Opinião

Opiniao 17 10 2015 1580

Por uma TV cada vez mais pública – Aldenor Pimentel*Com o processo em curso na Universidade Federal de Roraima para a escolha dos novos reitor e vice-reitor da instituição, vislumbra-se uma excelente oportunidade de discussão de um tema que esperamos não ficar em segundo plano neste pleito: o papel e os rumos da TV Universitária nos próximos quatro anos. Tudo o que aqui for dito pode ser estendido à Rádio Universitária, também administrada pelo NRTU/UFRR (Núcleo de Rádio e TV Universitário).

Ainda que sejam demandas urgentes, este texto não se deterá sobre questões tais como: a) a realização de concurso público para os cargos técnicos atualmente ocupados por terceirizados ou alunos bolsistas, como operador de áudio, jornalista, repórter cinematográfico e operador de controle-mestre; b) a transformação do NRTU em entidade com autonomia financeiro-administrativa, a exemplo do que se vê em outras IFES, como a Fundação Rádio e Televisão Educativa e Cultural (RTVE) da Universidade Federal de Goiás (UFG); c) a indicação do diretor pelos funcionários do NRTU, mediante processo eleitoral, semelhante ao que ocorre em outras instituições, como a Defensoria Pública Estadual; d) a estruturação para que a emissora funcione, por escalas, além do horário de expediente do serviço público, a exemplo do que já é feito na TV Brasil, entre outras.

O que os servidores da TV Universitária esperam é que a nova gestão da UFRR ofereça condições para que a emissora seja efetivamente uma TV pública. Para que não reste dúvida, explica-se que, para ser considerada pública, não basta à TV pertencer a um órgão governamental. TV pública não é sinônimo de TV estatal. É pública a televisão feita com foco no cidadão. Qualquer outro uso que não seja guiado por esse princípio configura desvio da verdadeira missão de uma emissora pública.

Da mesma forma como não é função da TV Brasil divulgar o trabalho ou prestar contas das ações do Governo Federal, não é missão da TV Universitária fazer o mesmo em relação à UFRR. Um projeto de extensão, o resultado de uma pesquisa ou qualquer outra iniciativa acadêmica merece divulgação em uma TV pública pelo seu interesse público, e não em razão da entidade que promove a ação.

Cabe a essas emissoras atender ao direito constitucional do cidadão de ter acesso à informação e fornecer a ele conteúdo para que possa exercer sua cidadania. Não compete a uma TV pública trabalhar positiva ou negativamente junto ao telespectador a imagem de quaisquer personalidades ou instituições públicas ou privadas, nem mesmo o Governo Federal ou a UFRR.

Com uma TV que cumpra seu papel de emissora pública ganham todos: o público, que tem seus direitos atendidos; a televisão, que ganha credibilidade e audiência; e os gestores, que ganham o respeito da comunidade e o reconhecimento pelo bom trabalho, pela visão democrática e pelo investimento em uma ferramenta permanente de educação não formal que contribui no processo de emancipação do sujeito.

*Mestre em Comunicação e jornalista do NRTU/UFRR——————————————O povo no poder – Jaime Brasil Filho*Com contingenciamento do repasse do duodécimo aos órgãos e poderes, greve de professores, suspensão das atividades no matadouro público; com a cidade fedendo a esgoto que cai diariamente em igarapés e que também é lançado diretamente na rede de captação de águas pluviais; com denúncias recorrentes do descaso em relação à saúde pública etc. Foi assim que não comemoramos mais um ano de criação do nosso Estado. Não preciso me repetir dizendo que a qualidade de vida do povo que vive em Roraima só piorou dos anos 1980 para cá. Quem vive aqui desde essa época, sabe.

Hordas de ladrões de gravata, décadas de esquartejamento, loteamento e sucateamento da máquina pública. É a nossa realidade. O clientelismo como forma prioritária, e quase única, de se fazer a mais baixa política que há.

Gente que nunca teve outra atividade na vida a não ser “servir ao público” recebendo salário para isso, e, ainda assim, tem um padrão de vida (do ponto de vista do consumo) muito maior do que qualquer empresário honesto.

Roraima é um pequeno retrato do país. Com suas lutas fratricidas por poder e dinheiro (públicos, claro), com seus comensais de pires na mão (leia-se faturas e notas de empenho), esperando pagamento em troca de um percentual de propina a ser dada ao ocupante do poder.

