Avanço estrangeiro – Luiz Gonzaga Bertelli* Nos últimos anos, o Brasil tornou-se uma nação atrativa para executivos estrangeiros, principalmente após a crise que assolou a Europa e os Estados Unidos, a partir de 2008. Apesar da aparente estagnação econômica, o país ainda é destaque nas transferências internacionais, de acordo com uma pesquisa da Brookifield Relocation Services, que promove programas de mobilidade para executivos em todo o mundo. Entre as nações que mais cresceram, o Brasil lidera a preferência de 7% dos entrevistados, seguido da China (4%), Índia (4%) e África do Sul (4%). Entre os principais destinos para os executivos, o Brasil está na 12.ª colocação, atrás de países como Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha, Canadá, Suíça, entre outros.
Em 2013, a Brookifield Relocation Services administrou 276 movimentações de profissionais para o Brasil. Entre as justificativas estão: a liderança brasileira entre os mercados consumidores da América Latina e a grande presença de multinacionais. As transferências englobam tanto cargos de alto escalão como técnicos mais especializados. A maioria dos expatriados está na faixa etária entre 30 e 40 anos, é casada e tem filhos. No entanto, verifica-se um aumento significativo de jovens de 20 a 29 anos. Para os analistas, a tendência deverá aumentar, pois a mobilidade é uma das características da Geração Y (nascidos a partir de 1980), que são mais flexíveis do que as anteriores. Eles encaram de modo natural uma experiência profissional em um país estrangeiro e possuem um espírito de aventura.
Apesar de a pesquisa não citar ipsis litteris, por trás do momento favorável para os profissionais estrangeiros no Brasil, está a atual crise que vivemos de mão de obra qualificada. Nosso déficit em escolaridade média continua muito baixo e o fato é que muitas empresas já procuram soluções no exterior para a falta de profissionais qualificados. Com 50 anos de experiência na inserção de jovens no mercado de trabalho, o CIEE viabiliza qualificação por meio de programas de estágio e aprendizagem com o intuito de diminuir o fosso que existe entre o ensino e a necessidade das empresas.
*Presidente executivo do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE), da Academia Paulista de História (APH) e diretor da Fiesp———————————–
O jornalismo sem roupa – Jaime Brasil Filho*A qualidade do jornalismo praticado nos grandes meios de comunicação é de causar espanto. Nesta semana, dois acontecimentos jornalísticos me surpreenderam. O primeiro veio do analista de economia da Globo, Carlos Alberto Sardenberg, que em um comentário a uma rádio deixou antever que Lula e Dilma teriam relação indireta, senão direta, com a crise financeira da Grécia. Isso mesmo! O jornalismo da grande mídia perdeu o medo e a vergonha de ser totalmente parcial, e, o pior, ao mesmo tempo finge ser isento e apartidário.
Pois bem, eu que fiz e faço oposição (à esquerda) aos governos neoliberais de Lula e Dilma, fiquei perplexo. Vale a pena procurar na internet a fala desse jornalista. Ele remete a crise atual da Grécia a uma visita que o primeiro-ministro grego, Alexis Tsípras, teria feito ao Brasil em 2012, e de como ele teria se influenciado pela linha de política econômica que Dilma havia adotado na época. Isso, segundo o analista, teve o condão de influenciar a política “antiarrocho” que o primeiro-ministro na Grécia vem defendendo. Era só o que faltava.
Tentar reduzir a visão e as escolhas do líder grego, e do povo grego, a uma visita feita ao Brasil em um certo momento, e nominar Dilma e Lula como “preceptores” de Tsípras é, no mínimo, digno de boas gargalhadas. É como se Tsípras fosse um garotinho a ser influenciado e manipulado por qualquer um, e não tivesse em seu apoio, por exemplo, um economista renomado como Yanis Varoufakis, que, mesmo tendo deixado o Governo, apoia as linhas gerais do Partido Syriza. O jornalista “global”, em sua análise, chega a insinuar que a Grécia está passando por problemas por causa das opções antineoliberais de Tsípras, quando, na verdade, é justamente devido à política de austeridade impostas pelo FMI e pelos grandes bancos europeus que Tsípras foi eleito. Foram os bancos e a política neoliberal que destruíram a Grécia. A Grécia não vai falir, ela já está falida graças ao capital financeiro especulativo. Tsípras foi eleito para acabar com a sangria de riquezas que massacra o povo grego.
