A cegueira causada pelo álcool – Vera Sábio*Beber é algo cultural, imposto por uma sociedade que não enxerga os malefícios do álcool. Porém, é constatado que as mortes causadas por todas as drogas ilícitas não chegam à soma da metade das mortes diretas causadas pelo álcool, sem contar as mortes indiretas.
Pensei em entrar neste texto de uma forma sutil, parecida com a maneira discreta que o álcool entra despercebido em todas as famílias. No entanto, cheguei à conclusão que desta forma ninguém o notaria. Afinal, naquela família que tem um usuário de qualquer droga ilícita, ele logo é visto e levado ao conhecimento de toda a sociedade como sendo um indivíduo viciado e condenado que acabara com sua vida e a dos seus familiares pela droga devastadora.
No entanto, não podemos esquecer que o álcool é uma droga muito poderosa e devastadora também. Mas aquele adolescente, e mesmo aquela criança que toma uma cervejinha antes de se tornar adula, não infringe nenhuma norma e passa despercebida, visto que toda a família bebe.
A cegueira causada pelo álcool é tão invisível que não recebem críticas aqueles que o consome. Ficando aparente apenas no momento que o consumo passa a ser muito constante, fazendo com que aquele que usa o álcool venha a perder saúde, compromissos, trabalhos, dinheiros, casamentos e até mesmo sua vida – e a vida de outros que por vezes nem faça parte do seu mundo.
As propagandas referentes a bebidas são tão atrativas que ninguém comenta que basta o primeiro gole, basta o primeiro copo, para que o passo inicial seja dado. Não quero aterrorizar, embora os índices sejam terríveis. E também acredito que não seria a proibição uma forma eficaz na diminuição do consumo do álcool. O que pretendo é esclarecer dos riscos ocorrentes quando o uso do álcool se torna constante por simples justificativas: “Não dá para assistir um jogo sem beber; não tem como ir em uma festa sem beber; é impossível se divertir, rir, dançar, brincar sem beber” etc.
Estas justificativas sem quaisquer fundamentos são meios extremamente eficientes para quem quer fazer do costume um hábito e, logo depois da frequência, um vício, trilhando um caminho sem volta.
Assim, só quando a pessoa envolvida pelo álcool perceber o mal que já causou a si mesmo e aos outros pensará em parar de beber. Porém, seu organismo estará tão comprometido que a abstinência tornará super difícil sua recuperação, precisando de tratamentos intensivos com equipes multidisciplinares. Comenta-se muito a respeito daqueles que absorvem fumaças sem serem
fumantes, adquirindo doenças através dos que fumam. Todavia, não é tão divulgados os que diariamente são mortos por bêbados no volante. É necessário que associem o álcool com as diversas perdas de saúde, de trabalho, de casamento, de compromissos, de outras pessoas e inúmeros sofrimentos decorrentes do uso abusivo do álcool, para que consigamos formar uma nova conscientização em que verificamos que às vezes bebemos porque estamos felizes e nunca beber traz uma felicidade real.
É possível se divertir, brincar, namorar e dançar. E há várias outras alternativas saudáveis, que apenas aquele que estiver disposto a experimentá-la sem o uso do álcool poderá comprovar, sem o gosto do remorso ou da ressaca, o quanto é possível manter-se sóbrio e conquistar o que deseja com maior vitória sobre a conquista e grande paz de espírito, saúde e realizações.
Beber pode ser uma possibilidade, mas nunca a opção para alcançar o que deseja.
*Psicóloga, palestrante, servidora pública, esposa, mãe e cegaCRP: 20/[email protected].: 991687731——————————————
A irrealidade e os trabalhadores – Jaime Brasil Filho*“Existe o chão e o céu, e, entre eles, está o espaço onde desfilamos nossa irrealidade.” Escrevi isso um dia em desses, em referência às forças que movem nossa existência. Ao largo de frase tão aparentemente abstrata e forçosamente poética, saltam à mente leituras mais concretas e objetivas.
