Na manhã em que os deputados estaduais instalariam a Comissão Processante, que analisará a representação formalizada pelo Ministério Público de Contas do Estado contra a governadora Suely Campos (PP) e a secretária-chefe da Casa Civil, Danielle Campos Araújo, por crime de responsabilidade, a Assembleia Legislativa foi palco de um tumulto generalizado (veja mais sobre o assunto na página 4A).
Tudo começou quando a secretária-chefe da Casa Civil saiu do Palácio Senador Hélio Campos e atravessou a Praça do Centro Cívico em direção à Casa Legislativa, acompanhada de ativistas, para protocolar a mensagem governamental do Projeto de Lei para Regularização de Imóveis Urbanos, assinado pela governadora momentos antes no Palácio.
Os ativistas chegavam às centenas e foram impedidos, ainda nas catracas de acesso, de entrar na Assembleia Legislativa, uma vez que o plenário estava lotado pelos professores em greve. A chefe da Casa Civil disse que só entraria acompanhada dos manifestantes, o que não ocorreu. Após provocações, policiais militares da Casa Militar da Assembleia Legislativa chegaram a jogar spray de pimenta para dispersar o tumulto no saguão da Casa.
Os deputados Brito Bezerra (PP) e Jânio Xingu (PSL) conversaram com a secretária da Casa Civil, que pediu que pelo menos 40 pessoas a acompanhassem na entrega da mensagem governamental. O presidente da Casa, deputado Jalser Renier (PSDC), na tentativa de acalmar os ânimos dos manifestantes, foi até o saguão para uma conversa.
Ele e Danielle chegaram a trocar algumas palavras em meio a gritos e empurra-empurra. Todos foram encaminhados ao plenarinho da Casa, onde o presidente subiu em uma mesa para tentar discursar. Sob vaias, palavras de ordem e insinuações de que os deputados seriam contra o projeto de lei, Jalser discutiu com alguns manifestantes, entre eles o presidente da Federação das Associações de Moradores de Bairros de Roraima, Faradilson Mesquita, que foi retirado da sala após ordem do presidente.
Sem conseguir falar, Jalser Renier desceu da mesa e tentou voltar ao plenário da Casa, quando houve novo empurra-empurra entre policiais militares e manifestantes. Na porta da Assembleia, uma catraca foi derrubada pelos ativistas, que ainda tentavam entrar no local. Tanto o chefe da Casa Militar, coronel Nelson Silva, como o comandante da Polícia Militar, coronel Santos Filho, chegaram à ALE.
O tumulto foi contido pelos policiais militares e a sessão foi iniciada com duas horas de atraso, às 11h. Ainda assim, manifestantes permaneceram no saguão da Assembleia até o encerramento da sessão, às 13h, quando foram informados que deveriam se retirar para que a Casa fosse fechada.