticas públicas. Foi dito na matéria que a maioria dos brasileiros nunca colocou os pés na região amazônica e que muitos desconhecem que as agressões ambientais que ocorrem por aqui representam reflexos negativos para o Brasil. E o inverso também: todos os cuidados que forem tomados com a natureza beneficiará esse imenso país continental. Não se pode entender, neste sentido, que preservar signifique congelar a região, como costumam distorcer aqueles que defendem o desenvolvimento a qualquer custo. Há uma imensa região com todas as condições para abrigar projetos de desenvolvimento desde que sejam planejados e autossustentáveis. Se não houver planejamento, estaremos cavando nossa própria cova, a exemplo do que ocorre hoje com São Paulo, onde a água potável tornou-se um problema sério e que não será resolvido em curto espaço de tempo. Na Amazônia, embora abrigue o maior reservatório aquífero do mundo, as secas podem ser tão severas quantas as cheias. Isso significa que qualquer desequilíbrio poderá apertar o gatilho de crises sem precedentes, como uma seca mais severa, muito pior do que esta que Roraima está vivendo por conta de estiagem imposta pela natureza. E se este período de seca não for compensado com políticas públicas sérias, ela poderá se agravar a cada ano. Com todas as áreas de preservação e terras indígenas demarcadas, o Estado de Roraima pode ser exemplo de ativos ambientais futuros sem precedentes, isso combinado com projetos de desenvolvimento que respeitem o meio ambiente. Não só quem aqui vive, mas todo o Brasil poderá ser beneficiado com o que temos de preservação. Repito: sem congelar áreas agricultáveis e explorando setores como turismo e implantando projetos de autossustentação em territórios indígenas. Infelizmente, muitos não conseguem entender que o Planeta depende de equilíbrio para continuar se mantendo como viável para quem vive nele. E se não usarmos a inteligência para frear as agressões, todos sofreremos as consequências. O Nordeste brasileiro vive isso há tempos, mas precisou São Paulo enfrentar uma crise para que a opinião pública percebesse que não há outra saída para o ser humano a não ser pensar em sustentabilidade. E isso não é assunto novo. Como todos achavam que a Amazônia seria infinita em sua grandiosidade ambiental e que metrópoles poderiam viver sem depender da floresta, então ficava difícil entender o desafio que é preservar. Mas agora todos estão aprendendo da pior forma. Antes tarde do que nunca.  *Jornalista [email protected]