Apesar de haver, em certos aspectos, exagero por parte de alguns seguidores das teorias da Escola de Frankfurt – que se negam a conhecer as contradições revolucionárias que podem ser exploradas na indústria cultural de massas -, é inegável que as populações se comportam cada vez mais condicionadas ao discurso da ideologia dominante: a capitalista.
E, como qualquer doença aparentemente incurável, o capitalismo se renova em artifícios de linguagens que usam recursos tecnológicos e psicológicos que ultrapassam os sonhos mais loucos daqueles que há quase cem anos perceberam que a opinião pública é construída e manipulada a partir dos interesses do capital privado, e do Estado que o protege.
Podemos ir longe filosoficamente, mas não precisamos. A segunda Grande Guerra impulsionou as forças produtivas em intensidade e velocidade como a humanidade jamais havia visto. Este fato, somado ao keynesianismo herdado do combate à crise financeira capitalista de 1929 e mais os movimentos de esquerda que lutavam por direitos trabalhistas, resultou em que uma certa parcela dos trabalhadores tivesse uma progressiva melhoria na qualidade de vida e obtivesse inéditas conquistas de direitos.
Não foi à toa que neste período, no Brasil, aprovou-se a CLT, Consolidação das Lei do Trabalho. Era uma grande novidade para nós, esta que trazia à classe trabalhadora no Brasil direitos e garantias inimagináveis para um país que foi o último a abolir a escravidão nas Américas. São alguns desses direitos: duração máxima da jornada de trabalho, salário mínimo, férias anuais, segurança e medicina do trabalho, proteção ao trabalho da mulher, previdência social.
Certamente foi devido à CLT, mesmo tendo sido aprovada mais de uma década antes, junto com outros comportamentos dissonantes de alguns interesses imperialistas e de algumas oligarquias locais, que Getúlio Vargas veio a se suicidar. A arcaica UDN e alguns militares golpistas chamavam o velho Getúlio de comunista àquela altura, já no seu retorno na década de 1950, porque ele buscava industrializar o Brasil e apoiava os direitos dos trabalhadores. Com o atentado forjado na rua Toneleros contra Carlos Lacerda, os militares tiveram o argumento que buscavam para deflagrar o golpe militar. O suicídio de Getúlio ocorreu para esvaziar os argumentos golpistas e dar uma maior longevidade à Constituição vigente e às mudanças ocorridas. O famigerado golpe só aconteceria dez anos depois do suicídio de Getúlio, em 1964, contra Jango, que também buscava ampliar os direitos dos trabalhadores.
Claro que a melhoria na vida do trabalhador não se deu por simples bondade do sistema capitalista ou de algumas pessoas no poder. Deu-se pela luta dos trabalhadores organizados, e pelo próprio interesse em se criar uma classe trabalhadora que tivesse condições materiais para consumir os produtos criados pela nova indústria que nascia.
E isso perdurou até os anos 1980. Isto é, era incontestável a cultura, o senso comum, de que à classe trabalhadora, àquela que produzia toda a riqueza existente, eram devidos cada vez mais direitos e garantias. Parecia algo natural e justo dentro do próprio sistema. Claro que havia conflitos, e interesses conservadores sempre tentaram frear os avanços. Mas, até essa época, ninguém tinha coragem de vir a público dizer que os trabalhadores não mereciam melhorias, e muito menos que deveriam perder os direitos já conquistados.
A partir dos anos 1990 o discurso neoliberal começou a se tornar hegemônico, ao mesmo tempo em que muitos países abriam seus mercados à “livre” concorrência internacional. Daí em diante, patrimônios públicos que valiam bilhões eram praticamente doados à iniciativa privada, e os direitos trabalhistas começaram a ser atacados pelos que se utilizavam das mais diversas falsidades linguísticas. Milhões de trabalhadores eram demitidos e perdiam direitos em nome do “redesenho”, “reengenharia de pessoal”, redução de custos, “flexibilização” das normas…A mídia começou a simplesmente a mudar toda a compreensão de que se tinha do que era mais justo e saudável em uma sociedade. De uma hora pra outra, como em uma orquestra, as vozes da mídia no Brasil, financiadas pelo capital, emprenharam corações e mentes com a ideia de que os trabalhadores não devem ter tantos direitos, que isso aumenta custos e diminui a competitividade dos produtos; de que as proteções sociais aos trabalhadores recaem sobre sociedade como um todo, e que é justo que eles trabalhem cada vez mais e ganhem cada vez menos e que sejam reduzida ou extinta a proteção social do Estado sobre eles.
