Pedaços de Carlinhos Freire – Walber Aguiar*Só o trabalho não dignifica. Depende muito de quem esteja atrás do balcão… Lembro do seu rosto, sua educação, sua forma de lidar com os clientes. Da sua vontade de agradar e de crescer através do trabalho e da honestidade. Da sua fiscalização pelo salão do Supermercado Freire, do tempo que ele dedicava a fazer amigos e a ganhar dinheiro.
Um desse amigos era meu pai, seu Genésio da Banda, o homem de passos lentos e olhar profundo. Desse encontro nasceu uma grande amizade, coroada pelo respeito, confiança e lealdade. Apesar do tempo dedicado aos compromissos e ao cotidiano inescapável, os dois conversavam animada e demoradamente.
Um dia seu Genésio passou no caixa e a pessoa responsável esqueceu de registrar um produto. Talvez fosse um saco de pão, uma agulha ou mesmo um pote de margarina. Ora, a mercadoria passou livremente, mas não escapou da contabilidade simples e cirurgicamente correta do velho músico, do homem que tinha suas relações interpessoais marcadas pelo famoso “fio de bigode”.
Percebendo o erro, voltou ao supermercado e encontrou o velho amigo, um homem ímpar, a quem relatou o fato. Tendo chamado a atenção da funcionária que estava no caixa, seu Carlinhos sorriu, abraçou o cliente especial e conversaram durante umas duas horas. Naturalmente, reportaram-se à importância da retidão, do caráter, da confiança, da dignidade presente no olhar, nas palavras e na atitude; renovaram votos de confiança e estima e cada um seguiu seu curso.
Todos os dias o senhor Carlos Augusto chegava ao supermercado Freire, calado, com um sorriso no rosto e uma enorme vontade de trabalhar, de desenvolver a herança deixada por outro baluarte da ética, o senhor Alípio Freire, seu pai.
No entanto, como a vida é breve e certo o acontecimento terminal, ele partiu para uma outra dimensão. Descansou da labuta comercial, do empreendimento que lhe deu nome, grandeza e prosperidade, juntamente com sua família. Seu Carlinhos vai fazer muita falta naquele supermercado, com sua maneira simples, sua serenidade quase palpável.
Não deu tempo de se despedir de clientes como o mestre Silas, da famosa Pastelaria Confiança, a quem dispensava atenção e estima. Mas, os clientes sempre vão carregá-lo na memória e no coração, principalmente quando o assunto for a tal dignidade. Não no discurso, como o fazem os corruptos e ladrões, que parasitam e sugam o Estado de Roraima; mas nas atitudes, na grandeza, no caráter inabalável, no senso ético com que caminhou por seus bem vividos oitenta anos.
Por isso carregava Augusto no nome, porque era nobre e majestosa sua conduta, sua consideração pelos ricos, pobres e remediados que precisavam dos seus produtos e da sua generosidade.
Descanse em paz, seu Carlinhos. Um dia, no salão principal do supermercado eterno, veremos de novo aqueles cabelos brancos, aquele sorriso fácil, aquele brilho no olhar. Aí, metidos em chinelos celestiais, lembraremos que tudo valeu a pena…
*Advogado, Poeta, professor de filosofia, historiador e membro da Academia Roraimense de Letras [email protected]———————————————-Atestados médicos graciosos – Marlene de Andrade*É considerado atestado gracioso aquele cujo favor do médico é dotado de liberalidade, ou seja, uma “generosidade” por parte do mesmo, sem que na verdade haja motivos concretos para a emissão do referido documento. É bom ficar entendido que atestado gracioso pode ser emitido com ou sem cobranças de honorários médicos.
Os empregadores estão começando a se despertar para esse problema e em alguns estados do nosso território já tem médicos respondendo processo administrativo devido essa prática criminosa. Pelo Código Penal esse ato é considerado crime, o que pode levar tanto o médico quanto o trabalhador beneficiado por esse documento, à cadeia.
Têm médicos que não têm o menor escrúpulo de emitir esse tipo de documento. E o que mais chama a atenção são os diagnósticos. Geralmente, os mesmos são os mais subjetivos possíveis como, por exemplo, diarréia, vômitos, dor de estômago, dor na coluna e entre outros, enxaqueca.
Nesse viés, algo deve ficar bem esclarecido, estar doente nem sempre é sinal de incapacidade. O médico assistente do paciente não pode ser condescendente nesse sentido e deixar de se preocupar com as consequências, as quais ele pode enfrentar, tanto no Conselho Regional de Medicina, quanto nas Varas Criminais. Além do mais, para se chegar a uma conclusão diagnóstica há que haver critérios e esses critérios devem ser bem observados pelo médico assistente.
E para o empregador que não sabe, ele pode exigir que os Atestados Médicos concedidos por médicos particulares ou do governo sejam avaliados pelos médicos da confiança da sua empresa ou de sua instituição. Essa é a grande saída para esses crimes que vêm sendo praticados, infelizmente, por médicos inescrupulosos.
É verdade que nós médicos somos muito assediados por amigos, pacientes ou até mesmo por familiares, em busca de atestados de “doença” inexistente a fim de justificar suas faltas. Alguns médicos e até mesmo dentistas levado por considerações de amizade ou laços familiares, acabam cedendo, nesse sentido ao apelo do trabalhador. Nesse caso terão que arcar com as consequências, pois tal conduta é tipificada como punível pela legislação penal e pelo CRM.
