Opinião

Opiniao 05 09 2015 1406

Vazio existencial  – Vera Sábio*Começa um novo dia, e cada dia trás consigo seus próprios mistérios. Por mais que planejamos, pouco acontece conforme o planejado. No entanto, buscamos sobreviver o caos da existência, nos fortalecendo com a fé e esperança em dias melhores.

O interessante é perceber que embora o vazio seja interno, um vazio cheio de medo, indecisões, incertezas e desarmonia. Buscamos preenche-lo com coisas materiais, luxúrias, vaidades, ganância, gula e outras mentiras que apenas superficialmente possuem o seu valor; mas nada profundo que consiga nos trazer paz.

 É indispensável a compreensão do que é este vazio, de onde ele veio e como poderá ser preenchido. “Não tem como ter um leite doce em um recipiente azedo”.   Primeiro precisamos descobrir de onde vem o vazio, o que é nossa existência e quem somos… Para posteriormente conseguirmos preencher este abismo que tanto prejudica, desanima e causa uma total desordem no ser humano.

Se estou de pés no chão em um asfalto quente, é claro que preciso de um calçado. Se me sinto sozinha em meio à multidão, provavelmente não preciso de companhia, necessito é de me encontrar, ser a companhia da minha existência, alinhar a existência com meu viver.

 O que acontece muito em meio a tanta agitação é que passamos pela vida como um gato sobre um telhado quente, ligeiro e no máximo só sentindo o calorzinho, porém não aproveitando realmente do que se vive.     Existimos, mas no fundo não vivemos, e aí está nosso vazio existencial, pois nos falta vida.

Vida é algo que se adquire usufruindo o máximo do que nossos sentidos nos fornece. Ou seja: cheirando as flores e as comidas, os perfumes dos trabalhadores e da mãe amorosa. Ouvindo as gargalhadas, o silêncio, a paz, o cantar dos passarinhos e a melodia do amor. Vendo o brilho do olhar, o jardim da primavera, o sono do descanso e o pôr do sol do entardecer. Experimentando o hálito de um beijo apaixonado, o gosto do sabor preferido, a delícia da comida predileta e o prazer de comer com os amigos. Tocando a suavidade das flores, a pele de um bebê, a maciez do bichinho de estimação, a sensualidade dos corpos que se entrelaçam, a mão calejada de quem cumpriu sua missão.

São estes detalhes bem mais valorosos do que o dinheiro que compra tanta futilidade, mas não proporciona harmonia que lhes preenche a alma e lhes fortalece o espírito para um novo amanhecer.

Observe cada detalhe e utilize gota a gota estas sensações, para que não sinta mais este vazio existencial, que o mata em meio a tanta vida, simplesmente pela euforia de ter, enquanto o que mais importa é ser.

*Psicóloga, palestrante, servidora pública, esposa, mãe e cegaCRP: 20/[email protected].: 99168-7731—————————————-Um mundo desenvolvido – Jaime Brasil Filho*Era quase unânime. Até meados dos anos 1980, a ideia que se tinha de desenvolvimento se baseava no aumento da produção de riquezas. Aceitávamos, calmamente, que o Brasil seria um país melhor se utilizássemos cada vez mais as terras agricultáveis e tivéssemos o maior número de indústrias instaladas. Essa era a ideia de progresso e desenvolvimento.

Até mesmo alguns partidos de esquerda diziam que o socialismo só poderia existir após a abundância produtiva que o capitalismo poderia oferecer. Cheia de boa-fé, a maioria acreditava nesses paradigmas.

É fácil entender como esse tipo de visão pode tomar conta dos corações e das mentes das pessoas. O ser humano precisa transformar a natureza para sobreviver. A essa relação do homem com a natureza dá-se o nome de trabalho. Durante milênios o trabalho humano foi responsável pela sobrevivência e pela abundância material em várias culturas e civilizações. O conhecimento e a técnica, como forças produtivas, alavancavam os níveis de produção para que cada vez mais pessoas fossem beneficiadas. Assim, a soma de trabalho e conhecimento (tecnologia e técnicas organizacionais), expandindo-se infinitamente, teria, teoricamente, a capacidade de nos proporcionar uma vida cada vez melhor, para nós e para as futuras gerações. Grande engano.

Ocorre que a humanidade produz muito, mas muito mais riqueza do que nas décadas passadas, do que nos séculos e milênios que se foram, mas a “tal felicidade” do desenvolvimento não chegou para a maioria dos povos do mundo. Isso porque a forma, o conteúdo e as consequências do atual sistema produtivo simplesmente nada tem a ver com melhoria na qualidade de vida.