Causa espanto o fato de um jornalista que consegue chegar a milhões de pessoas ir até esse ponto. Conseguir criticar ao mesmo tempo Lula, Dilma e Tsípras, como se eles fizessem parte de uma mesma história, de um mesmo processo. De fato, no aspecto abordado, não fazem.
A outra matéria que me deixou espantado veio do jornal o Globo, por meio de uma matéria de Antônio Wernek, que, em resumo, tratava do fato de que o Fernandinho Beira-Mar era uma exceção. Isso porque os seus colegas de escola não teriam seguido o caminho do crime. Ou seja, a matéria tenta provar, nas entrelinhas, que nascer pobre e desamparado pelo poder público não é um elemento importante para que uma pessoa se torne um criminoso. Vamos lá…
Se usarmos uma estrutura lógica simples de pensamento, dessas que antigamente havia como disciplina nos cursos de Direito, veremos que o articulista segue por um caminho equivocado. Pois, se partirmos da ideia de que a pobreza, a desigualdade e o abandono por parte do Estado não são motivos para criar condições propícias para a criminalidade, ou seja, se dissermos que ser criminoso é uma escolha, ou um desvio pessoal, que pouco depende das estruturas socioeconômicas, poderíamos dizer, da mesma forma, que a riqueza, a oferta de oportunidades, o cuidado e a atenção do Estado não seriam suficientes para evitar que um menino rico e bem posicionado se torne um criminoso. Certo?
Em resumo, o que se tentou provar com a matéria jornalística é que ser criminoso não depende da situação social e econômica, e que há exceções que se tornam marginais. Se é assim, eu pergunto: por que, então, somente os pobres estão encarcerados no sistema prisional?
Não há exceção entre os ricos e bem nascidos para que sejam criminosos? Somente os pobres é que produzem as “exceções” para rechear a Penitenciária Agrícola de Monte Cristo, por exemplo?
O que há neste país há mais de 500 anos é uma sociedade do Apartheid e uma Justiça seletiva, uma Justiça de classe, que praticamente não chega aos criminosos de colarinho branco, e, quando chega, o faz “cheia de dedos” e “não me toques”. Isso sim.
A estrutura escravagista da Casa-Grande/Senzala nunca saiu das mentes dos poderosos no Brasil. E, agora, alguns tentam criar teorias absurdas para justificar, ainda que por vias transversas, a desigualdade e a seletividade da Justiça brasileira, que mantém, repito, somente os pobres no inferno carcerário do sistema prisional.
Portanto, se há exceções no sistema prisional, ela é uma “exceção” exclusiva de pobres. Todinha.
Não existe paz sem igualdade e justiça social. Isso é básico.
E para não dizer que somente coisas ruins acontecem no jornalismo atual, recomendo a leitura do articulista, humorista e escritor Gregório Duvivier que no dia 29 passado escreveu “A privada e a bicicleta”, onde ele sustenta que “nos países em que você lava a própria privada, ninguém mata por uma bicicleta.” Sugiro a leitura.
Muito mais honesto e saudável seria se os meios de comunicação assumissem suas posições ideológicas e seus interesses econômicos. O jornalismo precisa tirar a roupa e andar nu, tem que se assumir, e ser o que é: parte das relações sociais e econômicas de uma sociedade.
*Defensor Público————————————A Universidade do Asfalto – Afonso Rodrigues de Oliveira*“Comparados com o que deveríamos ser, só estamos parcialmente despertos. Nossos instintos estão refreados, nossos planos controlados, apenas usamos uma pequena parte de nossos recursos físicos e mentais”. (William James)O pensamento do William James afina-se com os princípios da Cultura Racional. Porque é o que somos: animais de origem racional. Mas, apenas de origem. Ainda não somos racionais. Ainda vivemos nos limites da irracionalidade. Ainda permitimos que freiem nossos pensamentos, reduzam nossa capacidade de agir e façam de nós meras marionetes. Ainda não aprendemos o que achamos que sabemos. Ainda não acreditamos que somos o que pensamos. E enquanto não controlarmos nossos pensamentos não conseguiremos ser o que deveríamos ser: seres racionais. Estou apostando que você está pensando que sou um religioso querendo catequizar você. Corta essa. A racionalidade consiste em ser livre. E nunca seremos livres enquanto continuarmos a seguir caminhos que dizem para seguirmos.
