Opinião

Opiniao 11 08 2015 1312

Limões para pensar – Walber Aguiar*Também pôs Deus a eternidade no coração do homem.                                                            Eclesiastes Naquele mês de julho fui apresentado a Paulo Sarmento na disciplina de Cultura brasileira. Baiano dando aula de um Brasil moreno, negro, índio, ainda cheirando a pelourinho e seus acarajés e abarás. A partir daí as sarmentices pareciam brotar do chão, tal qual a autenticidade daquele bom baiano.

O homem da antropologia, o cara que chegava franzino em sala com um caderno ou livro apenas, mais tarde seria um amigo das letras, um adepto da malandragem responsável, até porque os baianos fazem carnaval o ano inteiro por qualquer motivo.

Assim, apresentado ao mestre das histórias antropológicas e ao cunhadismo de Darcy Ribeiro, ao amor de Regina (sem cunhadismos) e às antropologices e tiradas filosóficas de Lévy-Strauss, restou uma amizade sem nenhum interesse, sem os olhos de cifrão, cheios de gananciosas remelas e dores consequenciais.

E quando estávamos todos enlutados, entre a realidade da ilusão e a geografia da morte, conheci um livro onde a jornada continua, onde figuram abordagens antropológicas, filosóficas e sociais, onde o autor mergulha profundamente na história humana, na odisséia dos pés descalços sobre a terra.

No entanto, um dos mergulhos mais inusitados reside naquilo que se entende e se vislumbra como eternidade e seus derivados terrenos e divinos. Onde um anjo se depara com limões e passa a dialogar com a transitoriedade, o  limite e a fugacidade.

Assim, o anjo mostra uma espécie de angústia diante do sempre, do eterno, do infinito. Uma angústia parecida com a do demônio que não suportava a perspectiva da lembrança de que viveria para sempre num mar de perseguições, ódios e lamentos. Uma espécie de gastura existencial diante daquilo que nunca  acaba, que vai durar pra sempre.

Nessa ótica, o limão, em sua pureza cítrica, em sua geografia de extrema finitude e limitação, é  tomado como alguma coisa boa, simples, singela, pelo mesmo fato de ter seu tempo de duração. Simplesmente, por ser algo que um dia acaba, mas vê seu papel cumprido, sua missão finda, sem ter que se preocupar com os quilômetros devoradores, numa estrada sem placas e sem qualquer tipo de fronteira.

O anjo saiu com as mãos cheias de limão, Sarmento com as mãos cheias de livros e eu com os olhos cheios de lágrimas, por me perceber confrontado com o transitório e o eterno, o rotineiro e o desconhecido. Um dia a gente abre essa cortina e descobre esse mistério. Enquanto isso, nos lambuzaremos com a pureza do limão e a solidão do espinho…

*Advogado, Poeta, professor de filosofia, historiador e membro da Academia Roraimense de [email protected] ——————————————-Modernidade versus Pós-Modernidade – Paulo Henrique da Silva*O quadro da modernidade proporcionou divisão do trabalho, preconizado por Adam Smith na economia, e posteriormente por Emile Durkaheim na sociologia, ciência esta fruto do resultado do sistema moderno de produção. As individualidades e especificidades geradas pela modernidade são fatores condutores das relações sociais.

Olhar para sociologia moderna é olhar para uma ciência que critica o sistema moderno de produção capitalista, no entanto ela não apresenta uma solução efetiva para os problemas gerados pela modernidade. A solução qual ela tende, provém da ideia utópica marxista fora da realidade na qual o sistema moderno e pós-moderno operam ao mesmo tempo em um sistema complexo.

A sociedade moderna é representada pelo seguinte modelo (funcionalismo), e leva a uniformidade da informação. Foucault diz que é a sociedade do controle. A estrutura econômica vigente é um reflexo do sistema moderno, onde a física newtoniana postula a mecânica dos meios de produção. Quando a estrutura moderna entra em colapso como observado historicamente na crise de 1929, tende a solidificar-se em um sistema de raiz, que resulta na criação do Fundo Monetário Internacional (FMI) e, do Banco mundial idealizado por Keynes, como sistema de controle global que não somente influencia na economia, mas também nos sistemas educacionais.

Pensar o sistema educacional na modernidade é ver a estrutura de raiz (como uma grande árvore com suas raízes centradas). Entretanto, essa estrutura foi que possibilitou o desenvolvimento tecnológico e humano. O seguinte modelo: o controle e a centralização são fatores organizadores, social, econômico e cultural. O que é cultura, senão um conjunto de ideias centralizadoras e conservadoras do sistema moderno?

A sociedade não está preparada para viver a realidade da pós-modernidade em sua estrutura rizomática. A família e sociedade vivem na dependência da estrutura operante (a moderna). Pois, precisam seguir modelos para viverem em harmonia (contrato social de Rousseau), do contrario, vivem na “pós-modernidade”.

