Tem jeito, sim!Embora a corrupção seja uma prática presente na política brasileira, ela não é um problema apenas do Brasil ou uma “questão cultural” nossa. E não sou eu em quem está afirmando isso. A avaliação é do advogado alemão Andreas Pohlmann, um dos maiores especialistas em compliance (respeito à legislação) do mundo.
Em entrevista à Folha de S. Paulo, ele disse que a corrupção no Brasil não é resultado de um traço cultural do país, mas da concentração em setores como petróleo e gás, mineração e engenharia e construção para a economia. “Essas indústrias precisam ser olhadas com atenção em qualquer parte do mundo”, disse.
Segundo Pohlmann, o cerco contra grandes companhias que praticam malfeitos está se fechando. “Não há escapatória”, afirmou ao frisar que, hoje, mais países, como o Brasil, estão evoluindo em regulações. “As companhias estão entendendo o risco de não tomarem os passos corretos. Vimos isso na Alemanha, nos Estados Unidos e agora no Brasil”.
Insisto em frisar que, embora exista uma campanha generalizada, beirando ao fascismo, querendo culpar somente um grupo, um partido e uma presidente pelo que está acontecendo na Petobras, por meio da Operação Lava Jato, as grandes corporações mundiais já passaram por isso ou estão lutando contra a corrupção.
“O ‘faz parte da cultura’ é uma falácia. Não há um país no planeta onde a corrupção seja permitida. Há uma tendência de convergência nas regulações anticorrupção. Mais recentemente, até mesmo o Brasil fez sua lei. As empresas têm de entender que não há mais escapatória”, frisou Pohlmann.
Segundo ele, o problema de corrupção do Brasil se relaciona com as indústrias que se desenvolveram no país, como mineração, petróleo e gás, construção e engenharia, as quais são de alto risco para a ocorrência de corrupção. “Essas indústrias são alvo de investigação em qualquer parte do mundo. O que os países têm de fazer é elevar os padrões e garantir que as empresas sejam responsabilizadas”.
Como se pode avaliar, não podemos aceitar que, como brasileiros, somos culturalmente corruptos. Nem que os males do Brasil sejam exclusivos de um faixa da população, de um grupo político isolado, como os nazistas fizeram com os judeus, na Alemanha. A frouxidão com que as grandes corporações seguem, sem ser fiscalizadas, é que fomenta a corrupção.
O Brasil tem começado a fazer a faxina e ainda demandará tempo. Não podemos esquecer que, na Itália, foi quase uma década para Operação Mãos Limpas desratizar aquele país, levando ao fim a Primeira República Italiana e ao desaparecimento de muitos partidos políticos. Alguns políticos e industriais cometeram suicídio quando os seus crimes foram descobertos. Ou seja, há jeito, sim, para o Brasil!
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