Além Terra – Tom Zé Albuquerque* A cada dia que passa mais se acentuam assuntos voltados à presença de extraterrestres neste planeta. As controvérsias eclodem com as mais diversas defesas. Os dogmas se seguram afrontando o ceticismo numa batalha que envolve razão, teologia, paixão.
Sempre considerei, desde criança, a forte possibilidade de existirem seres estranhos, verdes e cabeçudos que vez ou outra vinham transitar pela Terra. Na fase adulta, mergulhando no cientificismo e na lógica, a existência de vida além da esfera terrestre se tornou algo natural. E melhor, ao considerar o lado religioso, ficou ainda mais nítida a presença de pessoas (ou sabe lá o que podemos chamar) no Universo no formato que for desses outros seres vivos, visto que a existência de somente o planeta Terra seria uma prova de arrogância para nós, acreditar que somente este atrasado ambiente, no Cosmos, seria o único habitável.
Pensar assim seria acreditar que o Deus criador não seria inteligente o suficiente para organizar outros planetas – o que seria totalmente descartável essa teoria. Seria defender que o Grande Arquiteto do Universo pensaria pequeno, formatando tão somente um planeta, cheio de inconformidades e fragilidade humana – o que também não seria admissível. A visão figurativa de Deus que aprendemos na escola primária, da qual aquele velhinho bondoso está ali cuidando de nós a todo tempo, dá lugar a um ser de inteligência suprema, incontestável, cuja presença está na vida em si e num todo, em suas fases mineral, vegetal, animal e hominal.
Circula na internet um vídeo tratando de uma entrevista a uma repórter por demais arretada, discutindo com um casal de ar intelectualizado, em defesa de uma ação demoníaca da NASA/EUA por criar hologramas de imagens supostamente vindas do espaço, visando, segundo eles, conturbar a mente humana e deixá-la em polvorosa pela possibilidade de existirem Objetos Voadores Não Identificados – OVNIs rondando a Terra. Cômica… essa é a definição pra essa entrevista. Eu não sei o que é pior, se é o fato de pessoas se embrenharem em estudar conspirações desvirtuadas, ou se é divulgarem veementemente essas colocações desqualificando a inteligência e perspicácia humana (pelo menos aqui na Terra).
É sabido por muitos da presença constante de seres extraterrestres em nosso planeta, prioritariamente em locais fartos de pedras, possivelmente pelo magnetismo de atração e proteção. Em Roraima, o Monte Roraima tem sido ambiente propício. No nordeste do país também é comum. Às vezes, penso que regredimos nesse sentido, em face de na antiguidade o tratamento de OVNIs era algo comum. Isso configura uma involução para nós, típico de povos atrasados, como aqui na Terra. Mundos melhores estão ao nosso dispor, resta saber quem está encorajado a ir. *Administrador———————————————Não basta falar – Afonso Rodrigues de Oliveira*“Sempre somos capazes de dar algo mais; mesmo nas pedras germinam as flores”. (Bergson)Se não fosse as pedras no caminho não aprenderíamos a caminhar. Nossos primeiros passos na infância são fortalecidos pelos tombos que levamos. Paradoxalmente é isso que faz com que nossa vida sejanossa riqueza. O importante é que saibamos viver. Só depois que aprendemos a peneirar os acontecimentos é que os valorizamos. Mesmo que a peneira seja uma urupema, os cascalhos são os mesmos. E cascalhos só interessam a quem não está nem aí para o peneiramento. É difícil pra dedéu não nos aborrecermos com coisas que nos desagradam. E é por isso que devemos estar atentos para a nossa felicidade. E esta está em nós mesmos. Simples pra dedéu.
Nossas diferenças estão em sabermos distinguir as diferenças. Somos todos iguais, porém diferentes. O importante é que não misturemos o cascalho com o peneirado. Somos todos da mesma origem. Viemos todos do mesmo universo. Nossos comportamentos e atitudes é que vão nos dizer em que nível de evolução nos encontramos. E é aí que devemos respeitar o nível de cada um. E este nível não depende do nosso nível social ou cultural; é uma questão puramente racional. Eu ainda era criança, no ensino primário, quando aprendi, lendo na contracapa do meu caderno: “A educação é como a plaina: aperfeiçoa a obra, mas não melhora a madeira”. O que indica que nunca iremos ter um mundo tranquilo e pacífico enquanto formos seres humanos.
