Opinião
Opiniao 16 04 2015 871
De ‘caretas’ a ‘nerds’ – Bruno Peron* “Nesta terra, em que quase tudo dá, importamos tudo: das modas de Paris – ideias e vestidos, – ao cabo de vassoura e ao palito. Transplantados, são quase nulos os focos de reação intelectual e artística.” (Paulo Prado. Retrato do Brasil.) Nos ambientes educacionais e profissionais do Brasil, há tentativas de retardar o mais eficiente, desmoralizar o mais virtuoso, e estupidificar o mais inteligente. Não é à toa que o país não progride, e temos a impressão de que há tantos desajustes que ele se divide. A disputa de ambições, paixões e vaidades é egoísta, meio-cidadã e antipatriótica. Gostaria de comentar, neste texto, alguns exemplos que iluminam o argumento acima e de sugerir ao leitor um caminho empírico para dissipar os problemas que acuso. O primeiro comentário que faço é sobre por que é tão difícil ser diferente no Brasil. Brasileiros são intolerantes com o menor desvio da média dos demais habitantes do mesmo país; são assim em relação aos mais gordos, mais ricos, mais tagarelas, mais inteligentes, entre outros. E até com os que são menos tudo isso. É verdade que nenhum brasileiro gosta de sentir que ficou para trás, principalmente os que pouco se esforçam para progredir. As pessoas que se esforçam, disciplinam suas atividades e corrigem suas inclinações negativas têm menos com que se preocupar porque, cedo ou tarde, seu mérito resultará em desfrute de maior êxito e recompensa que seus colegas acomodados e invejosos. Logo, é difícil de entender o desprezo ao “careta” e a condenação do mérito. O “careta” é aquele que se exime de riscos iminentes porque recebeu a instrução prévia de assim o fazer para preservar sua integridade. Ele evita bebidas alcoólicas quando todo o grupo enche a cara, passa a vez numa roda de amigos que fumam maconha, dá opinião contrária aos colegas que tramam maldades contra alguém. O“careta”chega a ser um peixe fora d’água, que nada no ambiente errado. O mérito, por sua vez, é outra questão difícil de avaliar através de mentes ideologizadas, levianas e preconceituosas. Uma é a que diz que nem todos têm oportunidades de mostrar seu mérito e que ascensão social é praticamente impossível no Brasil. De fato, há uma relação que se estabelece entre mérito e nascimento em berço de ouro. Mas, neste caso, eu já não falaria tanto de mérito quanto de reprodução das condições socioeconômicas de famílias abastadas. No entanto, afirmo que o mérito pode estar em todo lugar. Qualquer pessoa pode fazer o mérito valer com seus esforços, sua disciplina e seus objetivos. Não compartilho, portanto, da visão condenadora de riquezas e de ricos no Brasil. Ouve-se a generalização leviana de que todo rico é acomodado, espoliador de trabalhadores e injusto com os pobres, mas essa visão descuida o desafio do Brasil de produzir riquezas (empreendedores privados) e não apenas consumi-las (funcionários públicos). Estou de acordo, no entanto, com que há ricos que são moralmente devedores e socialmente espoliadores, assim como há os que são também devedores e espoliadores, mas possuem níveis de renda baixos. É estranho que a riqueza seja uma condenação no Brasil. Neste país, esperamos soluções prodigiosas do Estado, mas dia após dia vemos que as pessoas em quem depositamos nossa confiança nos dão rasteiras e engordam seus cofres particulares. Por isso, estou cada vez mais ciente de que o Maquinário no Brasil é instrumento de engano, exploração e opressão contra os trabalhadores no Brasil, sejam estes ricos ou pobres. Muitos acreditaram (inclusive eu, quando era mais ingênuo) na capacidade do Maquinário de ordenar o país e garantir o desenvolvimento de toda sociedade. Os fatos têm desmentido tal crença e mostrado o clã de privilegiados sugadores de recursos