Claro que este momento também coincidiu com a desarticulação de muitos partidos de esquerda e sindicatos que se serviam ideologicamente do outro lado da chamada cortina de ferro, que veio a cair. Também ocorreu ao mesmo tempo em que países de regimes autoritários na Ásia, alguns de capitalismo de Estado, travestidos de socialistas, a exemplo da China, começaram a derramar no mercado mundial toneladas de produtos de baixíssima qualidade, produzidos por trabalhadores escravizados, e com um preço muito abaixo do praticado em outros países. Assim, sob o argumento de redução de custos de produção, começou uma disputa para ver qual país pagava menos aos seus trabalhadores.
O fato é que, hoje em dia, vivemos em um mundo em que parece ser vergonhoso para muitos trabalhadores reivindicar seus direitos. Algumas categorias de trabalhadores acusam outras categorias de serem privilegiadas, quando, na verdade, no capitalismo quem tem privilégio é somente o capitalista, banqueiro, latifundiário, donos das grandes corporações. Trabalhador tem direitos, e aquelas categorias que possuem mais direitos deveriam servir de referência para que as demais lutassem pelos mesmos direitos. Mas, não. A ideologia neoliberal está tão entranhada nas mentes manipuladas que muitos trabalhadores criticam e reivindicam a redução ou a perda de direitos das categorias mais beneficiadas. Infelizmente é comum ver isso: se um trabalhador ganha mais ele não quer ganhar igual, ele quer que o outro ganhe menos. Enquanto isso os poderosos dão risadas.
Por isso desfilamos irrealidades, porque o que achamos que é certo, o que sentimos, a maneira como agimos e as consequências disso, não nascem de um movimento natural individual ou coletivo, de algo que pertença à sociedade, nascem da manipulação de meia dúzia de donos do mundo que querem que nós vivamos como eles querem, e que pensemos e sintamos o que eles querem. Como no filme Matrix, vivemos um roteiro preparado para que, no final, os trabalhadores sejam consumidos como um mero combustível do sistema, enquanto meia-dúzia de capitalistas se divertem. E, no final do filme, o trabalhador ainda morre achando que fez certo, deixando-se consumir na máquina de moer gente do capitalismo.
Aqui no Brasil, após o ataque de Dilma a alguns importantes direitos trabalhistas com o tal “ajuste fiscal”, ensaia-se a aprovação da lei de terceirização do trabalho, que, no final das contas, é o enterro da CLT, o fim de importantes garantias trabalhistas e a nova escravização do trabalhador.É preciso estar atento e não se deixar levar pelo aparente bom senso dos nos cercam. O bom senso para o capitalista sempre será explorar cada vez mais o trabalhador.
*Defensor Público————————————-Assuma seus erros – Afonso Rodrigues de Oliveira*“A prática de culpar outras pessoas não só é responsável por talvez metade dos nossos erros, como também por nosso fracasso em tirar bons resultados dos erros”. (Louis Binstock)Não é fácil lidar com o sucesso. Nem todos têm capacidade para ser bem sucedido, independentemente do sucesso que têm. Nem todas as pessoas consideradas de sucesso são felizes. Os felizes não navegam no sucesso. Todos nós conhecemos pessoas consideradas bem sucedidas e que acabaram fulminadas, mortas, pelas drogas. O sucesso consiste em ser feliz e nada mais. Se você estiver se sentido bem sucedido pelo seu progresso nos negócios ou coisa assim, examine-se. Veja se você não está tentando alcançar o que já alcançou. Isso não quer dizer que você deva parar. Nem pensar. Continue na sua caminhada em direção ao horizonte sonhado por você no início da caminhada.
