Opinião

Opiniao 10 08 2015 1309

Mulher Sapiens do lavrado – Tom Zé Albuquerque*Eu tomei um susto quando soube que a Presidente Dilma viria a Roraima. A primeira indagação foi “…o que essa mulher vem fazer aqui?” Aliás, ela veio, foi embora e pouca gente sabe o real interesse de sua passagem pelo extremo Norte.

Bem, precisar de voto não era, pois o seu partido não está nem aí, como disse o criador da Presidente, o Lulão, em campanha ao saber que as intenções de voto apontavam para derrota do PT em Roraima: “tiro mais voto na USP que em Roraima toda”. Alheio ao deboche desse indolente, um dos maiores orgulhos que tenho é viver num Estado do qual nunca elegeu nem Lula nem Dilma. Mas, o que a Presidente veio fazer em Roraima? Teria vindo ela acompanhar de perto a greve dos professores da Universidade Federal? Ou veio ver de perto o estado deplorável das fronteiras brasileiras, abandonadas em razão de falta de zelo e investimento – estrutura e contingente – e que ocasionam a entrada livre de drogas e armas?

É pouco provável que tenhamos vivido nas últimas décadas com uma gestão tão desastrosa. O partido da Presidente e do Lulão está caracterizado na história do Brasil como o maior antro de corrupção já emergido neste país. A partir do PT, a corrupção passou a ser regra e virou algo institucionalizado na administração pública brasileira. De tanta roubalheira, não sobra dinheiro para gerir o país, e o resultado é a esculhambação aí instalada: saúde em frangalhos, inflação galopante, estradas intransitáveis, obras aos montes inacabadas por superfaturamento já abocanhado, PIB ridículo, dívidas externa e interna se agigantando em níveis estratosféricos, educação com cortes orçamentários um atrás do outro… a lista que retrata o caos do governo Dilma é enorme.

Num momento que a Câmara dos Deputados caminha para julgar as contas da Presidente pelas estonteantes “pedaladas fiscais”, com manifestação de rua marcada para este mês, com panelaço da sociedade, com índices de aprovação patéticos, ela veio a Roraima e fora recebida com status real. E pior, não faltaram parlamentares e bajuladores em geral para tirarem pelo menos uma “fotinha” com a Presidente. Eu teria vergonha em ter minha imagem associada a essa senhora, mas algumas pessoas, ao contrário, se deliciam, afinal, é a “Presidente”.  Lembro dos ensinamentos de meu Pai: “Diga com quem andas, que te direis quem tu és”. Qual a leitura que faço de um parlamentar que exalta o PT? As urnas dirão; o colégio eleitoral roraimense tem sido inapelável com petistas e a fatura será cobrada aos adeptos de Lula e Dilma.

A Presidente Dilma vive alheia à gravidade dos fatos que a circundam. Deixará um prejuízo moral para o Brasil que décadas não serão suficientes para se reverter. Mas sua visita teve um lado bom, pelo menos dessa vez ela não bradou ao microfone (tal qual ocorreu da última vez que esteve aqui) ao cumprimentar o povo roraimense: “Boa Tarde Rondônia!!!”*Administrador——————————————–Mudanças – Afonso Rodrigues de Oliveira* “Tudo está em transformação e, portanto, nada jamais morre. Assim como na vida, também além da morte você continua se transformando”. (Deepak Chopra) Não há como evitar as mudanças. Elas fazem parte do avanço, na evolução do universo em que vivemos. Tentar evitar as mudanças e as crises é estagnar-se. Só quando estamos preparados para a vida vivemos plenamente. E só vivemos plenamente quando vivemos intensamente. E viver intensamente é viver cada momento da vida como ele deve ser vivido. Então, faça a escolha do modo como você quer viver a vida. Somos de origem racional. E não há racionalidade sem o livre arbítrio. Embora alguém me rotule de repetidor, nada me impede de repetir o que nos leva às mudanças mais importantes da nossa vida. Se estamos falando de mudanças não podemos esquecer a fala do Victor Hugo: “Devemos ser o que não somos, mas sem deixar de ser o que somos”. Esteja atento, ou atenta, às mudanças como uma forma de enriquecimento da alma.

