Opinião

Opiniao 14 05 2015 984

Pratique o que falar – Vera Sábio* “É tão bom quando a gente tem fé e acredita, que existe uma vida bonita atrás da beleza de uma flor…”   Esqueci o autor desta música, o que é menos importante do que suas palavras.  Mas com certeza as palavras são levadas pelo vento, se não houver ações que as plante e as cultive, possibilitando-nos de acreditar. Olhando todas as impunidades e injustiças existentes para aqueles que já tiveram comprovados e revelados as más condutas cabíveis de prisões, punições e devoluções de tanto dinheiro colocados de formas indecentes em suas contas ilegais, é impossível crer na Justiça e nos órgãos deliberativos, punitivos e fiscalizadores, no momento que não anda os processos ou pelo menos nada efetivamente é feito. São somente “palavras ao vento, palavras…” Precisamos apalpar, cheirar, ouvir, ver e perceber as boas ações acontecendo. As práticas precisam entrar em todos os nossos sentidos, permitindo assim que a solidariedade, a empatia, o respeito e o senso de justiça tomem forma dentro de nós e nasça em um futuro próximo algo de realmente bom que nos dê esperanças para continuar sendo bons. Falar para os filhos estudarem, sem sequer haver aula ou um ensino adequado em uma escola limpa e confortável, revela para eles a ação de que as palavras não condizem com a realidade, mostrando o quanto é fácil falar, porém isto não tem muito de concreto.. Praticar o que falamos é mais difícil do que pensamos, no instante em que esta ação é sempre coletiva, pois eu posso ter fé, ter vontade que aconteça e, no entanto, depender de muitos outros fatores que fogem do meu alcance. Pago os impostos, sou justa e boa cidadã, mas dependo das palavras que não se transformam em ações. Ao contrário, são meras promessas em tempo eleitorais, ou quando estão chegando as próximas eleições. Aí, sim, maquiam a dura realidade, pálida e sofrida, colocando nela um pouco de fantasia, ilusões e sonhos de um povo que precisa acreditar para continuar vivo. E este povo carente de praticamente tudo e de memória fraca pelas promessas de algo melhor novamente vota, ou seja, acredita. Continuando assim o famoso circo e pão.  Desculpem, mas estou muito decepcionada, pois pago transporte ao meu filho para estudar no Instituto Federal de Roraima, onde ele passou em uma seleção, havendo provas para seu ingresso, fazendo acreditar que, com isto, estaria eu proporcionando para ele uma educação de qualidade. Acontece que lá, durante estes três anos, indo agora para o quarto, ou surgem greves que atrasam tudo, ou tem falta de professores ou professores viajam em períodos de aulas etc. Com isto, estou pagando um cursinho para que meu filho realmente aprenda um pouco, porém preciso que ele continue mais este ano enrolado para que tire um diploma de técnico, já que foi este o nosso objetivo. Se eu não pagar um curso que realmente ensine, com certeza, infelizmente, será meu filho mais um aluno com as máscaras de um diploma, mas com pouco saber a respeito do curso que esteve por quatro anos inserido. Assim lhes pergunto: até quando teremos palavras que não são praticadas e até quando viveremos nestas ilusões? *Psicóloga, palestrante, servidora pública, esposa, mãe e cega  CRP: 20/04509 [email protected] Cel.: 99168-7731 ———————————– ‘Como estrelas na terra’ – Geórgia Moura* Assisti, por recomendação de uma professora da faculdade, o filme “Como estrelas na terra”, baseado em fatos reais. Conta a história de um garoto “Ishaan”, de 9 anos, que morava com seus pais e um irmão mais velho, muito esperto, sonhador, criativo,  porém  até então não sabia ler nem escrever. Sempre taxado de preguiçoso e problemático pelos professores, inclusive pelo seu pai ( que era impaciente e autoritário) e não aguentando mais tantas reclamações resolveu colocá-lo num colégio interno. Suas dificuldades com as disciplinas não cessaram, pelo contrário, as reclamações continuaram e o garoto que até então era brincalhão e adorava desenhar (e fazia isso de forma brilhante), se tornou introspectivo. No novo colégio quase não falava com ninguém, não acompanhava às aulas, nem ao menos por telefone queria falar com a família, era demais solitário. O garoto parecia viver num mundo só dele, costumava “sonhar acordado”, e com relação às disciplinas, por mais que se esforçasse, as letras pareciam não fazer o menor sentido. As comparações de seus professores com os demais colegas e de seu pai com seu irmão mais velho em nada o ajudavam e a cada dia Ishaan se sentia muito pior. Quase todos os professores reclamavam constantemente do garoto, exceto um professor substituto, que se mostrou interessado e preocupado com a situação do garoto, começou a analisar suas provas e constatou que os erros eram sempre os mesmos. Este foi até a casa dos pais de Ishaan, conversou com eles, viu alguns trabalhos do garoto e ficou impressionado com alguns desenhos que o mesmo havia feito. O pai de Ishaan não foi muito receptivo aos comentários do professor que disse que cada criança tem habilidades e capacidades únicas e que o único “problema” do menino era dislexia ( dificuldades em seguir múltiplas ordens, como se fosse problemas na “ fiação do cérebro” ). Depois de muitas explicações , o pai se mostrou mais flexível e passou a enxergar seu filho de uma outra maneira, entendendo suas dificuldades. O professor retornou ao colégio com a sensação de dever cumprido, disse ao garoto o que havia acontecido, se mostrou disposto a ajudá-lo, confessou que quando criança tinha dislexia e também era rotulado, mas que havia superado e os dois se tornaram grandes amigos. O filme mostra que com a metodologia inovadora do