Na agricultura privilegia-se a produção de grandes monoculturas extensivas, com base no uso de perigosíssimos agrotóxicos e suspeitíssimos grãos transgênicos. Na indústria a escolha é pela produção de bens descartáveis, de baixa qualidade, de uso rápido e contínuo. É a produção de lixo e desperdício. Em ambos os casos, o conhecimento conduziu a que se gerassem cada vez menos empregos. O trabalho humano é dispensável, hoje em dia, em muitos aspectos, a robotização e a automação fazem o trabalho que antes era de nossa responsabilidade.

O ser humano é cada vez mais desnecessário no processo de transformação da natureza.

Para que o trabalhador ainda seja aceito no sistema produtivo, e se mantenha a lógica do salário como meio de acesso aos bens, ele tem, na prática, que ser mais “barato” do que a máquina. Isso mesmo. Por isso há uma verdadeira escravização dos trabalhadores na China e em muitos outros países, inclusive com bolsões de trabalho análogo ao escravo no Brasil. Por isso a competição entre as nações, hoje, é para ver quem deixa o seu trabalhador mais barato, quem escraviza mais o seu próprio povo. Por isso está “na moda” essa conversa de “flexibilização” das leis trabalhistas, por isso querem aprovar a tal lei de “terceirização”.

Como o capitalismo se baseia na acumulação de riqueza a partir da exploração do homem pelo homem, o que deveria ser ótimo acaba sendo péssimo. Deveria ser ótimo termos tanto conhecimento para produzir comida para tanta gente. Temos hoje, segundo a FAO, condições de alimentar toda a humanidade. Mas isso não acontece devido a concentração e o desperdício de alimentos. Arroz, soja, milho e outras bases da alimentação mundial são tratadas como commodities, e sua produção é vendida e revendida nas bolsas de mercados futuros sem nem mesmo ainda existirem as safras. O que deveria ser comida se transformou em mero bem de especulação, a exemplo do ouro e do diamante. A maior parte do que se produz é para os mercados que já existem, não é para matar a fome na África ou Ásia. Serve como insumos para comidas industrializadas, e que fazem mal à saúde.

E, em falar em saúde, esses produtos agrícolas são bancados com dinheiro público, recebem subsídios, isenções tributárias e causam o envenenamento do ar, do solo, dos lençóis freáticos e dos aquíferos mais profundos. Vivemos em um planeta envenenado, que nós envenenamos. A “indústria do câncer” agradece.

Na indústria, a automação na produção e a descartabilidade dos produtos que de lá saem são a regra. Também se valendo de dinheiro público e isenções tributárias, as grandes corporações tem sede por cada vez mais energia, gerando mais poluição e contaminação do ambiente, isso para a produção de cada vez mais bens descartáveis que redundarão em cada vez mais lixo. Procuram sempre os países com a menor proteção legal aos trabalhadores e ao meio-ambiente.

Tudo, afinal, é pressa, escravização, concentração de riquezas, desperdício, descartabilidade, lixo, veneno em nossas mesas, poluição e destruição.

A ideia de desenvolvimento que foi praticamente unânime até os anos 1980 demonstrou-se ser uma tragédia, que aponta para uma catástrofe planetária.

O egoísmo de alguns, a apropriação individual da riqueza produzida coletivamente, e seus mecanismos de imposição e manutenção, destroem os tecidos sociais, as culturas, as famílias; e, colocam toda a biosfera, toda a vida existente neste planeta, sob a ameaça de extinção.

Com a tecnologia disponível, as técnicas organizacionais e de recursos humanos, com a atual globalização das relações comerciais e de produção, poderíamos viver no mundo dos nossos sonhos.

Poderíamos ter comida saudável no prato de cada ser humano, poderíamos gerar quase nenhum lixo e dirigir os esforços científicos para a produção de bens duráveis e de baixo consumo de energia. Poderíamos gerar muito menos poluição, contaminação e parar com a destruição da vida no nosso planeta. Poderíamos ter mais tempo livre para as relações humanas, para o amor, para a criação, para a arte, para a cultura, para a contemplação, para a confraternização, para a felicidade, enfim.

Para que isso aconteça é preciso abandonarmos a velha ideia de desenvolvimento baseada no aumento infinito da produção, e adotarmos a ideia de que desenvolvimento é aquilo que nos proporciona prazer e satisfação. Prazer baseado na liberdade e na igualdade, pois liberdade sem igualdade é a tirania do mais forte. Satisfação baseada no bem-estar coletivo, pois não há muros que possam nos isolar da infelicidade alheia.

Para que esse mundo exista a solidariedade deve ser um valor superior ao da competitividade.

Para um mundo desenvolvido é necessário extinguir a exploração do homem pelo homem.

