Opinião

Opniao 14 04 2015 863

Escuridão – Walber Aguiar* …Eu quis o perigo e até sangrei sozinho, entenda…                                                       Renato Russo Era agosto. Tempo de trovões, relâmpagos e céu cinza. Também era tempo de vasculhar a alma  humana e arrancar de lá todas as quinquilharias existenciais que foram se entulhando com o tempo. Naquela geografia da dor e da angústia, o desagendamento do amanhã era extremamente previsível. Naquela noite as águas pareceram mais negras do que de costume. A vontade de saltar nos braços da escuridão só não foi maior que o desejo de viver e de existir pra Deus, numa ânsia de pertencer e ser pertencido. Um rasgo na alma tomou conta das trevas que percorriam o ambiente, iluminando o caminho. Noutro canto alguém estava tomado por uma intensa vontade de morrer. Na verdade, a angústia é uma espada que penetra sutilmente o coração do indivíduo. No auge, ela aparece sob a forma de depressão, o que enfraquece o sistema imunológico. Elias, homem de Deus, esteve deprimido numa caverna. Não entendia como alguém que vira a mão de Deus em corvos que traziam sustento e fogo que descia do céu, pudesse desampará-lo naquele momento de tensão e conflitividade. Não conseguia compreender o aparente abandono divino diante da adversidade iminente.  Jó, em processo visível de angústia e depressão, amaldiçoou o dia em que nasceu, enquanto tentava  entender o mal que lhe acometera.  De Ezequiel Deus levou a mulher e permitiu que Judas caísse em profunda tristeza e remorso pela traição e aceitação de trinta moedas de prata. Ora, Jesus suou sangue em sua angústia no jardim, mas compreendeu a grandeza e a essencialidade de sua missão. A solidão forçada leva ao isolamento. A partir daí o indivíduo passa a pensar que pode seguir sozinho, sem a ajuda de amigos ou de um especialista. A depressão é uma doença como qualquer outra. É a dor de dente da alma, é a necrose do espírito em decadência, é a vontade de mergulhar nos buracos negros da individualidade em conflito,  uma espécie de desgosto por um ou vários acontecimentos inesperados. Passando pela vale de Baca, pelo deserto existencial que nos habita, sucumbimos ou nos aprofundamos em nós mesmos. Depois de toda dor e agonia de alma, Jó mergulhou em si e descobriu que o sentido de tudo era o autoconhecimento, o salto em sua própria direção . Quando passou a conhecer-se melhor, viu a Deus e descobriu a verdadeira vida. Naqueles dias sombrios de agosto, ele partiu. O homem da “sociedade dos poetas morto”s descobriu que a angústia e a depressão são um inferno particular. E, por achar algo melhor que aquela vida, desejou morrer. De minha parte, à semelhança de Thoreau, filósofo americano, vou continuar entrando nas “florestas” a fim de viver intensamente… *Advogado, poeta, professor de filosofia, historiador e membro da Academia Roraimense de Letras. [email protected] ———————————— ‘Igrejas milagreiras’ – Marlene de Andrade* É um absurdo atrelar as bênçãos de Deus às ofertas dos fieis. O que ocorre dentro de algumas “igrejas” é um verdadeiro mercantilismo criminoso, pois alguns “pastores” vêm se enriquecendo a custa da boa-fé dos fiéis. Apesar de não ser advogada, penso que essas barganhas se caracterizam como crime, pois a lei a este respeito afirma: “É crime obter, para si ou para outro, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil ou qualquer outro meio fraudulento.” (Título II, Capítulo VI, Artigo 171) Alguns “pastores” têm a coragem de oferecer envelopes na hora da oferta solicitando enormes quantias em dinheiro,  e assim tentam enganar o povo fazendo-lhes crer que quanto maior for a oferta, mais Deus vai operar naquela vida e que o milagre para acontecer necessita do nosso sacrifício financeiro. Apesar de dizimar e ofertar ser algo correto, a Graça não se obtém pagando por ela. Dizimar e ofertar é uma maneira de demonstrar a Deus a  nossa gratidão, mas isso nada tem a ver com mercantilismo. E tem mais: a maioria dos “milagres” nessas “igrejas” são completamente subjetivos. Eu quero ver é um cadáver ressuscitar através desses “pastores” que se acham “poderosos”.  Por que será que isso não ocorre? A gente vê as pessoas dizerem que entraram no culto com uma dor aqui e acolá e que durante a ministração do “pastor” a dor sumiu. Isso é, ou não, subjetivo? Acredito em milagres e sei que Jesus ressuscita mortos, mas, tudo isso ocorre dentro da providência de Deus. Jesus cura, claro que cura, porém mais importante que uma cura física ou aquisição de bens materiais é a cura da alma doente e condenada à morte eterna. Milagres ocorrem sim, mas quando Deus quer operar, e não quando os “pastores” querem que o milagre ocorra. Quem somos nós para determinar alguma coisa para Deus? Além do mais, ser próspero é um conjunto de coisas e uma delas é ter sido salvo por Jesus. Prosperidade não é só ter riquezas materiais, e sim ter a paz que excede a todo entendimento, paz essa a qual vem somente de Jesus. Prosperidade é ser feliz tendo muito ou pouco, vivendo em um palacete, ou em uma favela onde as condições são precárias. Igreja que assalta o bolso dos fiéis não prega o verdadeiro Evangelho. A Bíblia diz que o povo erra por falta de conhecimento, e o pior é que a Bíblia não é mais lida e nem estudada nessas denominações