Só quando considerarmos nossa condição de seres humanos ainda animais, mesmo que racionais, saberemos nos respeitar mutuamente. E considerar-se é respeitar as diferenças. Permita-me a repetição, mas “somos todos iguais nas diferenças”. Nunca se aborreça com os que querem aborrecê-la, ou aborrecê-lo. Porque aí você estará se nivelando no degrau inferior da escada. Sinta-se e saiba-se superior, e aguarde para que a tentação de aborrecimento sirva de aprendizado para quem está no degrau inferior. E é aí que você vai se sentir realmente superior, no nível de igualdade racional. Muito simples. Mas você só conseguirá isso quando se valorizar no que você é. Você, seja quem for, é uma pessoa muito importante, na importância que se dá. Não se aborreça com a topada, siga em frente. Quem sabe para onde está indo não se intimida com os obstáculos. O importante é saber se está indo para onde deve ir. Mas não pergunte ao sapo; decida você mesmo. Porque só você pode levar você aonde você quer realmente ir. Ninguém tem o poder de dirigir você se você souber realmente para onde quer ir. Você pode. É só acreditar que pode. Pense nisso.*[email protected] ———————————————-Câncer não é sentença de esterilidade – Edson Borges JuniorNo Brasil, anualmente surgem mais de 500 mil casos de câncer. O número de pacientes em tratamento e que estão em idade reprodutiva é bastante expressivo. Depois do diagnóstico, a primeira coisa que vem à cabeça é “quero salvar minha vida”. E têm razão! Em mais de 70% dos casos, esses pacientes vão se curar. Mas enfrentar um câncer não deve ser encarado como sentença de esterilidade. As técnicas de reprodução assistida são muito eficientes e alcançam ótimos índices com os tratamentos disponíveis.
Hoje, é perfeitamente possível ser pai ou mãe depois de se tratar da doença. Mas é preciso pensar no assunto e tomar uma decisão antes de começar todo o processo. Embora as técnicas preventivas sejam mais indicadas, preservando a fertilidade através do congelamento de óvulos, espermatozoides e embriões, também é possível optar pela reprodução in vitro.
Vale dizer que, se uma mulher de 35 anos é submetida a uma quimioterapia, as chances de ter a função reprodutiva prejudicada são superiores a 60%. Acima dos 40 anos, esse percentual chega a 90% ou mais. Para os homens, a situação é semelhante. Quimioterapia e radioterapia são extremamente deletérias para a função reprodutiva. Por isso, uma grande preocupação é combinar com o oncologista o momento ideal para prosseguir com o congelamento. A qualquer momento do ciclo, a mulher pode iniciar os medicamentos, aguardar o crescimento de folículos, coletar e congelar seus óvulos. No caso de um casal, a melhor opção é congelar os embriões. Já no caso de crianças e adolescentes, prosseguimos com o congelamento de fragmentos do ovário e dos testículos. Esse processo, contudo, ainda é experimental.
Outra possibilidade de engravidar depois de um tratamento de câncer é a cessão temporária do útero. A paciente geralmente conta com alguém da família, como uma prima, uma tia ou outra pessoa que possa emprestar o útero. Pacientes que sofrem de abortos de repetição também podem recorrer a esse expediente. Neste caso, depois de fecundar o óvulo com o espermatozoide do marido, uma parente empresta o útero – gerando o filho do casal para entregar o bebê depois do parto. Isso não é experimental e há legislação regulamentando a prática.
