Bom dia! “A política se baseia na indiferença da maioria dos interessados, sem a qual não há política possível” – Paul Valéry PUBLICAÇÃO O jornal Valor Econômico, de São Paulo, publicou, ontem, que Roraima vive um período de gradual crescimento do agronegócio e que, nos últimos anos, produtores de Mato Grosso chegaram ao Estado em busca da expansão de suas atividades, seguindo notícias sobre as terras baratas e disponíveis para as lavouras. “Com eles, Roraima teve acesso à expertise do Centro-Oeste no plantio de soja, que tanto colabora para a consagração do Brasil como ‘celeiro’ agrícola mundial”, diz a publicação. AMEAÇA Porém, o jornal paulista não fez uma matéria festiva. O avanço da soja foi tratado como uma ameaça. Ao usar os dados da Imazon, cujos números vêm servindo para as ações do Greenpeace, a publicação diz que Roraima “entrou no radar nacional do Desmatamento da Amazônia”. Mesmo a matéria afirmando que ainda não é possível associar diretamente o quadro de degradação ambiental com o cultivo de soja, os entrevistados supõem que se trata de uma ameaça. ESPECULAÇÃO “As áreas desmatadas estão mais ao sul de Roraima, enquanto a soja segue restrita ao chamado ‘lavrado’, área de transição entre Amazônia e Cerrado. Mas o Ministério Público Federal e o Ibama temem que isso vá acontecer, dada a especulação de terras em curso”, afirma o jornal ao citar a fala do procurador Fábio Brito Sanches, do Ministério Público Federal. Ele disse que a expansão da soja preocupa por causa da fragilidade fundiária no Estado. “Com a promessa do Governo Federal de passar para as mãos do Estado a gestão de parte do território, começou a corrida especulativa”, afirmou. CORRUPÇÃO O jornal segue dizendo que Roraima vive um “limbo fundiário”, pois, desde 2009, o Governo Federal tenta transferir 5,9 milhões de hectares da União para o Estado. “Enquanto não finaliza o processo, quem chega primeiro, vira dono da terra. É um processo histórico de grilagem – ocupação ilegal de áreas públicas – que acontece em toda a Amazônia”, afirma, citando ainda que a corrupção seria outro problema a ser levado em consideração. Tudo dentro da linha do que foi comentado no “Bom Dia!” de ontem da Parabólica. ICMS Segundo o secretário estadual da Fazenda, Kardec Jackson, já a partir desse ano, o Governo do Estado passará a receber uma parte do ICMS que incide sobre mercadorias compradas através da internet, o chamado e-commerce. Atualmente, quando compra produtos de uma grande loja de departamento situada em São Paulo, a pessoa está gerando emprego para os paulistas e irrigando os cofres públicos do governo daquele Estado. Hoje em dia, a perda de Roraima com esse tipo de comércio, em termos de ICMS, pode chegar a R$ 30 milhões. NEGANDO Na semana passada, antes da divulgação da reportagem no Fantástico, foi difícil encontrar um vereador nos corredores da Câmara Municipal de Boa Vista ou em seus gabinetes para conseguir uma entrevista. Afinal, ninguém sabia, ao certo, quem seriam os personagens a ter seus rostos expostos em horário nobre no domingo. Depois da reportagem, quem não teve seu nome ou rosto exibido pôs a cara de fora. Alguns aproveitaram que seus nomes não apareceram na reportagem para dizer que não teriam nada a ver com aquilo. MOBILIZAÇÃO Na primeira sessão depois da reportagem, nesta terça-feira, apenas 15 dos 21 vereadores apareceram em plenário. Ninguém usou a tribuna para falar sobre o episódio ou dar qualquer explicação sobre as denúncias. Em contrapartida, já começou a surgir um movimento meio tímido na internet convocando os internautas para uma manifestação em frente à Câmara Municipal de Boa Vista para quinta-feira. Outra está programada para as 18h desta quarta-feira. EMPLACAR Não será fácil emplacar essa mobilização, uma vez que entre os vereadores citados na matéria havia integrantes do grupo de situação e oposição. Geralmente, em casos de grande repercussão, as manifestações são turbinadas por grupos que têm interesse em atingir seus adversários políticos. Neste caso, estão todos abraçados de alguma forma nesse imbróglio. Além disso, os mobilizadores das redes sociais não têm mais a mesma força de antes. EXPLICAÇÃO 1 O secretário estadual de Infraestrutura, Flamarion Portela, ligou para a Parabólica com a finalidade de fazer um esclarecimento a respeito das notas “Contrato 1 e 2”, publicadas na edição de sexta-feira passada, 24, que comentou sobre termo aditivo assinado pelo governo com a empresa Cavalca Construções e Mineração Ltda referente à restauração de um trecho da BR-174 no Sul do Estado. Ele disse que o aumento no preço do asfalto, aplicado pela Petrobras às distribuidoras, levou construtoras que atuam com obras públicas a buscarem negociação com os órgãos públicos contratantes. EXPLICAÇÃO 2 A Petrobras promoveu dois aumentos consecutivos, em 24 de novembro e em 22 de dezembro passados, que representaram uma elevação média de 37% nos preços dos dois principais tipos de insumo utilizados em obras de pavimentação: o cimento asfáltico de petróleo (CAP) e o asfalto diluído de petróleo (ADP). Em todo o País, as empresas têm alegado que seus contratos ficaram desequilibrados em função do reajuste do insumo. Em Roraima, as empreiteiras têm conseguido termos aditivos para dar continuidade aos serviços de asfaltamento e restauração de estradas. EXPLICAÇÃO 3 A justificativa, ao assumir um contrato de pavimentação, construção ou recapeamento de estradas, fica a cargo de uma construtora o custo total da obra, incluindo a compra dos materiais, além da contratação de mão de obra e dos equipamentos. Conforme divulgado nacionalmente, nas obras em andamento, o reajuste se dá de 12 em 12 meses, o que significa que esse impacto do aumento do insumo só seria equilibrado após 12 meses.