públicos que ele sustenta. Minha opinião, porém, está bem distante de propor o fim do Estado, mas uma reforma geral em seu corpo administrativo, na qualidade moral de seus dirigentes e em suas políticas para que ele se consolide como regulador e reparador de injustiças sociais no Brasil. É com essa preocupação que persisto no ponto de que a educação de nossa gente é coletivamente desmerecida e homogeneamente deteriorada no Brasil. Veja os obstáculos mentais que sofrem estudantes que se destacam dos demais em ambientes escolares por causa de sua inteligência, seus feitos, seu mérito. Esses estudantes mudam sua condição de “caretas” a “nerds” e são discriminados e zombados por outros colegas de turma. Leitor, pondere que as paixões humanas reclinam-se sobre o atraso. É preciso, portanto, educar-nos para que nos voltemos ao progresso. *http://www.brunoperon.com.br ———————————— Política alternativa – Rubens Marchioni* Quem não conhece alguém vivendo em situação de risco? O dinheiro acabou, o trabalho não veio, a coluna “débito” sobe pelo elevador disparado, enquanto sua vizinha, “crédito”, mal sabe onde se encontra a escada. O bom senso faz um convite insistente: ter uma atitude de serenidade diante da crise. Por sua vez, a inteligência a recomenda como sendo o caminho mais seguro para manter as coisas minimamente sob controle. No Brasil, a situação econômica é caótica. O mercado de trabalho fincou pés na sua instabilidade rígida, gerando insegurança para todos. Neste cenário, somente um comportamento cristão-budista é capaz de evitar que a vítima entre num processo de desequilíbrio que pode não ter volta. O Poder, composto por forças com a mesma estatura do governo, Igreja e empresa, apenas para citar alguns exemplos, tem o poder de decidir nosso destino. Fragilizados, tornamo-nos presas fáceis de quem deseja se beneficiar dessa conjuntura, que amordaça em silêncio e mata feito guerra bacteriológica. A saída pode estar na criação de uma forma própria de fazer política. Eu, por exemplo, confio pouco naquela praticada nos palácios, estejam eles em Brasília, Roma ou na Matriz da multinacional. Prefiro aquela, segundo a qual ofereço a minha contribuição a alguém com rosto, nome e endereço, que precisa adquirir um novo conhecimento ou habilidade. Ou a indicação para a conquista de um trabalho naquele ambiente quase impenetrável, exceto para quem sabe onde está a chave. Ao invés dos discursos que todos os dias salvam a humanidade, escolho a ação concreta que ensina uma pessoa a ler e escrever, enquanto providencia para o outro o indispensável alimento e cobertor. Não me lembro do nome do autor, mas a frase que ouvi afirmava que as palavras bonitas consolam a mente, mas as barrigas vazias querem pão. Podemos começar agora esse grande movimento de rebeldia e quase desobediência civil. *Publicitário, jornalista e escritor. http://rubensmarchioni.wordpress.com —————————————– Protestos na Babilônia – Lindomar N. Bach* Os protestos pelo Brasil serviram em diversos aspectos para que tivéssemos a noção do quanto essasredes sociais e as mídias digitais podem mobilizar as massas em alguns lugares e não surtir efeito algum em outros, além de mostrar que aquelas camisas amarelas da seleção, esquecidas no fundo do guarda roupas, depois da vergonha na copa, ainda serviriam para algum propósito. As manifestações serviram pra descobrir o quanto o brasileiro não consegue cantar o Hino Nacional, nem rezar o Pai Nosso,fica assim parecendo um caraoquê ou o ventriloquísmo do samba do crioulo doido. Brasileiro também não pode ver um carro de som quefaz logo umcarnaval. Acabou o BBB 15, mas no domingo teve cariocão. Essa zona de conforto, artificialmente criada para o povão.Quem acha que a Globo dá ponto sem nó?Então o que esperar da judiada e abandonada