Velhos fantasmasQuem tem medo de comunistas? Pelo que se lê na internet, há um certo número de reacionários brasileiros que ainda pensam como na época da Guerra Fria, quando a União Soviética era uma potência mundial e aterrorizava sonhos de criancinhas que iriam se devoradas, em cenas de canibalismos, por terríveis comunistas que se vestiam de vermelho e tinham como bíblia o “famigerado” Karl Max.
Nem os Estados Unidos levam mais a sério o comunismo no mundo a ponto de estar abrindo, aos poucos, os laços diplomáticos com Cuba, país este que resistiu bravamente ao bloqueio econômico norte-americano e foi a última resistência de um comunismo que nunca chegou a existir, de fato, no mundo.
Mas, no Brasil (e obviamente em Roraima), há gente que fala do comunismo como se o “Manifesto do Partido Comunista”, de Karl Max e Friedrich Engels, tivesse acabado de ser lançado. Essas pessoas chegam ao absurdo de dizer que Venezuela é comunista e que o Brasil também segue os passos para também ser comunista.
É preciso ser completamente tapado intelectualmente para chegar a acreditar ou até mesmo temer que isso realmente possa se concretizar – e nem estou levando em consideração que o ministro da Fazenda do Brasil é um digno representante do grande capital e braço forte dos banqueiros.
Mas, valendo-se da desinformação e da ingenuidade de muitos brasileiros, esses reacionários acabam ganhando alguma credibilidade nas redes sociais, arrebanhando até mesmo gente que outrora se mostrava intelectualmente privilegiada em enxergar o verdadeiro Brasil e as origens das mazelas.
Sem entender o fogo cruzado que se tornou esse falso nacionalismo e o alarde sobre um comunismo, que inclusive já morreu, as pessoas não se dão conta de que esses argumentos são antigos e foram usados em episódios vergonhosos da humanidade, como o fascismo na Itália e o nazismo na Alemanha. E também em um momento obscuro da História do Brasil, para justificar a ditadura militar.
Dentro desse contexto, o extremismo na religião também contribuiu para engrossar o caldo reacionário, com lideranças religiosas cegas por seguidores (leia-se dinheiro), clamando pela moralidade e por uma suposta campanha em favor da família, como se fosse possível a família como célula da sociedade desaparecer por algum motivo.
E não me refiro somente aos evangélicos, pois há de ser destacado que parte da Igreja Católica chegou a apoiar a ditadura militar no Brasil sob os mesmos discursos extremistas e alarmistas que estão sendo usados hoje por falsos profetas, com destaque para os neopentecostais.
É preciso que os cidadãos saibam identificar os reais interesses dos discursos alarmistas e reacionários. A Humanidade já pagou caro por essas pregações que visam mexer no medo, nas fraquezas e na desinformação da sociedade. Brasil não é Venezuela e jamais será Cuba. Se até os EUA estão abrindo as portas para Cuba, por que devemos temer algo?