A melhor maneira de nos libertarmos de nossas limitações é ir além do horizonte das nossas mentes. Ontem estive numa conversa com minha neta Melissa, de oito anos de idade. Falei pra ela sobre os nove planetas do sistema solar. Ela ficou encantada porque ainda não os conhecia. Alonguei-me na conversa, mas a advertindo para não se preocupar com a complexidade do assunto porque ela só o entenderá quando atingir a juventude. Ela entendeu e foi legal pra dedéu. Ela encantou-se quando lhe mostrei por que ela nunca alcançaria o horizonte; por conta do formato redondo da Terra. Fiquei encantado com as expressões faciais dela durante o papo. Pediu-me para repetir os nomes dos planetas, porque ela nunca ouvira falar deles. Sugeri-lhe que sempre que ela estiver no interior, à noite, olhe para o céu e observe as estrelas que ela não consegue ver em Boa Vista por conta da luminosidade na cidade.
Você faz isso quando está no interior? Se não faz, faça quando tiver a oportunidade. E veja o interessante no número de estrelas, quase batendo umas nas outras. Aí veja se pode calcular qual a distância entre cada um delas. Momentos que nos levam à reflexão sobre o que somos e o que pensamos que somos no que vemos e pensamos que é o que vemos. Ainda não aprendemos a ver a vida como ela realmente é. E é por isso que ainda não aprendemos a vivê-la. Só quando aprendermos a viver a vida na simplicidade da beleza é que nos afastaremos da complexidade no maremoto espiritual em que vivemos. A beleza reside na grandeza da simplicidade. Por isso não lhe damos importância. Pense nisso.
*[email protected] 99121-1460 ———————————–ESPAÇO DO LEITORRESPOSTA 1Em relação à nota “Água”, o Governo do Estado afirmou que a falta de água no bairro Pantanal, em Rorainópolis, já foi resolvida. “O problema foi ocasionado por uma bomba queimada, mas o equipamento foi substituído, normalizando o fornecimento na manhã desta quinta-feira, dia 9. Assim que o problema foi registrado, os técnicos da Caer (Companhia de Águas e Esgotos de Roraima) providenciaram a aquisição de uma bomba nova, no entanto, devido à greve dos servidores da Suframa (Superintendência da Zona Franca de Manaus), o equipamento demorou quatro dias para chegar ao município”, diz a nota. TELEFONIAUsuário que possui planos pré-pagos de telefonia móvel enviou o seguinte e-mail: “Para quem necessita de recarga para o celular enfrenta uma série de problemas na Capital. Os postos de atendimentos das próprias franquias sequer disponibilizam este serviço e colocam postos de recarga em alguns estabelecimentos, mas nem sempre o sistema está funcionando. Gostaria que algum órgão de fiscalização verificasse esta situação e expedisse alguma recomendação para que as empresas realizem a expansão deste serviço”.
VILA JARDIMSobre o impasse na entrega dos apartamentos da Vila Jardim, a leitora Cristina Ramos comentou: “É uma situação em que as três instituições envolvidas precisam chegar a um consenso e dar seguimento à entrega para as famílias que foram contempladas. Muitas pessoas pagam aluguel e já deveriam estar com seus apartamentos entregues. Agora, saber de quem é a culpa pelo atraso é que está difícil, já que um fica passando o problema para o outro”.
FURTOS O leitor Armindo Andrade comentou: “Os furtos de cabos de aço se tornaram frequentes na cidade, não se limitando apenas à ponte dos Macuxi. No interior é comum o sumiço de peças de fios de alta tensão, trazendo sérios transtornos à população. Pelo preço no mercado, os usuários de drogas e desocupados acabam praticando estes furtos em vários pontos da cidade”