Jessé Souza

Apelo ao vazio 07 05 2015 954

Apelo ao vazio – Jessé Souza* Autoridades de trânsito, nas entrevistas à imprensa, têm apelado para a consciência dos condutores de veículos a fim de que eles contribuam efetivamente para a redução de acidentes e a boa convivência no trânsito. Óbvio que o cidadão é decisivo na humanização do trânsito, porém, estamos vivendo em Roraima uma situação, que também está muito clara, em que a população não está querendo ser conscientizada. Campanhas educativas precisam ser direcionadas para as crianças, enquanto as de conscientização, voltadas para o restante da sociedade, devem ser precedidas de uma ação dos governos para que cumpram com sua parte em organizar o trânsito, incluindo sinalização, engenharia e monitoramento de velocidade, seguida de ações repressivas sem apadrinhamentos. Da maneira que está, nem mesmo o cidadão consegue ter ânimo para agir com harmonia em ruas e avenidas mal sinalizadas, na buraqueira, com rotatórias superadas que impedem o fluxo de veículos e semáforos que não funcionam. Sem contar com o serviço do órgão de trânsito que não funciona, obrigando os proprietários de veículos a enfrentar filas até para pegar documentos, os quais deveriam chegar pelos Correios. O símbolo do descaso é o semáforo para pedestres em frente ao Detran, na Avenida Brigadeiro Eduardo Gomes, que sempre está com defeito. Se uma sinaleira em frente ao órgão de trânsito não funciona, então é de se imaginar o desleixo com problemas que as autoridades não enxergam ou não querem enxergar. As principais vias arteriais não possuem sequer faixas para sinalizar a pista de rolamento, contribuindo para a balbúrdia provocada por condutores que querem apenas uma desculpa. Não há mesmo incentivo para que os condutores passem a agir de forma correta, nem respaldo por parte das autoridades para aplicar os rigores da lei visando penalizar o bolso dos maus condutores. Em resumo, vivemos uma guerrilha urbana no trânsito, na base do “salve-se quem puder”, com os órgãos de trânsito querendo administrar uma bagunça da qual eles mesmos fazem parte. Logo, não há como pedir “consciência e educação” do condutor cidadão, se as autoridades não cumprem com suas obrigações básicas. É certo que, nesse turbilhão, estão os cidadãos que tentam ser condutores conscientes, obedecendo às leis e dirigindo como manda a boa cartilha que se aprende na autoescola, que é a direção defensiva. Mas, estes sentem-se oprimidos na selva metálica da guerrilha urbana e ainda são criticados quando cobram que os demais ajam de forma correta. Estamos vivendo um estado de exceção no trânsito. *Jornalista [email protected]