mercantilistas. O povo de Deus precisa voltar-se para o Evangelho puro, o qual é simples e na sua simplicidade tem a capacidade de nos transformar para melhor. Vocês não sabem que os perversos não herdarão o Reino de Deus? Não se deixem enganar: nem imorais, nem idólatras… nem ladrões, nem avarentos… trapaceiros herdarão o Reino de Deus. (1 Coríntios 6:9-10). *Especialista em Medicina do Trabalho-ANAMT/AMB https://www.facebook.com/marlene.de.andrade47 ———————————— De mãos dadas – Afonso Rodrigues de Oliveira* “Você é tão rico ou tão pobre quanto o seu vizinho, senão não seria vizinho dele”. (Emerson) A boa vizinhança depende do entendimento de cada vizinho. Afinal, somos todos responsáveis pelos nossos atos. Não sei se dá pra perceber, mas estou tentando entrar noutro assunto, mas não dá. Então vamos em frente. Não dá pra ficar calmo ouvindo, todos os dias, autoridades, ou seus representantes, virem à televisão dizer que está faltando melancia no mercado por conta da falta de água. Mas mais aborrecido é você perder tempo ouvindo notícias sobre protestos de rua, contra o presidente da República. Protestar, tudo bem. Até eu protesto. Mas pense bem. Você elege um presidente da República em reeleição. Cinto meses depois vai às ruas protestar e pedir o afastamento dele da presidência. O que isso significa? Que você foi despreparado na eleição. Então, em vez de protestar contra o presidente, procure se preparar, politicamente, para aprender a votar. Antes que você comece a coçar a cabeça, sem entender meu pensamento, pense nisso: “Não é a política que faz o político virar ladrão. É o seu voto que faz o ladrão virar político”. Então, a responsabilidade pelos desmandos na política é sua, cidadão que não sabe votar. Que ainda nem entendeu que é um “cidadão”, obrigado a votar. E em vez de procurar entender isso como cidadão, prefere eleger candidatos desonestos, fazendo da política um balaio de desonestos. Vamos acordar? Sabemos que temos, em todo o Brasil, bons políticos. Mas eles não conseguem trabalhar, bloqueados pelos maus e desonestos que foram eleitos pelos que estão reclamando nas ruas. Continuamos analfabetos políticos, elegendo até políticos analfabetos; ou pelo menos analfabetos políticos. Confesso que gostaria de ver uma mudança radical em, praticamente, toda a política brasileira. Mas só seremos realmente um povo civilizado e democrata quando aprendermos a votar. Enquanto não, não. O problema é de cada um de nós. Se cada um fizer sua parte como ela deve ser feita, tudo dará certo. Mas temos que aprender a ser cidadãos. E vamos começar nos preparando para que possamos ter o direito ao voto facultativo. Mas enquanto não nos prepararmos, nenhum político vai ser tão tolo a ponto de nos apoiar no direito. “Todo povo tem o governo que merece”. E não vamos resolver isso com gritos nem protestos, mas com política civilizada. Já está passando o tempo de mudar o cenário; mas devemos preparar o novo ambiente que vai depender do nosso preparo político. E a política é o único caminho para alcançarmos nosso horizonte. A Educação é tudo. Pense nisso. *Articulista [email protected]     99121-1460      ———————————- ESPAÇO DO LEITOR CENTENÁRIO Moradores do bairro Centenário enviaram a seguinte reclamação: “Faz mais de um mês que as obras de asfaltamento da rua Valmir Sabino de Oliveira, onde se localiza o Abrigo Pedra Pintada, estão paralisadas. A rua se encontra apenas com a colocação do barro e do meio-fio, criando transtorno para os moradores que reclamam diariamente da poeira. Nossa preocupação é principalmente pelo fato de o  período chuvoso estar se aproximando”. CAROEBE Pais de alunos que residem no Município de Caroebe, nas vicinais 02, 03, 04, 05, 06, 07, 08, 09, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 34, 35 e 36, enviaram e-mail relatando que as aulas naquela cidade iniciam esta semana, mas não existe uma definição quanto ao atendimento dos estudantes das vicinais. “Existem apenas especulações quanto à empresa que prestará serviços referente ao transporte escolar. É preocupante, pois o inverno, como todos sabem na região Sul, é bem rigoroso e as aulas podem novamente parar por conta das péssimas condições das vicinais”, afirmou um pai de aluno. MAIORIDADE O leitor Gilberto Gonçalves fez o seguinte comentário: “Acho salutar as discussões envolvendo este tema. Mas, por outro lado, é necessário que se tome um posicionamento em relação a esta questão. No meu entendimento, antes de discutir essa questão, teríamos que estar focado em outro assunto: resolver primeiramente as condições de nossos presídios nacionais. Como aprovar uma lei que pune os menores, se não temos condições sequer de oferecer condições dignas a quem já está recolhido no sistema prisional?”. BUEIROS Aline Garcia fez um alerta sobre a quantidade de bueiros sem tampa que estão espalhados pela cidade: “Neste final de semana, ao me deslocar até a Praça das Águas [no Centro], quase levei uma queda por conta de um bueiro que está localizado próximo da antiga Secretaria Estadual de Segurança, que por pouco não causava um acidente grave. Neste período de verão ainda temos como identificar. E quando começarem as chuvas? Fica o alerta para a Caer [Companhia de Água e Esgoto de Roraima] para que faça uma inspeção nestes locais”.