Nunca se deixe dominar pelos maus sentimentos depois de cometer um erro. Erros fazem parte do aprendizado. Quem não erra ou desiste não tem como acertar. Seu sucesso é o componente de sua insistência. Insista sempre, mas com firmeza e perseverança. São as curva do caminho que fazem com que você preste mais atenção no caminhar. E é nessa experiência que alcançamos o sucesso. E sucesso é não se embriagar pelo sucesso. Cuidado com a vitória. Ela muitas vezes nos leva ao fracasso. Entusiasmamo-nos tanto que esquecemos que a vitória apenas faz parte das etapas da luta. Nunca desista da luta. Mas não se deixe levar pelo entusiasmos fútil. Quando sabemos o que fazemos, fazemos com entusiasmo mas sem exibicionismo.
É no que fazemos que obtemos os resultados. Bons ou maus, eles são frutos do que fizemos. E o que fizemos é resultado dos nossos pensamentos. E isso é válido até no relaxamento dos fins de semana. Vamos relaxar com responsabilidade. Todos nós merecemos o que obtemos. Então vamos dar um jeito de merecer o melhor. E tudo vai depender de cada um de nós. Simples pra dedéu. E porque é simples é difícil. Somos todos iguais. Detestamos as coisas simples. E o pior é que não sabemos lutar quando encaramos o difícil. E acabamos complicando. Reflita sobre isso, mesmo que você seja uma pessoa considerada de sucesso. Procure ver até onde você deve ir sem se cansar. E quando atingir o limite, não pare, mas modere. Procure viver a vida com intensidade no desfrute do que plantou e está colhendo. Isso faz parte do sucesso.
Você é uma pessoa feliz? Se não é procure ser. Só tem que ter bom senso para saber que sua felicidade depende da felicidade que você é capaz de doar. Contribua para a felicidade de alguém. Pense nisso.
*[email protected] 99121-1460 ———————————-ESPAÇO DO LEITOR CARACARAÍLeitores de Caracaraí relataram o seguinte fato: “A onda de violência está crescente no município, com várias ocorrências policiais tendo como foco principal o combate à criminalidade, evidenciado pelo ataque de galeras, que está se propagando de uma forma absurda na localidade. A cidade vive um clima de terror. Antes pela característica de pacata, passou a ter conotação violenta. Grupos rivais estão se reunindo na praça e travando um confronto”.RODOVIASO leitor Lucas Amaro comentou que, ao viajar para o Município de Rorainópolis neste feriado, ao passar pela barreira da Polícia Rodoviária Federal na BR-174 sul, tanto na ida quanto na volta, foi abordado pela fiscalização que segue até o fim de feriado prolongado. “Achei válida a iniciativa e gostaria de propor que esta ação não ficasse restrita apenas a operações de datas comemorativas, mas que tivesse continuidade aos finais de semana, e assim coibir a onda de infrações cometidas por condutores não habilitados”, frisou.FERIADOSA internauta Ivoneide Garcia enviou o seguinte e-mail: “A quantidade excessiva de pontos facultativos na administração pública tem atrapalhado bastante quem necessita de serviços dos órgãos públicos que funcionam em horário corrido. Deveria ter um critério para impor esta quantidade excessiva, que acaba atrapalhando quem depende da emissão de certidões e até mesmo buscar atendimentos de ordem administrativa. Ao que parece, foram decretados recentemente mais cinco pontos facultativos até o final do ano. Assim é muito ociosidade no serviço público”.FICHA LIMPAMário Lima comentou sobre a aprovação do projeto da Lei Ficha Limpa, pela Câmara de Vereadores de Boa Vista, sobre a nomeação de servidores para a administração municipal. “Aprovo a iniciativa, mas gostaria de ampliar este projeto para o âmbito das nomeações de servidores estaduais, cabendo, portanto, ao Legislativo, a amplitude desta matéria. Assim conseguiríamos moralizar a administração pública em Roraima”, frisou.