Opinião

Opiniao 04 09 2015 1405

O país do futuro está apaixonado pelo seu passado – Ronaldo Mota*Se há uma sensação coletiva que se possa chamar de generalizada neste momento no Brasil é a de que, mais uma vez, o almejado futuro não se materializou. Ou seja, o sonhado desenvolvimento econômico, social, ambiental e cultural sustentável dá espaço ao sabor de frustração e ficamos, os mais otimistas, no aguardo de um novo ciclo, cuja data de inauguração não foi sequer anunciada.

Sabemos crescer, mas não sabemos fazê-lo de forma sustentável. Temos uma riqueza natural e humana reconhecida mundialmente, mas ela parece periodicamente perder para nossas fragilidades. Identificar as complexas causas das recorrentes derrotas é tarefa hercúlea e fruto de muita controvérsia. Tal cenário, onde a esperança parece adormecida, é acompanhado de modesta inspiração para produção cultural.

Um destacável reflexo de nossa pobreza cultural contemporânea são nossos olhos voltados ao passado como nunca. A ausência de aderência ao presente e a falta de perspectiva de futuro próximo nos faz estimular no mundo da cultura um evidente apego sem precedentes pelo passado.

No campo da música, jamais se ouviu com tanto vigor os artistas das décadas de 60 e 70. Mesmo entre os mais jovens, muitos findam por estabelecer entre seus ídolos aqueles mesmos que foram de seus pais, refletindo possivelmente que temos uma geração tímida de novos artistas.

No teatro, particularmente os musicais, exatamente onde o Brasil mais avançou, é sintomático que quase todos os grandes sucessos dos últimos anos estejam dedicados a recuperar a vida de artistas antigos, a exemplo de Tim Maia, Elis Regina, Cazuza, Chacrinha, Simonal, Raul Seixas, Cássia Eller, Imperial e tantos outros. Isso tudo talvez reflita um país desgostoso com seu presente, sem claras perspectivas para seu futuro e buscando no seu passado recente motivos para continuar a crer na sua história.

No cinema mesmo com novidades pontuais de valor na praça, a revalorização recente de personagens antigos como José Mojica Marins, o famoso Zé do Caixão, é sintoma claro da possível ausência de produção atual mais significativa, em profundo contraste com a pujança da vizinha Argentina nesta área. Neste caso específico, evidenciando que nem sempre as crises econômicas estejam irremediavelmente associadas à pobreza de produção cultural, mas no Brasil, infelizmente, amargamos a possibilidade de estarmos vivendo todas elas simultaneamente.

Ainda que não seja o objetivo deste breve texto apontar possíveis causas, dado que por serem múltiplas e complexas qualquer simplificação estaria errada ou insuficiente, não há como não perceber que falhamos, ao menos parcialmente, na educação. Nesta área tivemos sim sucessos, inegáveis por sinal, como universalizar a educação fundamental, ampliar de forma significativa o acesso ao ensino superior ou a construção eficiente de um respeitável sistema nacional de pós-graduação.

Por outro lado, claramente falhamos em conjugar qualidade e quantidade. Quando universalizamos ou ampliamos de forma significativa, o fizemos com rebaixamento de qualidade. Quando ofertamos qualidade, o fizemos para poucos, muito poucos. A inovação que deixamos de criar foi ofertar qualidade para muitos. Esta sim, a meu ver, se não é a única, é a principal razão da sensação de fracasso que nos move a olhar para trás e de forma saudosista pedir mais uma chance de sermos, mais uma vez, o país do futuro.

Eppur si muove e voltaremos ao tema com mais detalhes posteriormente.

*Reitor da Estácio—————————————-O papel social da igreja – Lindomar Neves Bach*“e o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, como do unigênito do Pai”  –João 1:14                    Como seguidores de Cristo, e não apenas cristãos de fachada, devemos atuar de forma decisiva nos momentos em que somos exigidos em favor do próximo. O maior mandamento deixado por Jesus foi: amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Porém muitos se encastelaram nas igrejas, dentro de uma casca inoxidável de santidade, se tornando indiferentes ao sofrimento e as injustiças contra os “pequeninos” de Deus. Ou quando ajudam, ignoram o dito: não saiba tua mão esquerda o que faz a tua direita.

O apóstolo Tiago escreveu que a religião pura e imaculada para com Deus é: visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações e guardar-se da corrupção do mundo. O que quer dizer: não se isolar ou se isentar de agir, de prestar auxílio aos que necessitam. O comodismo e o legalismo religioso têm relegado a caridade para segundo plano. A omissão é o pecado mais praticado, enquanto gozamos das bênçãos de Deus, muitos sequer O conhecem verdadeiramente. É nosso dever fazer com que o mundo veja Cristo em nós.

A igreja como instituição filantrópica deve encabeçar as ações sociais, sem se importar com quem é o necessitado, seja ele homossexual, viciado, prostituta, etc. Ou seja, sem o preconceito de que somos melhores ou mais merecedores do amor de Deus, que qualquer outra pessoa. Cristo, como nosso exemplo, foi um agente ativo na mudança dessa mentalidade de exercer a caridade somente quando podemos tirar proveito da situação.

Em Boa Vista há necessidade de um centro de recuperação de dependentes químicos, de albergues, casa de repouso para idosos, hospitais, creches e escolas dirigidas pela igreja, entre outras diversas carências que precisam ser supridas com responsabilidade e desprendimento político-partidário. Mas também existem necessidades mais básicas como a fome. Fica difícil entender a bondade de Deus pregada pelos cristãos, quando o a realidade mostra o contrário. Enquanto templos faraônicos são construídos, muitos são penalizados pela falta de atuação da igreja em prol da sociedade, A atividade social da igreja é praticamente nula em campanhas contra a Aids, contra injustiças sociais, contra o abandono de nossas crianças, expostas as drogas,  exploração infantil e a criminalidade.