*Defensor Público——————————————-Amadurecer na política – Afonso Rodrigues de Oliveira*“Reconhece-se um país subdesenvolvido pelo fato de nele ser a política a maior fonte de riqueza. (Gaston Bouthoul)Sem querer dar uma de chato no seu final de semana não pude evitar a irritação. E esta vem sempre que assisto aos apelos da mídia nacional, que já é quase uma pressão, à economia de água. Vamos economizar porque a inflação está tornando a água mais cara, tudo bem, mas deixar de tomar meu banho porque está faltando água no país, é ridículo. Sobretudo quando ouvimos os apelos, logo depois da notícia de cidades que estão se destruindo nas enchentes. Mais ridículo ainda. Não vamos discutir isso tecnicamente porque não é minha área nem minha praia. Estou dizendo o que penso. E quem não gostar coma menos.

A mídia criticar o cidadão porque ele está tomando mais de um banho por dia, é ridículo e histriônico. Ouvir um governador dizer que devemos esperar que chova o suficiente para reabastecer os reservatórios extrapola os limites do histrionismo. E só vamos concertar essa colcha de retalhos administrativos quando formos suficientemente esclarecidos e politicamente civilizados para entender que a água não nos é dada pelo poder público, mas vendida por ele. E como vendedor e fornecedor ele tem o dever de fornecer o que estamos sendo forçados a pagar, por necessidade cidadã.

Desculpem-me os grandes amigos que tenho na política e no poder público, de modo geral, mas afirmo que toda crise administativa vem por conta da incompetência dos administradores. E administradores incompetentes são resultado da nossa incompetência como cidadãos. Então vamos nos civilizar e entender a força que temos para administrar o país em todas as suas áreas. E que só iremos alcançar o resultado que merecemos quando merecermos. E só iremos merecer quando formos cidadão de fato e de direito. Porque não o somos nem o seremos enquanto não nos dermos o valor que realmente temos e não sabemos que temos. O Alphonse Daudet nos diz que: “Os homens sempre envelhecem, mas raramente amadurecem”. E ele refere-se a homem como ser humano, independentemente do sexo. “Somos todos iguais nas diferenças”. A dificuldade está em entendermos isso.

Ontem passei por um prédio velho e abandonado pelo poder público, ali na Avenida Cap. Júlio Bezerra e vi um exemplo notável; um vazamento de água na tubulação inundava o terreno baixo, do local. Taí uma água que você vai ter de economizar no seu banho. E cuidado para não lavar mais seu carro senão você será, provavelmente, multado. Vamos acordar, pessoal. E resolver o problema sem briga nem bagunça, mas com política? Pense nisso.

*[email protected]    99121-1460  ——————————————ESPAÇO DO LEITOR  APAGÃO 1O leitor Márcio Guedes Silva comentou: “Estamos vivendo um verdadeiro caos no sistema elétrico que abastece o Estado de Roraima. A energia confiável, que tanto propagaram, chegou ao seu limite. O pior é que nada foi feito neste período para se buscar uma nova alternativa. Esta situação do abastecimento via Venezuela era paliativa, não foi planejada para durar muito tempo. Foi uma sucessão de erros dos governantes e gestores das empresas que comercializam a energia, que nada fizeram para suprir este problema, e hoje estamos novamente vivenciando estes apagões como antigamente”.APAGÃO 2Sobre a morosidade no sistema de internet, a leitora Ana Flávia Lima frisou: “Até quando vamos ficar reféns de uma empresa que contratamos um serviço, pagamos pelo mesmo e não dá suporte quando solicitamos? Esta semana está sendo uma das mais problemáticas para quem está precisando utilizar a internet. Simplesmente o sinal está com constantes oscilações e em horários de maior uso a velocidade não está suportando a demanda de acesso”.ADOLESCENTES  Sobre a matéria da gravidez precoce, a leitora Mirian Carvalho enviou o seguinte comentário: “Para se ter eficácia neste problema, que só se multiplica a cada dia esta estatística no país, e em Roraima não seria diferente, gostaria de opinar deixando como sugestão para os órgãos de Justiça a punição dos pais ou responsáveis. Acredito que assim, com a reformulação deste ponto na lei, teríamos resultado e os dados seriam bem diferentes”.VENEZUELAOnildo Pires enviou o seguinte e-mail: “Com o feriado prolongado, quem pretende ir até a cidade de Santa Elena, na Venezuela, é necessário estar atento a alguns cuidados, uma vez que, quando é feriado prolongado, os mesmos aproveitam para tirar alguma vantagem a exemplo da comercialização de gasolina, que é expressamente proibida, e se torna arriscado comprar de cambistas. Portanto, o mais seguro é esperar mais de uma hora na fila do que ser surpreendido pela polícia venezuelana”.