Jessé Souza

Parados no tempo 1202

Parados no tempoCom algumas décadas de atraso, a Prefeitura de Boa Vista começou a instalar semáforos, substituindo as rotatórias que precariamente ordenaram o tráfego de veículos nos principais cruzamentos da cidade por alguns anos. Fosse no início da década de 80, talvez essas rotatórias ainda caberiam na Capital roraimenses, mas seu “prazo de validade” venceu há um certo tempo.

Porém, os semáforos ainda não são a solução para o nosso conturbado trânsito, pois a frota de veículos do Estado vem crescendo anualmente, a ponto de exigir um projeto de mobilidade muito mais amplo do que este que está sendo colocado em prática no momento, período que antecede às eleições municipais de 2016.

Precisamos de um projeto que vise o futuro próximo, com construção de viadutos e passarelas, a exemplo do que fez o falecido Ottomar Pinto ao implantar o viaduto no cruzamento das avenidas Venezuela com Glaycon de Paiva, onde morria gente corriqueiramente em colisões, mesmo com semáforo instalado por lá.

Será difícil resolver o problema, por exemplo, da “bola do Trevo”, na confluência das avenidas Guiana, Venezuela e Brasil, ou seja, os trechos urbanos das BR-401 e 174, que acabaram de ser municipalizados. Ali, em horário de pico, torna-se um tumultuo, com condutores tendo que “meter a cara” se quiser atravessar pela “bola”.

Na mesma avenida, próximo à sede do Ibama, a sinaleira lá instalada não vai resolver os problemas. Ainda que tenha sido feito um trabalho de readaptação para desafogar o tráfego, apenas um viaduto irá garantir segurança a todos e mobilidade. E não tardará para mais engarrafamentos tornarem aquele trecho um tormento.

Outros problemas deverão ocorrer nos cruzamentos onde os semáforos foram (e estão sendo) instalados nas movimentadas avenidas, pois a troca de rotatórias por faróis não veio acompanhada de uma ação para combater e inibir os excessos de velocidades, como os chamados “pardais”. Queira Deus que isso não ocorra, mas os imprudentes poderão provocar mortes debaixo desses semáforos a qualquer momento.

Isso significa que a instalação de semáforos no lugar de rotatórias é um avanço pequeno e tardio, que requer uma política mais ampla e urgente, pensando no futuro, pois nossas avenidas largas, planas e sem instrumentos que coíbam o excesso de velocidade são um convite a infratores e inconsequentes.

Não custa lembrar que, em questão de mobilidade, estamos praticamente parados no tempo desde o falecido Ottomar Pinto, que construiu o primeiro e único viaduto em um cruzamento de avenidas principais. Inclusive, temos um retrocesso histórico: a retirada da única passarela que tínhamos, que ligava a Praça do Coreto, na “bola” da Praça do Centro Cívico, à Avenida Jaime Brasil.

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