professor e toda sua motivação em ajudar seu aluno, valorizando e entendendo as diferenças, o problema pôde ser superado  e que aquela deficiência não tornava Ishaan diferente dos outros garotos. A dislexia é uma doença que está longe de ser solucionada, e o que salvou o garoto não foi a descoberta da doença, mas sim os novos métodos utilizados pelo educador, fazendo com que o menino aprendesse a lidar com sua diferença. O filme retrata a realidade na qual vivemos, os alunos com diversas deficiências e os professores não estão preparados para essa mudança. Torna-se necessário que os futuros educadores saibam lidar com os problemas no contexto escolar, para poder encontrar meios e soluções para trabalhar com essa e as demais deficiências. *Graduada em Direito, Pós-graduada em Direito Constitucional e Ciências Penais, acadêmica de Psicologia e MÃE —————————————- Cegos, surdos, mudos, ou… – Afonso Rodrigues de Oliveira* “Reconhece-se um país subdesenvolvido pelo fato de nele ser a política a maior fonte de riqueza”. (Gaston Bouthoul) E ainda há quem retruque quando digo que devemos sair do submundo. Juro que estou tentando cair fora desse assunto, mas não dá. Ainda bem que a televisão não exala cheiros; senão não suportaríamos quando o assunto é política. E você não imagina o quanto sofro com isso, porque sou um apaixonado pela política. Nasci e vivi grande parte de minha vida no meio da política. E, talvez por isso, não me sinto tão chocado com o lamaçal político que não é nada novo. Só nunca consegui coragem suficiente para encarar a coisa dentro dela. Sentei-me, novamente, aqui, para um papo ameno. Mas já estava lutando interiormente, para me acalmar e não entrar no assunto. É que meus filhos têm o hábito de ligar o televisor logo que acordam, pela manhã. E sou obrigado a começar o dia mastigando o imastigável. Dói nos dentes. E como responsável, não posso deixar de pensar nos desmandos já anacrônicos, mas atuais, da nossa política. Dá nojo. Desculpem-me pela grosseria, mas não dá pra não ser sincero. E ouvi, pela manhã, o apresentador Chico Pinheiro usar, repetidamente, a expressão, Caras-de-Pau, referindo-se aos políticos. Com a expressão do Chico, fiquei pensando em como um presidente da República, por exemplo, pode justificar sua ignorância diante da roubalheira acontecida no seu governo, durante oito anos de mandato. Ou é cego, ou surdo, ou mudo, ou sei lá o quê. Tomara que você saiba. A dificuldade que os delatores estão encontrando para apontar os larápios, é desalentadora. Mas… o mensalão tornou-se brinquedo de tolos, diante da dimensão do Lava Jato. E quem sabe o que virá, ainda, pela frente? Aí lembrei-me daquele prefeito, eleito numa cidadezinha do interior remoto de São Paulo, no início da década dos sessentas. Ele gastou uma fortuna para se eleger. A televisão foi até ele e perguntou o porquê do gasto; se, se ele ficasse cinquenta anos no poder, seu salário não cobreria metade do que ele gastou. Na maior cara de pau, o prefeito respondeu ao repórter: “Isso é pura vaidade. A gente gasta todo esse dinheiro só pela vaidade de se eleger”! Tenho grandes amigos na política, aqui e lá fora. E não seriam meus amigos se não merecessem meu respeito. Logo, não é a eles que me refiro e eles sabem disso. Sabem que eu sei que na política ainda há grandes e respeitáveis políticos. Mas não os conhecemos; eles não estão na mídia. E não estão porque estão trabalhando. Por incrível que pareça, eles existem. Ainda que em minoria. Pense nisso. *Articulista [email protected]     99121-1460 ————————————-      ESPAÇO DO LEITOR OBRA Moradores da rua Dico Vieira, no bairro Caimbé, enviaram a seguinte reclamação: “Gostaríamos de saber o que, de fato, será construído no campo de futebol que existia no nosso bairro. Simplesmente isolaram o local e não colocaram nenhuma placa informando o que será construído lá, além de outras especificações, como valor, prazo de execução e a empresa responsável pela execução da obra. É de estranhar-se, pois se fosse uma pessoa física, com certeza os órgãos de fiscalização já estariam questionando a obrigatoriedade da placa de construção, a qual, até onde sabemos, é obrigatória”, relatou um morador. VIGILÂNCIA Proprietários de granjas na Capital relataram o seguinte fato: “Estamos apelando para as autoridades que cuidam da fiscalização sanitária para a entrada irregular de ovos de origem clandestina pela barreira de acesso ao Município de Pacaraima. É uma concorrência desleal, já que produzimos dentro dos padrões sanitários recomendados para o consumo. Pelo que já estamos apurando, existe até uma logística de entrega aos comerciantes deste produto sem nenhum critério de fiscalização”. CAROEBE Moradores encaminharam fotos e relatos sobre a situação da Escola Estadual Tereza Teodoro de Oliveira, em Caroebe. “A situação ficou insustentável, a ponto de um pai de aluno se acorrentar no portão da escola como forma de protesto sobre os inúmeros relatos que temos comunicado ao governo, como a falta de transporte escolar. Além desta situação, tem a falta de pessoal de apoio e a melhoria na qualidade da merenda escolar, que necessitam de uma atenção especial por parte da Secretaria Estadual de Educação. Esperamos que este problema seja resolvido o quanto antes”, relatou um pai de aluno. HEMOCENTRO “Faço doação com frequência no hemocentro e ontem fui informado que a unidade de coleta estaria com o atendimento suspenso momentaneamente, o que nos deixou indignados pelo fato da necessidade da doação em razão de uma emergência ou até mesmo para a realização de um procedimento cirúrgico. Sabemos o quanto é difícil em uma necessidade urgente”, comentou um doador.