classe média sem o apoio da massa que recebe bolsa família.Esqueceram-se dopetróleo, mas compensaram com o debate da redução da maioridade penal.Se eu fosse a Dilma também não pedia penico!! O que mais chama atenção são os métodos de contagem de multidões. Fico imaginando como o isso é feito e qual seria o mais eficiente, se o dos organizadores das manifestações ou se o da PM. Creio que é demarcado um espaço quadrado no chão, e lá coloquem o maior número de pessoas, para quando o troço tá sinistro mesmo.então vão retirando na medida que a coisa vai ficando espalhada. No final somam o total da área ocupada por uma ou outra amostragem. Deve ser assim, ou então é no achismo do olhômetro mesmo. Já em Roraima nem precisou de método algum, dava pra contar nos dedos e chamar pelo nome cada um. O que esperar de uma manifestação no domingo, com um sol de rachar as ideias, quando existe uma indisposição geral,uma contínua falta de interesse pelo rumo que as coisas estão tomando. Depois que oJoaquim Barbosa, juiz do supremo se aposentou eGenoíno, o Dirceu e toda aquela corja do mensalão riram da justiça saindo de boa da cadeia com o pretexto de que foram beneficiados com o indulto de natal (quase três meses depois da data). Parece que perdemos a capacidade de nos indignar. Vivemos um “tanto fez como tanto faz”, a tal ponto, que somos roubados todos os dias no troco do lotação, nos impostos,nos juros extorsivos,com a corrupção, perdemos direitos conquistados e parece que a única coisa que importa é que vai acontecer nos próximos capítulos de Babilônia, Pra você ver né, nem a Glória Pires deixa a filha assistir esse lixo. A vida não imita o vídeo. *Artista plástico, ilustrador e designer gráfico. [email protected] ———————————— ESPAÇO DO LEITOR FISCALIZAÇÃO O leitor Raimundo Lemos enviou o seguinte e-mail: “A conduta de alguns motoristas que trafegam pelas ruas da Capital é desrespeitosa e, por tal razão, os índices de acidentes estão cada vez mais frequentes. Um exemplo claro desta imprudência são as placas de sinalização que limitam a velocidade na Avenida Major Williams em 50 quilômetros, mas no início da manhã e final da tarde, é tamanho o desrespeito. Fica a sugestão para que o Detran ou o Smtram promovam uma fiscalização nesta área”. FAIXA A leitora Simone Lopes enviou o seguinte comentário: “Esta semana, ao deixar meu filho na Escola Estadual Gonçalves Dias, por pouco não presenciamos um acidente em uma das faixas localizadas do outro lado da rua, isso pela simples imprudência de um motorista que conduzia um carro oficial e não respeitou a faixa de pedestre. Apesar de os alunos fazerem o sinal para a passagem, o veículo avançou em alta velocidade. É preocupante esta situação, pois são inúmeros acidentes já registrados em faixas de pedestre pelo desrespeito destes condutores”. QUEIMADAS O morador do bairro Cinturão Verde, Ramiro Queiroz, fez a seguinte reclamação: “Apesar do alerta e das inúmeras matérias veiculadas na imprensa sobre a questão do período crítico que vivenciamos em todo o Estado, a população não tem o mínimo de consciência em relação à questão do lixo doméstico. Um morador da Rua São Francisco simplesmente tocou fogo em um lixo localizado dentro de seu terreno e, por pouco, o fogo não se estendia a outras residências. Ainda falta conscientização da população em relação ao convívio com outros moradores”. OI O morador do Município de Mucajaí, Antonio Almeida, reclamou da empresa de telefonia OI pela demora em atender a solicitação dos consumidores. “Há mais de quinze dias tentamos que a empresa restabeleça os serviços de telefonia e internet em razão do rompimento de um cabo, deixando os moradores sem nenhuma comunicação. Estas empresas deveriam ser fiscalizadas pelos órgãos de defesa do consumidor”, protestou.