Portanto, emitir atestado gracioso é ato reprovável, pois tem a ver com falta de cidadania. Já pensou dentro de um Hospital Geral se quinze servidores faltarem em só plantão, sem motivo nenhum? Quem vão ser os maiores prejudicados? Evidentemente, que a equipe de saúde, a qual vai ficar sobrecarregada e também a população. Essa assertiva é verdadeira também para as empresas particulares e é por isso que os médicos que homologam esses referidos atestados graciosos não podem se submeter a tal agressão à coletividade.
É bom lembrar que, por causa dessa prática “piedosa”, vários médicos por esse Brasil afora já foram indiciados a procedimentos disciplinares e judiciais e isso tem ocorrido porque os empregadores estão acordando e ficando mais atentos nesse sentido.
“Quem semeia a injustiça colhe a maldade;o castigo da sua arrogância será completo.” (Provérbios 22:8).
*Especialista em Medicina do Trabalho/ANAMThttps://www.facebook.com/marlene.de.andrade47Tel.: 3624.3445———————————————A arte de governar – Afonso Rodrigues de Oliveira*“A política tornou-se uma simples especialidade parlamentar. Não é mais a arte de governar um Estado, mas a de ser eleito deputado ou ministro”. (A. Capus)São várias as definições de política, dadas por grandes pensadores, mundo afora. Voltaire, por exemplo, definiu: “A política consiste em tentar igualar os animais, aos quais a natureza outorga alimentos, agasalho e abrigo. Essas simples conquistas são duras para o homem”. Realmente são. São vários os aspectos que demonstram o atraso em que ainda vivemos. Ainda não aprendemos que tudo que acontece dentro das administrações faz parte da política. Não é possível resolver problemas administrativos sem política. Juro pra você que este não era meu assunto pra conversar com você, hoje. Mas fiquei tiririca, lendo o jornal e lendo potocas ditas por políticos que pensam que são políticos, mas que não são mais do que, sei lá o que.
Quando um político vem a público declarar que não pode saldar uma dívida do governo, porque tal dívida foi feita pela administração anterior, está ratificando sua incompetência política. Quando um político assume o poder, assume-o para resolver problemas existentes no poder. O político tem que saber que tudo que um adminstrator público faz na sua adminstração é apenas parte do que ele deve fazer. O que não foi feito faz parte da próxima administração. E quem a assume, assume a obrigação de continuar o desenvolvimento, seja qual for o preço.
O político vir a público dizer que acusações de adversários são arrufos políticos, não sabe o que é política. Um governo nunca será suficientemente eficiente se não tiver oposição competente. O político na política tem que saber conviver com a oposição e respeitá-la dentro do contexto político.
Quando não respeitamos nossos adversários não temos competência para competir. E a política é um campo onde a adversidade faz parte da competência. O político tem que conquistar o respeito do cidadão, como eleitor. É o eleitor que faz dele um político. E o eleitor merece muito mais do que ajudas hipócritas e que o mantém, sempre, nos limites da subserviência. E nunca seremos cidadãos de verdade, enquanto não formos educados e mereçamos o direito ao voto facultativo. E nunca teremos o volto facultativo enquanto não formos um povo civilizado e politicamente educado. E lhe pergunto: qual o político que está interessado em nos educar para que estejamos livres da obrigação de votar? Quando será que iremos votar por dever cívico e não por obrigação politiqueira? Tudo vai depender de você, de mim, de nós. Então vamos fazer nossa parte. Pense nisso.
*[email protected] 99121-1460 ———————————————–ESPAÇO DO LEITORATERROSobre a indefinição em relação às famílias que trabalham na reciclagem de materiais recolhidos do aterro sanitário, a leitora Eunice Magalhães comentou: “Já era tempo destas famílias que ainda residem no aterro terem sido incluídas em algum programa social e de geração de renda. Até mesmo como uma alternativa para quando ocorresse de serem retiradas, elas não ficarem ociosas. São mais de cem famílias que agora passam por esta situação e agora vão fazer o quê? Infelizmente, ainda vivemos em uma sociedade egoísta, que não se preocupa com seu semelhante”.TRÂNSITO 1O leitor Armando Félix da Costa enviou o seguinte e-mail: “Estamos em plena Semana Nacional de Trânsito e, infelizmente, a imprudência e o desrespeito às leis de trânsito continuam ainda sendo as principais causas para a incidência de acidentes com vítimas fatais. Na sexta-feira, quando tiveram início as ações na Capital, um grave acidente chamou a atenção de quem passava pelo bairro São Francisco, envolvendo um S-10, que por pouco não teve consequências maiores. Quando as pessoas passarem a cumprir o limite de velocidade, teremos um trânsito mais seguro”.TRÂNSITO 2Sobre o mesmo assunto, a internauta Laura Martins opinou que, para que possamos ter motoristas mais conscientes, a educação continua sendo a maneira mais eficaz para construir esta consciência, a qual deve ser trabalhada desde cedo, ainda na escola. “Os resultados serão colhidos no futuro, quando teremos motoristas mais prudentes no trânsito, respeitando as leis e dando valor à vida”, frisou.PRESERVAÇÃOO leitor Francisco Cavalcante comentou que, com a chegada do verão, é comum os banhistas começarem a retornar aos balneários mais próximos da Capital. “Mas, por outro lado, fica um rastro de sujeira que, infelizmente, acaba ficando para alguém limpar. Fica como dica para quem costuma utilizar estes espaços públicos a retirada do lixo produzido, e assim contribuirmos para a preservação de nossos balneários”, disse.