Contrapondo, talvez o que chamamos de pós-modernidade nada mais é que um conjunto moderno da realidade que tem por nomenclatura: “pós-modernidade”, ou seja, nada mudou apenas a nomenclatura. É aqui onde se coloca em confronto a realidade pós-moderna. Se a modernidade faliu, para onde estará caminhando a pós-modernidade?

*[email protected] – 98112-4906——————————————Retrato de Macunaíma – Afonso Rodrigues de Oliveira*“O pão que as alimenta, a religião que as consola: tais são as duas únicas ideias acessíveis às massas”. (Catarina II – Rússia)A Catarina falou isso ainda lá pelo século dezoito. Porque a política, vista pelos olhos dos que entendem e dos que nunca vão entender, sempre foi e será a mesma. Estamos no século vinte e um, e continuamos com a mesma política da buchada. Tantas coisas importantes, e que poderiam resolver nossa situação, estão sendo relegadas. Deixadas pra lá, porque a presidente da Rapública não tem tempo para discuti-las. Está preocupada e ocupada em sair Brasil afora, distribuindo pão e residências enganosas às massas. Uma maneira não inteligente, mas eficaz, para sair do balaio do desagrado. E haja aplausos.

Nosso conhecido e respeitado general Elieser Monteiro tem uma frase interessante nesse sentido: “Um Brasil cada vez mais a cara de Macunaíma: um herói sem caráter”. Mas tudo bem. Não vamos ficar mastigando o dissabor. Em vez de choramingar, vamos acordar para nosso dever de fazer nossa parte como ela deve ser feita, para que possamos sair, de mansinho, desse lamaçal que não é só nosso, nem da nossa época. Mas isso não quer dizer que devamos ficar parados esperando o bonde, quando podemos caminhar em direção ao futuro que realmente queremos e merecemos. Alguém já disse que: “Não é a política que faz o candidato virar ladrão, é o seu voto que faz o ladrão virar político”.

Mas vamos acordar. Não é só a politicagem e a ladroeira que fazem de nós verdadeiras marionetes, títeres dos desonestos. Muitos outros direitos nossos estão sendo camuflados pela barulheira feita como cortina da roubalheira, para encortinar a incompetência de políticos incompetentes eleitos por nós. Ainda não amadurecemos, nem vamos amadurecer, enquanto não formos, como povo e cidadãos, capazes de escolher nossos representantes políticos. Conhece algum político que esteja levantando essa bandeira? Não, porque não há lugar para ele trabalhar.

Pronto. Não vamos mais falar disso. Vamos cuidar de nós mesmos para que sejamos os cidadãos que desejamos ser. Mas não conseguiremos isso enquanto não formos educados politicamente. E só aí vamos descobrir que nunca seremos uma democracia enquanto formos obrigados a votar. Democracia sem voto facultativo é uma pantomima. Que é o que estamos vivendo atualmente. Mas a culpa e a responsabilidade são nossas. Unicamente nossas. Ou acordamos ou continuaremos sonhando de olhos vendados no pesadelo. Reflita sobre o poder que você tem para mudar este cenário de comédias anacrônicas de fantoches capengas. Pense nisso.

*[email protected]    9121-1460    ——————————————

ESPAÇO DO LEITOR

ESGOTOServidores e vizinhos próximos à Secretaria Estadual de Educação, no Centro, relataram que já pelo menos uma semana um esgoto na esquina das ruas Barão do Rio Branco e Alferes Paulo Saldanha está lançando dejetos em via pública, provocando uma fedentina insuportável. “O interessante é que bem na esquina onde está ocorrendo esta situação fica localizada a Secretaria de Educação. O mau cheiro está cada dia mais insuportável. Apesar de ser uma situação que já deveria ter sido resolvida, já ligamos inúmeras vezes e a informação é de que estão mandando uma equipe, mas nada é resolvido”, relatou um morador.LIXO  O leitor Gilberto Rocha enviou o seguinte e-mail: “Como é comum pessoas aproveitarem terrenos baldios para jogar lixo e entulhos, isso requer cuidado e uma fiscalização mais eficaz para punir quem está jogando lixo hospitalar em plena Capital, colocando em risco crianças e a própria população, que fica sujeita a se contaminar com alguma doença, já que é descarte hospitalar e deveria ser dado direcionamento correto”.GREVE 1Sobre a greve dos professores na rede estadual, um servidor enviou o seguinte relato: “Nós, professores, sabemos que greve só em último caso, pois somos a única categoria que repõe os dias parados por causa da carga horária de 200 dias letivos. Mas, infelizmente, a secretária e sua equipe fazem pouco caso das nossas reivindicações. Por esta razão, não restou outra alternativa. Pedimos desculpas aos nossos alunos e a seus pais”.GREVE 2Sobre o mesmo assunto, a leitora Arlete Gonçalves comentou que, no primeiro dia de mobilização dos professores, ela se surpreendeu com a quantidade de militantes da educação envolvidos na greve. “Faz tempo que não via a classe unida protestando com faixas e gritando palavras de ordem, solicitando a saída imediata da secretária estadual de Educação”, disse.