Jessé Souza
Largados a propria sorte 26 05 2015 1030
Largados à própria sorte – Jessé Souza* Cada passeio com os amigos no interior de Roraima revela a falta de uma política mínima para o turismo. E nem estou me referindo ao turismo receptivo, o de atrair gente de outros estados ou de outros países para conhecer as belezas naturais que temos por aqui. Refiro-me ao turismo para que as pessoas daqui conheçam os lugares onde elas vivem. Se órgãos e entidades não conseguem sequer proporcionar estrutura e incentivo aos que aqui estão, é óbvio que não conseguirão receber gente de fora. Temos uma população formada por maioria de migrantes, então só o fato de incentivar quem aqui vive a fazer turismo interno já seria uma maneira de conseguir divulgadores gratuitos das belezas naturais país afora. Incentivar o turismo significa possibilitar o mínino de estrutura, de informação e apoio para que as comunidades que vivem no entorno dos locais que abrigam pontos turísticos possam orientar e recepcionar os aventureiros e quem vai passear para apenas conhecer o lugar. Além de não existir essa política, nos locais mais famosos por abrigarem um grande número de visitantes, a exemplo da Serra de Tepequém, inexiste apoio de governos e entidades a fim de dar suporta à comunidade para enfrentar problemas como lixo, depredação e outros tipos de problemas, inclusive o de segurança pública. Aquela comunidade tem consciência de que pode gerar emprego e renda para ela própria. Mas, largada à própria sorte, não consegue vencer os problemas que advém da falta de apoio. Sozinha não consegue investir em campanhas educativas, fiscalização e falta até de policiamento. Fomos à Serra Grande, no Município do Cantá, no sábado passado, e encontramos uma comunidade que poderia estar lucrando com o turismo de aventura, por meio do tracking, montanhismo ou mesmo trilha ao sopé para quem quer apenas ver de perto a beleza da serra e sua vegetação. Não lucra porque não sabe como agir, como transformar o potencial de beleza que ala tem em favor d quem vive lá. E assim, esse e outros locais que poderiam estar servindo de pontos turísticos estão largados à própria sorte, com as comunidades vivendo muitas vezes da subsistência ou da ajuda de programas governamentais, que as trazem para a cidade a cada fim de mês para receber o dinheiro dos benefícios. Boa parte dos apoios que existem é somente para levar o turista para fora de Roraima (turismo emissivo), para que as pessoas gastem o dinheiro que recebem aqui em aventuras bem longe. Enquanto isso, muitos roraimenses sequer foram aos locais cantados em músicas e decantados em versos pelos poetas. *Jornalista [email protected]