Opinião
Opiniao 21 05 2015 1016
A janela – Lindomar N. Bach* Existe uma janela para fora da realidade, na qual recosto os cotovelos e fico a observar um universo sem horizontes que me impeçam olhar o infinito como um todo. Num relance, gravadas atrás das minhas retinas, as formas, cores, luzes e sombras que passeiam ante meus olhos viram uma fonte de onde jorra inspiração. Minha mente para. Une-se a tudo imaginável e inimaginável. A perfeição torna-se um conceito tão relativo; Deus, um ser como eu, um Deus artista, impressionista, abstrato, surreal, cubista. É impossível se sentir pequeno, tudo mais é plenamente possível. Os sons celestiais de sopranos e guturais de um tenor infernal formam uma orquestra que poderia se ouvir eternamente, pois o tempo não importa. Cada vez experimento algo novo, que na verdade parece ser uma sensação que meu corpo já conhece há tempos, pois meu corpo é o universo. Um contraponto na matéria…. Bebo e não me sacio. A cada gole me sinto mais sedento. A morte deixou de ser da natureza da vida. Nada me atinge, nem a frenética luta entre anjos e demônios, não me atinge, mas não me é agradável, como meu reflexo num espelho cósmico. Minha alma é o prêmio dessa disputa, apesar de eu controlar totalmente o destino da minha alma. Como e não me farto. Entendo o significado de só acontecer quando se não está. Não deixo sobrar nada, só absorvo. Sinto quão gostoso é saber que a frio e calor, no entanto há um clima brando e morno, sou como uma criança no útero de uma mãe que conheço como filha, mulher, irmã… Impaciento-me. Posso, com o livre arbítrio, tecer uma trama concreta de fatos sem mudar ou ofender o ciclo escatológico dessa imensidão. Psico-somaticamente insatisfeito; um artista no cárcere, pintando uma tela em homenagem à liberdade. Egoísta, desejo que alguém esteja aqui comigo e logo todas as pessoas que amo estão à minha volta, inclusive você. Isso infla e inflama meu peito. Meus sentidos aguçados reagem à inércia, Num voo rasante e vertiginoso me vejo viajando tão longe, parado, lançando um olhar no vazio, minha mente, racional, volta a funcionar. Volto à realidade. “A janela (não) é simplesmente o outro lado”. P.S.: Releitura de artigo escrito em 1995. *Artista plástico, cartunista, designer gráfico e escritor ———————————- Os alunos mudaram, e daí? – Ronaldo Mota* Há um experimento que onde quer que tenha sido realizado o mesmo resultado tem sido recorrente. Ele é surpreendente e difícil de ser compreendido. As crianças, quando perguntadas sobre o número de horas por dia que ficam conectados à internet, uma parte delas deixa de responder simplesmente porque, para elas, a pergunta carece de sentido. Da mesma forma, se questionadas quando e quantas vezes elas “entram” na internet, de novo, sequer entendem o que está sendo perguntado. O fato é que existe hoje uma fração significativa dos mais jovens que está conectada o tempo todo e, portanto, eles não “entram” na internet pelo simples fato de que nunca “saem”. Google e outras empresas têm anunciado óculos, relógios, pulseiras e outros dispositivos como precursores de um novo tempo em que o mecanismo de acesso à informação acontecerá por algo grudado ao corpo e não mais descolado do mesmo, como é hoje a prática usual. Embora o sucesso de tal inciativa ainda seja limitado, é certo que a tendência é clara. Em poucos anos, talvez meses, estaremos fortemente tentados a gradativamente acoplar, de forma inédita, à nossa vestimenta do cotidiano o dispositivo que será a interface permanente de informação e de comunicação. Teremos muito brevemente associado três tendências fortes que marcarão a cultura, os hábitos e os costumes das próximas gerações: 1. uma sociedade em que a informação estará amplamente disponível, instantaneamente acessível e podendo ser obtida gratuitamente; 2. uma geração que estará conectada de forma quase contínua e permanente; e 3. tecnologias que viabilizam desenvolver todas as tarefas cotidianas sem prejuízo de, simultaneamente, permitir que as pessoas estejam conectadas em tempo integral. A pergunta a ser respondida, cujas consequências ainda não avaliamos plenamente, é como fica a educação nestes novos tempos? Provável que a resposta completa não esteja mesmo disponível e os detalhes dependam de particularidades e peculiaridades, associadas com variáveis complexas, incluindo o acaso, difíceis de prever. O que podemos é tentar traçar o perfil deste novo aluno. Com a vantagem que ele, de alguma forma, já existe, o que dispensa que elocubremos demais. Basta examinar as tendências já em curso. À medida que lidamos com os mais jovens, especialmente crianças e bebês, conseguimos vislumbrar melhor o que virá a seguir. Assim, uma constatação é a impossibilidade da medida temporal de conexão, a ausência gradativa de significado para o clássico “entrar” ou “sair” da internet. Podemos elencar algumas outras características, tais como: o relativo desprezo pela memória, largamente compensada pela supremacia na lida com diferentes plataformas de acesso à informação; a disposição de absorver conteúdos, inclusive profundos e longos, desde que disponibilizados nas linguagens e nos módulos temporais apropriados; a compatibilidade de estabelecer com os mediadores educacionais uma relação bastante distinta daquela que conhecemos hoje entre professor e aluno; e a facilidade em trabalhar e desenvolver