Conspirações de bastidores, estratégias e táticas de grupos de chacais que se unem para saquear o povo e roubar-lhe as esperanças futuras e o próprio presente. Esse é o cotidiano do nosso Estado.

Nada do que acontece em Roraima deixa de acontecer em Brasília, mas em escala menor, claro. No restante do país não é diferente.

Quem vive aqui sabe, quem vive aqui sente.

Aqui, à boca miúda, todos sabem quem roubou, quanto e com quem. Só quem deveria saber e agir parece desconhecer.

As declarações dos ex-governadores à FolhaBv sobre o aniversário de Roraima mostram o deslocamento e o descolamento da visão que eles têm da nossa realidade. Todos são unânimes em dizer que não podemos continuar a depender somente dos repasses da União, e que precisamos de outras fontes de riqueza.

Bem, em relação à primeira parte dessas afirmações óbvias: se usássemos somente os recursos repassados ao nosso Estado com honestidade e pensando no bem do povo, já seríamos o povo com a melhor qualidade de vida do país, dado o tamanho da nossa população. O problema ético em Roraima pesa mais. A honestidade, se existisse ao menos majoritariamente, resolveria muita coisa. Mas, se eles, os ex, acham que precisamos de outra fonte de riqueza, por que eles insistem em fontes que são concentradoras de renda, que precisam de financiamento público, que são isentas de tributos, que são subsidiadas com dinheiro público e que envenenam o solo, as águas e o ar? Essa riqueza extra é para quem, para o povo?

Riqueza é conhecimento. Somos um Estado pobre em um país pobre. Não é porque estamos cercados de riquezas naturais que somos ricos. Há que se ter conhecimento para transformar os recursos naturais em riqueza humana, e o Brasil tem tratado a educação, a produção científica e tecnológica como lixo.

Enquanto tivermos o atual nível de educação formal que temos, seremos pobres. Seguiremos exportando matérias-primas e importando bens processados. Isso vem desde o Brasil Colônia. Um navio com toneladas de soja que exportamos equivale há alguns quilos de placas de sistemas eletrônicos que importamos.

Temos que buscar caminhos de desenvolvimento que atendam as peculiaridades, especificidades e as necessidade da soma do nosso povo, e que respeite a fragilidade e a beleza do meio em que vivemos: o vale do Rio Branco.

Por outro lado, estamos em um momento riquíssimo na história do Brasil e de Roraima. Porque os momentos de desilusão, de exposição dos dilemas e contradições, são sempre combustíveis para a transformação.

O povo sempre foi massacrado pelos ocupantes da Casa-Grande, pelos que se acham diferentemente superiores, pelos que acreditam em “meritocracia” em uma sociedade profundamente desigual em oferta de oportunidades.

Sempre quando houve esperanças de mudança na nossa história, a Casa-Grande deu seu jeito de cooptar as forças “desobedientes”, sempre enquadrou a rebeldia, sempre torturou e matou a verdade.

Vivemos um quadro atual onde os que acusam também são acusados. Onde muitos dos que vão pra rua exigindo honestidade, são desonestos.

Não há, de fato, nenhuma força política com chances reais de chegar ao poder que não seja neoliberal e que não faria na economia a mesma coisa que Dilma está fazendo: pondo o povo para dar dinheiro aos banqueiros e especuladores. Nem Aécio, nem Temer, nenhum deles. Todos compartilham da mesma visão.

Mas, esse mato-sem-cachorro pode nos dar a chance de superarmos o atual sistema.

A República está ocupada e cercada por ladrões. A corrupção faz parte há muitas décadas, das estruturas quase oficiais de governabilidade.

A falsa esquerda que traiu o povo, representada pelo PT e aliados, está desmascarada. Somente ingênuos, pessoas profundamente equivocadas ou pensadores desonestos podem ver nessa falsa esquerda, gerenciadora da crise do capitalismo, alguma esperança para o nosso país.

Precisamos de condução consciente para sairmos desse atoleiro histórico.

Temos somente uma saída, a organização do povo.

Apenas com o povo exercendo o poder, diretamente e democraticamente, conseguiremos sair das mãos enganosas e desastrosas daqueles que já nos mostraram do que são capazes.

