Vem logo, Jesus! – Jessé Souza*Dou graças aos meus pais que, mesmo não sendo católicos, me encaminhavam para a igreja perto de casa. Eu me criei não apenas acompanhando celebrações e festas, mas participando de estudos bíblicos e com comprometimento com a igreja. Deixei o caminho por decisão minha, e o Diabo não tem nada a ver com isso.
Embora eu não tenha versículos gravados em minha mente, lembro de passagens bíblicas que me marcaram, as quais posso consultá-las, hoje, a qualquer momento, sentado ao meu computador, por meio do Google. E o que sempre me chamou a atenção foi uma das sete frases ditas por Jesus quando estava sendo crucificado: “Pai, perdoai-os porque eles não sabem o que fazem.” (Lucas 23:34).
Não à toa que a cito, mediante a polêmica de um transexual que imitou Jesus pregado na cruz, além de outras imagens que provocaram intolerância, homofobia, ódio e muita incompreensão bíblica e histórica. Tudo junto e misturado, não necessariamente em qualquer ordem ou menos ou mais intenso.
Também achei um exagero, mas meu discernimento religioso não me permite sair atacando em nome de Deus, como se eu tivesse o poder de ser o próprio Senhor a julgar, condenar e mandar para o inferno. O que mais li, nas redes sociais, foi a homofobia disfarçada em uma frase repetida a exaustão: “Se querem respeito, também têm que respeitar”.
Jesus foi o grande exemplo de amar até mesmo quem o traiu, apedrejou, golpeou de lança, espancou e o matou crucificado. Amou até na morte, quando questionou o próprio Pai: “Eli, Eli, lama sabachthani? (Deus, meu Deus, por que me abandonaste?)” (Mateus 27:46 e Marcos 15:34).
Seus verdadeiros seguidores se negaram a reagir com violência contra os romanos que devastaram Jerusalém, destruíram o maior dos símbolos da sua fé, o Templo, e ainda ironizaram pichando a célebre e cruel frase: “Não há mérito em vencer um povo abandonado por seu próprio Deus.”
Na verdade, essa foi a grande lição que Jesus deixou a todos, ao abolir a Lei de Talião, a terrível “olho por olho, dente por dente”. Ele ensinava a não reagir aos agressores, dizia para oferecer a outra face, porque Ele sabia que é muito fácil amar apenas quem nos ama. E não há mérito algum nisso, pois o verdadeiro amor está em amar o inimigo. Os seguidores de Jesus, em tempos sem lei, perdoavam os soldados que queimavam suas casas e estupravam suas mulheres e filhas.
Mas eis que, séculos depois, na Era da luz, da informação, do discernimento, da internet, da cultura, do ensino formal e da inteligência, até mesmo os que falam em nome de Deus julgam e condenam instantaneamente, como faziam os soldados romanos. E não seguem o que ensinou Jesus, ao agirem como se fossem inquisitores que vivem em uma Terra quadrada, sentindo-se o centro do Universo.
Então, só tenho uma coisa a dizer: “Pai, em tuas mãos entrego meu espírito” (Lucas 23:46). E venha logo, Jesus! Porque o negócio está feio por aqui.