missões em equipe, independente da presencialidade física, entre outros. Aprender a viver em uma sociedade em que a informação estará disponível e acessível em níveis sem precedentes exigirá de todos nós, sejamos docentes, gestores, formuladores de políticas ou alunos uma profunda reflexão sobre nossas práticas educacionais. Com o foco no aluno, talvez fique mais simples imaginar como os demais atores e espaços educacionais se adaptarão ou não. O papel do educador e a missão da escola são elementos que trazem em comum duas certezas, ainda que aparentemente contraditórias: 1. escola e educador sobreviverão, 2. ambos serão tão profundamente modificados que suas novas faces terão uma relação de memória distante com o que foram no passado, ou seja, continuarão a ser, ainda que sendo substancialmente diversos do que foram um dia. Mas, por enquanto, é certo que os alunos mudaram e foi antes da semana passada. *Reitor da Universidade Estácio de Sá e co-autor do livro “Educando para inovação e aprendizagem independente”, da editora Elsevier —————————————– Simples, mas difícil – Afonso Rodrigues de Oliveira* “As invenções são, sobretudo, o resultado de um trabalho teimoso”. (Santos Dumont) Um dos trabalhos mais penosos e teimosos é precisamente o mais simples. E talvez por ser simples é o mais difícil de executar. Você, certamente, conhece o dito, “santo de casa não faz milagre”. E é aí que os pais encontram dificuldade para orientar os filhos. Eles orientam com muita dificuldade. Mas a orientação não vai além da adolescência. Daí para frente as orientações originais se desfazem, com a convivência com os que não foram orientados. Simples pra dedéu. E não adianta tentar mudar o rumo do barco. Sempre foi assim, considerando-se a diferença nas gerações. Ainda não acreditamos que na euforia da tecnologia, não percebemos que ainda estamos num processo de desenvolvimento jurássico. Ainda somos obrigados a usar combustível para mover o veículo. Estamos morrendo afogados na chuvarada e sendo obrigados a limitar o uso da água em nossas casas. E isso porque os que nos vendem a água que usamos, não têm competência para garantir o fornecimento suficiente para o conforto dos que pagam por ela. Mas não esquente a cabeça. Sempre foi assim e assim será por muito tempo ainda. Então vamos partir para o assunto que nos levará à melhora de vidas sob nossa responsabilidade. Tente observar como a vida é muito simples. Tão simples que nem nos tocamos pra isso. Ontem falamos sobre a simplicidade de usar as expressões positivas, com naturalidade. A dificuldade está em acreditar nisso. Quando você vai fazer um encontro sobre Relações Humanas no Trabalho, por exemplo, ninguém ta nem aí. Todo mundo está mais a fim assistir a palestras ensaiadas e elegantes. As relações humanas levam a um entendimento da vida como ela deve ser vivida. E vivemos nossas vidas onde quer que estejamos, com quem estivermos. Não há tempo definido para a vida. Falei, falei e não disse o que queria dizer. Mas vamos cuidar disso amanhã. Cuide de sua vida, cuidando de você. E o mais indicado é você viver em permanente convivência com o seu subconsciente. Porque é ele que vai determinar o que você quer, se você souber lhe dizer o que realmente quer. Por que você está indo ao médico com tanta frequência? Para combater a doença ou para manter a saúde? Vai depender de com que você está preocupado; com a saúde ou com a doença. E seu subconsciente não vai lhe fazer essa pergunta. É você que tem que dizer pra ele. Sem as relações humanas não conseguimos manter equilíbrio nas nossas convivências. E elas são muito simples, mas muito difícil de ser entendidas. Vamos conversar sobre isso. Pense nisso. *Articulista [email protected] 99121-1460 ———————————– ESPAÇO DO LEITOR VIATURA Moradores da Vila de Nova Colina, no Município de Rorainópolis, enviaram a seguinte reclamação: “Estamos sem nenhuma viatura na localidade para atender as ocorrências policiais. Quando existe a necessidade do suporte policial, é necessário o deslocamento da viatura que existe em Rorainópolis. Além desta situação, não temos sequer um telefone público funcionando para acionar o destacamento do município”. RORAINÓPOLIS Servidores que prestam serviço como gari em Rorainópolis reclamaram que, além de não receberem o pagamento do benefício de insalubridade, a prefeitura os obriga a limpar a cidade sem as mínimas condições, em relação aos equipamentos de proteção individual, obrigatórios por lei. “A desculpa é que estão providenciando, mas só fica na promessa e nada é resolvido”, relatou um servidor. RESPOSTA Em resposta à nota “Óculos”, o governo informa que a oferta de óculos de maneira gratuita à população foi suspensa em atendimento a uma determinação do Tribunal de Contas da União (TCU), relacionada a ações da gestão passada. “No entanto, o governo está realizando estudos para verificar alternativas para a concessão do serviço, sem que haja prejuízos para a população, sempre de acordo com princípios da Administração Pública”, frisou. ASFALTO Moradores da Rua 08, no bairro Jardim Tropical, relataram que está difícil a situação daquela via que dá acesso à Escola Municipal Juslany de Souza Flores. “Com a promessa de que seria asfalta ainda no período do verão, restou apenas um lamaceiro e atoleiro, dificultando o acesso das crianças à unidade escolar”, relatou uma mãe de aluno.