Não tema os desafios. Encare-os como uma vereda para as mudanças. São os desafios que despertam você para a luta renhida. O importante é tê-los como um desafio e não como uma ameaça. É na estrada ínvia que caminhamos quando crescemos. E só crescemos racionalmente quando não paramos nas topadas da vida.

Porque quando paramos as mudanças continuam e nós estagnamos, morremos mesmo pensando que estamos vivendo. Não caia nesse balaio de caranguejos. Viva cada momento de sua vida como ela deve ser vivida, intensa e sadiamente. E sua saúde mora, e está, na sua mente. Não existe um corpo sadio sem uma mente sadia. Ame. O amor é o esteio da felicidade. E o importante é não o misturar na futilidade da euforia emocional.

O amor se fortalece na racionalidade. E quando somos racionais não permitimos que os desafios da vida nos prejudique. É na racionalidade que os encaramos com maturidade e raciocínio aberto. Embora a maturidade esteja relacionada à idade, ela não deve ser considerada por este prisma. As mudanças estão, porque continuam, mostrando-nos que somos maduros por conta do nosso desenvolvimento racional e não pelo decorrer da idade cronológica. Somos pais que continuam crescendo racionalmente aprendendo com os filhos evoluídos. Não fique preso ao passado buscando lembranças que deveriam tê-lo amadurecido quando ele ainda era presente. Viva cada momento de sua vida com amor, sinceridade, honestidade e, sobretudo, com muito respeito pelo engrandecimento da humanidade, como um dever seu no seu crescimento racional. Porque este é o caminho de volta para o seu mundo de origem; de onde você veio. Pense nisso. *[email protected]——————————————- Barba, cabelo e bigode – Marli Gonçalves*Pensei que a modernidade seria mais pelada, lisinha. Bem, para nós, as mulheres, até que rolou, meio institucionalizada a depilação. Pelos? Só cabelos, que jogamos para lá e para cá no tal jogo da sedução. Só que agora os homens resolveram mostrar seus personagens e foram desencavar a barba. Correndo! Tem até mulher usando também e não é para circo nenhum. A concorrência anda alta.

Eu já tinha reparado, mas sem parar exatamente para pensar no assunto. Olho de um lado, de outro, e vejo pelos, pelos, pelos, em barbas de todos os tipos que se espalham nas faces dos homens nas ruas. Grandes, ralas, tortas, bonitas, horrorosas, pontudinhas, milimetricamente arranjadas, largadas, barbarellas, birimbelas. Coloridas. Brancas, grisalhas, falsas, misturadas, até trançadas já vi. Impressionante. Moda, mesmo, das que devem ficar um tempo. Ajuda na solução de alguma crise de identidade? Pode até ser.

Barba cresceu como símbolo de masculinidade, virilidade. Passaram a identificar muito os militantes de um certo partido que está em baixa, assim como os líderes por eles ainda venerados. Dá para identificar os militantes, até porque não mudam nunca, não evoluem, atarracados num passado histórico do qual ouvimos falar bem, até estivemos por perto, utópico e sonhador, igualitário, mas que não se mostrou capaz quando virou real. Fizeram barba, cabelo e bigode, mas na Nação. Literalmente a estão deixando lisinha.

Mas não é bem sobre eles esse nosso papo agora, e sim sobre os vários personagens que estão surgindo nas ruas e que mostram que a barba é uma nova fantasia masculina. Os homens estão vestindo a barba. Alguns até esticam um cavanhaque, outros, um rabinho de cavalo, e mais recente houve o advento do coquinho. A praga do coquinho. Um montinho de cabelo no cucuruco e voilá, a autoestima do cidadão se apresenta. Repara.

O que está na crista da onda é o tal homem lenhador, uma mistura de Genghis Khan com fábula de João e Maria. É aquela barba mais comprida, volumosa, que vem acompanhada do olhar “tenho-um-machado-imaginário-na-mão”. Esse tipo floresceu seguindo estrelas do rock e do cinema, os adeptos, como são chamados pelos bloguinhos de moda dessas meninas que autorizam as “tendências” do alto de seus saltinhos. Pelas barbas do profeta!