A fé sem obras é morta. A verdade de Cristo nos leva a refletir nosso papel como imitadores de Jesus. A razão de Deus ter nos concedido a sua graça e salvação, pode ter  certeza, não é somente para ir morar no céu de glória com ele. Não entregue aquilo que você pode fazer a cargo de Deus ou de outra pessoa. Seja um verdadeiro cristão a serviço de Deus e do seu próximo.

Às lideranças das igrejas deixo um versículo das escrituras sagradas: “Mas quem pratica a verdade vem para luz a fim de que suas obras sejam manifestas, porque são feitas em Deus”. João 3:21.

*Artista plástico, designer gráfico, cartunista e escritor——————————————Eu não sabia que sabia – Afonso Rodrigues de Oliveira*“Todos somos muito ignorantes. O que acontece é que nem todos ignoramos a mesma coisa”. (Einstein)Quando aprendemos, aprendemos que quando pensamos que sabemos tudo, não sabemos que não sabemos mais do que uma insignificância do que deveríamos saber. Tudo o que aprendemos não é mais do que um piscar de olhos do que ainda temos para a prender. E como não somos, pelo menos aqui na Terra, imortais, nunca vamos saber o suficiente para nossa imortalidade. Por isso, vamos ser comedidos em nossas críticas. Mas não podemos deixar de criticar. O importante é que saibamos criticar. E no caminho do acerto, devemos começar por criticar o ato e não quem o cometeu. Não devemos nos preocupar em que cabeça vai cair a carapuça. Mesmo porque ela não cai, é pegada pelo melindrado.

Quando fui convidado, pela primeira vez, a participar da Teia, dos Pontos de Cultura, em Brasília, em 2008, fiquei atônito. Eu não sabia de que se tratava, nem se estaria preparado para o evento. Desesperado, procurei orientação com minha queridíssima amiga, Catarina Ribeiro. Depois de debulhar meu desespero, Caratina sorriu pra mim e perguntou:

– Mestre… Você já soltou pipa alguma vez?

– Quando eu era adolescente.

– Então? Solte a pipa e deixe ela subir e pairar no ar!

Rimos, acalmei-me, voltei para casa e dias depois estávamos, Catariana, eu e mais duas mil e quinhentas pessoas, no eveito quemais me fez feliz e me enriqueceu culturalmente, dirante uma semana.

Por que se preocupar com o que não sabe que sabe, nem com o que pensa que sabe sem saber? A vida é um pandeiro sem fundo. Cabe a cada um de nós saber como fazê-lo vibrar na batucada do viver. Tudo que acontece em nossas vidas faz parte da vida. Até a morte faz parte dela, além de ser a única certeza que temos, realmente, na vida. O importante é que saibamos viver. Porque é no viver que sempre descobrimos que estamos aprendendo coisas que já sabíamos e não sabíamos que sabíamos. E esse saber faz parte da grade do ensino na Universidade do Asfalto. Porque é nela que realmente aprendemos a aprender.

É na Universidade do Asfalto que aprendemos que nunca aprenderemos tanto quanto deveríamos saber. Que é na caminhada rumo ao horizonte da vida, que acumulamos o saber. E ele não vem sem a ajuda dos erros. Porque é com o erro que aprendemos a certar. Cada vez que erramos estamos aprendendo como não devemos fazer. É quando aprendemos que não devemos nos preocupar com o erro, mas com a solução. Porque é ela que nos traz o conhecimento e, consequentemente, o saber. Mas este é inatingível para os inteligentes. Pense nisso.

*[email protected]    99121-1460—————————————-

ESPAÇO DO LEITOR RONDA Moradores da Vila de Nova Colina, no Município de Rorainopólis, comentaram: “Estamos com vários problemas, na localidade, relacionados à falta de um policiamento mais ostensivo. Por ser distrito de Rorainopólis, acredito que seja este o problema, já que não contamos com um núcleo permanente de polícia, uma vez que tudo é subordinado ao município”.FERRO-VELHOMoradores da avenida Estrela Dalva, no bairro Raiar do Sol, pedem que algum órgão do Estado ou do Município realize uma inspeção em um ferro-velho que existe naquela via. “Simplesmente o proprietário do local está colocando os carros velhos na calçada por onde transitam os pedestres. E para complicar, agora resolveu colocá-los no meio da rua. Esta situação está, com certeza, em desacordo com o que prevê a legislação de trânsito”, destacou um morador.CONSULTASPacientes que necessitam marcar consultas no Hospital Coronel Mota enviaram a seguinte reclamação: “Com a implantação deste novo sistema de marcação de consultas, está difícil agendar o retorno médicos especialistas, como oftalmologistas, cardiologistas, urologista e ortopedista. Pelo novo sistema, as consultam só podem ser marcadas na sexta-feira, às 13h, só que às 6h já existe uma enorme fila para uma oferta de poucas vagas”.CORREDORSobre a matéria “Colômbia propõe corredor ecológico”, o leitor Marco Aurélio Pinheiro Souza comentou: “É o poder do imperialismo britânico usando como fantoche irresponsável o Governo da Colômbia, com uma nova onda de colonização na América do Sul pelos países europeus, através de mercado consumidor, matéria-prima barata e mão de obra barata. Lembrem-se de que todas as cabeças coroadas europeias, principalmente a britânica, gostam muito de ONGs. Elas não querem fazer alguma coisa no seu próprio país, mas querem fazer nos outros países.”