Jessé Souza

Caixinha da mediocridade 1264

Caixinha da mediocridadeA Globo que, insistentemente tenta fazer crer que a corrupção no Brasil é invenção de um único partido ou dos “comunistas”, é a mesma que tenta nivelar por baixo o brasileiro por meio de seus telejornais, filmes e novelas. O filme (se é que se pode chamar de filme) que passou na “Tela Quente” de segunda-feira, intitulado “Sorria, você está sendo filmado”, é um exemplo clássico disso.

Usando palavrões sem medida e linguagem chula em todas as falas dos personagens (sim, todas), essa programação cairia bem como estória de mesa de bar, onde pudores e respeito não são critérios na conversa entre interlocutores alcoolizados. E, ainda assim, nem sempre todos que estão em uma rodada de botequim costumam ultrapassar o limite do bom senso.

O “Sorria, você está sendo filmado” jamais poderia ser tratado como um filme a ser exibido, sob qualquer pretexto, em horário nobre. Fosse uma exibição na madrugada, quando uma pessoa opta por ligar a TV em vez de estar dormindo, ainda justificaria e seria um horário mais adequado.

E nem se trata de afirmar que, em estados do Norte, aquele horário ainda é assistido por crianças e adolescentes, uma vez que os pais têm a opção de desligar a TV ou mudar de canal. Na verdade, trata-se de um acinte por nivelar por baixo o público da televisão aberta, como se palavrões, simulacro de sexo (sim, há uma cena em que o personagem simula sexo na perna de uma mulher, como se fosse um cachorro no cio) e palavras chulas fosse algo normal para entrar nos lares dos brasileiros.

Não se trata de falso moralismo, já que muitos se habituam a palavrões e termos chulos em suas conversas informais. Trata-se de não aceitar que a TV possa usar linguagem de botequim ou de estabelecimento de zona meretrícia como se fosse algo normal, aceitável e intelectualmente correto. Não é, jamais.

Agir desta forma é pregar a esculhambação geral da nação, é impor ao brasileiro que pornografia e palavrões possam estar na sala de estar de qualquer família, a qualquer hora, com todos rindo como se fosse algo “moderno”, “despojado”, “inovador” ou “mesmo reflexo da atualidade”. É reduzir a família a um antro de desrespeito e sem regras básicas.

Fazer as pessoas a se habituarem a este tipo de comportamento também faz parte de uma bestialização das pessoas, para que o cidadão não se importe em agir dentro de padrões intelectuais, de reflexão e de criticidade. Pregar a esculhambação como regra social é nivelar por baixo o cidadão, é também aliená-lo da pior forma.  E isso o brasileiro não pode aceitar. Todos estamos em risco de nos tornarmos no que a Globo quer: sujeitos sem poder de crítica e julgar o bom senso.  

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