Outros personagens: o Barba Negra, terrível pirata; o Barba Azul, assassino de suas mulheres; o Barba Ruiva, personagem do folclore do Piauí, que aparece e agarra para beijar as lavadeiras de roupas na beira dos rios. Tem a barba de pirata. A barba de vilão, aquela que tem um queixinho mais fino, pode vir com bigodinho de pontinha para cima. Já teve a barba falhada de propósito; barba de um dia; barba de dois dias. A barba viking, que atrai aquele chapéu de chifres para combinar. A dos heterodoxos. A dos ortodoxos, dos anciãos, a dos gurus – essas bem brancas, longas. A barba mais famosa do mundo é a de Papai Noel. Não, acho que não. É a barba de Jesus. Ninguém os imagina, tanto Pai quanto Filho, sem barba. Pensa.

Ela é símbolo de status, transmite informações e exige cuidados. Soube que é como coisa que se cria na cara, igual a gente planta semente em vaso. E que as quatro primeiras semanas são desesperadoras porque dá uma coceira que precisa ser superada a todo custo para alcançar a suprema pelagem. Pelas barbas de Netuno!

Dá trabalho. Vira um hobby. Barba tem de estar cheirosa. Pelo menos tentar ser macia, molinha, e bem cortada. Usar shampoo, condicionador, massagear bastante com óleo de jojoba, semente de uva ou óleo de argan. Não sei se sabem, mas machuca sim. Raspa. Irrita. A resposta àquela velha perguntinha.

Aliás, falo de barba não é porque não tenha mais outro assunto. Ao contrário, que o assunto dos dias tem sido sobre um certo Barba, que está com as dele de molho de uma forma como nunca vimos antes e que esta semana será lembrado muitas vezes, todos os dias, a cada revelação dos anos em que mandou e daquela que ele nos deixou mentindo com a cara lavada. A mesma com que ambos vão aparecer essa semana.*Jornalista——————————————–O humor é maior que o preconceito – *Celso FigueiredoO Brasil entrou, para o bem e para o mal, na onda do politicamente correto. Uma das maiores vítimas é o humor. Não são poucos os humoristas que reclamam da perseguição de ativistas irados com suas piadas politicamente incorretas.

Também na publicidade, o CONAR (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária) vem registrando aumento significativo das queixas de consumidores que se sentiram ofendidos ou “não entenderam” a piada.

A Folha de São Paulo fez uma reportagem que enfoca os tradicionais cursinhos pré-vestibulares. Neles, os professores são famosos por utilizarem-se de vários recursos para manter da plateia a atenção e aumentar a retenção dos conteúdos. Imitações, piadas e brincadeiras estão entre as técnicas mais comuns. Segundo a reportagem, muitos alunos sentem-se ofendidos e reclamam com os professores ou com coordenadores. Por sua vez, os cursinhos recomendam cautela aos seus docentes que começam a se sentir pouco à vontade para se utilizar do humor em sala de aula.

As críticas enfocam apenas em uma maneira de se fazer rir, no caso, é o humor de Superioridade. Trata-se do tipo de piada em que para se fazer superior, o protagonista diminui seu opositor ou o objeto da piada. A maioria das piadas preconceituosas se apoiam nesse tipo de humor. Assim portugueses, negros, loiras, nordestinos, gays e demais grupos sociais passam a ser tema de situações mais ou menos engraçadas – para aqueles que não pertencem ao grupo objeto da “zoação”.

Entretanto, é preocupante o fato de que muitos confundam humor com preconceito. Há três outros grandes modos de se fazer rir que não se apoiam na ridicularização do próximo, são eles: a teoria do Alívio, a teoria da Incongruência e a teoria do Humor Conceitual.

Cada um desses caminhos pode ser fonte de infinitas piadas sem maltratar qualquer pessoa ou grupo social. É importante que cidadãos e gestores conheçam o humor em toda a sua plenitude para que possamos continuar a usar esse recurso tão agradável, e brasileiro, nas relações cotidianas para que não sejamos levados a acreditar que o comportamento respeitoso exija o fim do humor.

Humor é fundamental para uma vida leve e cheia de prazer. Não devemos abdicar dele em nome do respeito à diversidade. Abramos os olhos, sim, à diversidade de formas de se fazer humor.*Professor de Publicidade e Propaganda da Universidade Presbiteriana Mackenzie