Dentre tantas possibilidades, o mais importante é as pessoas saberem que podem recorrer à preservação da fertilidade. O paciente não fica estéril. Isso ainda é de pouco conhecimento, tanto da população quanto dos médicos. Apesar da grande preocupação do tratamento do câncer, é importante que médico e paciente pensem a longo prazo, considerando a possibilidade de ter filhos e constituir família. Quem está em tratamento de câncer e não tomou nenhuma medida para preservar a fertilidade ainda tem chances de ter filhos recorrendo a gametas ou embriões doados. Há muito tempo os bancos são bastante ativos. Se o homem ficou estéril, propomos tratamento de fertilização in vitro ou inseminação artificial com gameta doado – que é feito de forma totalmente legal e anônima. Oferecemos uma amostra de sêmen que tem as mesmas características físicas e o mesmo tipo sanguíneo desse homem.
O próximo patamar a ser alcançado é conseguir utilizar células imaturas do tecido do ovário ou do testículo, a ponto de virar um óvulo ou um espermatozoide. Trata-se de uma técnica que favorecerá especialmente as crianças com câncer. Como elas ainda não têm óvulos ou espermatozoides maduros, é possível armazenar esse material. Por enquanto, ainda não sabemos o que vamos fazer. O objetivo principal da Ciência é conseguir amadurecer essas células experimentalmente, de modo que elas se transformem num óvulo ou num espermatozoide. Há experimentos neste sentido e não deve demorar para surgir uma solução bem-sucedida. Outro passo para o futuro é conseguir gametas artificiais a partir de uma célula qualquer do nosso corpo e, através de técnicas de cultivo, fazer o óvulo ou espermatozoide. Potencialmente, a célula-tronco pode se transformar em qualquer outra célula. Quando isso acontecer, haverá uma verdadeira revolução na reprodução humana.*Urologista, especialista em Medicina Reprodutiva e sócio-fundador do Fertility Medical Groupwww.fertility.com.br——————————————–Social-democracia favelada e pau-de-arara – Percival Puggina*Desde o trabalhismo de Getúlio Vargas, a partir de 1932, a sociedade brasileira escolheu ser social-democrata. Afinal, todos os países chiques são pelos menos um pouco disso, certo? Por que, então, haveríamos de não ser?
Fizemos a opção pelo welfarestate (dito assim fica mais chique ainda) há 83 anos e jamais renunciamos a ele mesmo sabendo que nunca se viu um país pobre tornar-se rico por implantar um “Estado de bem-estar social”. Isso só pode acontecer (se é que pode) naqueles que se tornaram ricos com o capitalismo, conforme constatou, por primeiro, o ex-marxista alemão Eduard Bernstein. Mas há como recolher, desse modelo de Estado, condições para enriquecer um país pobre. Ao optar pelo Estado benevolente, ao qual todos recorrem em suas necessidades, garantidor de direitos reais e imaginários, provedor inesgotável, inclusive das mais insaciáveis demandas, o Brasil fez e faz, ao contrário, uma opção fundamental pela pobreza.
Jamais criamos ou nos ocupamos seriamente dos pré-requisitos do desenvolvimento: a) educação de qualidade para todos, habilitando a juventude brasileira à realização de suas potencialidades e inserção produtiva na vida social, política e econômica; b) estímulos ao mérito e às manifestações de talento em todas as dimensões do humano; c) saneamento básico e adequada atenção à saúde; d) geração da infraestrutura necessária às atividades produtivas; e) segurança jurídica e respeito ao direito de propriedade; f) rigorosa proteção constitucional do cidadão contra o Estado; g) contenção da máquina pública dentro dos limites da capacidade contributiva da sociedade; h) economia de mercado; e i) um modelo político racional que separe Estado, governo e administração.
Tendo optado pelo Estado provedor-empreendedor, inclusive durante os governos sob orientação militar, o Brasil olha para o horizonte eleitoral de 2018 movido pelas mesmas cismas que orientaram os partidos políticos e o eleitorado em todos os últimos pleitos: nenhum candidato do quadrante liberal-conservador, nenhum de centro, todos do centro-esquerda para a esquerda. A crise em que estamos será a pior conselheira para as eleições por vir. Não faltarão candidatos para receitar ainda mais do mesmo veneno a uma nação enferma. Pretenderão resolver a crise do Estado oferecendo ao eleitor mais e mais Estado. Trarão pás e escavadeiras para aprofundar o buraco. *Membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritorwww.puggina.org