*Defensor Público—————————————————–É nas dificuldades que aprendemos – Afonso Rodrigues de Oliveira*“A boa madeira não cresce com sossego. Quanto mais forte o vento, mais fortes as árvores”. (Willard Marriott)Nunca veceremos uma batalha se ficarmos ajoelhados diante do inimigo. A humanidade sempre evoluiu com guerras e destruições. Mas isso não quer dizer que devemos continuar como trogloditas, em batalhas que nem sempre são visíveis. O violência é natural na evolução humana. Mas, mais importante do que saber disso é pôr em prática o saber e procurar a saída para um mundo melhor e mais racional. E para atigir a racionalidade é necessário que saiamos do círculo humano. Comecemos por entender que nunca vamos nos livrar da violência preparando-nos para a violência. O maior inimigo da guerra é a paz. Se nos prepararmos para a paz acabaremos com as guerras. E a mais terrível das guerras que nos tortura no momento, é a guerra de ruas, que enfrentamos sem preparo para o combate.

Nunca vamos alcançar paz e tranquilidade na sociedade, enquanto nos prepararmos para a luta. Não adianta criticar a polícia quando ela é preparada para a guerra e não para a paz. Já falamos disso até mesmo para autoridades responsáveis pela segurança, mas nunca fomos entendidos. Já fiz essa experiência nas ruas de São Paulo e Rio de Janeiro, faz alguns anos. Mas ninguém acredita nela. E é aí que naufragamos. O policial quanto mais preparado mais propenso à violência. E não conseguiremos entender isso enquanto não dermos atenção à força das Relações Humanas, como ela realmente é. O policial é preparado para combater o bandido e não para protejer o cidadão. De quem é a culpa na preparação? Não há culpados. O que há é falta de entendimento.

Poucas décadas atrás, a polícia paulistana era bem mais preparada do que a carioca. Hoje, por conta do crescimento da violência, ambas se equiparam. Estão igualmente bem preparadas. Só que continuam se preparando para o combate à violência de rua, e não para proteger o cidadão, nas ruas. E isso não é uma crítica; é um ponto de vista baseado no conhecimento das Relações Humanas. Décadas atrás fiz essa experiência nas ruas do Rio de Janeiro e de São Paulo. Já falei disso aqui, neste espaço, e pessoalmente, com autoridades da segurança. Mas está terminando meu espaço aqui e agora. Vamos falar disso, outro dia. O importante agora é que aproveitemos este fim de semana para uma reflexão madura sobre este assunto que nos preocupa e nos leva, atualmente, para as ruas, tentando fazer o que os que deveriam fazer não estão fazendo. Vamos fazer nossa parte crescendo como crescem as árvores judiadas pelo vento forte. Pense nisso.

*[email protected]    99121-1460————————————————-

ESPAÇO DO LEITOR ZIKASobre a matéria dos casos de zika no interior, o leitor Edcarlos comentou: “Gostaria de contestar os dados informados pela Secretaria Municipal de Mucajaí em relação aos casos de zika. Só na minha residência foram mais de três pessoas infectadas, ou seja, contradiz o que foi informado pelo prefeito. Outra questão é o alarmante número de pessoas com malária nas regiões de Campos Novos e Roxinho. Sem contar no descaso no atendimento aos pacientes que procuram o hospital municipal, e ainda somos obrigados a esperar a boa vontade dos técnicos para coletarem amostras de sangue para serem enviadas para Belém para o diagnóstico da doença”.TRÁFICO A leitora Eleonora Marinho observou que está sendo frequente a prisão de casais envolvidos com o tráfico de drogas na Capital. “Analisando esta situação, me pergunto o que acontece para a desestruturação dessas famílias, as quais se envolvem pelo caminho da criminalidade e não conseguem uma ocupação digna para garantir o sustento de seus filhos. É lamentável”, frisou.ATRASOServidores do Município do Cantá enviaram a seguinte reclamação: “Mais uma vez, os assistentes de saúde municipais não receberam seus salários dentro do prazo. Esta situação está se tornando corriqueira e as contas só se acumulam. Mesmo contra nossa vontade, teremos que paralisar nossas atividades pela falta do pagamento, até para alertar sobre esta situação”.SUCATASobre a retirada dos carros que estavam acumulados no antigo prédio da Secretaria de Segurança, o leitor Adalberto Lopes fez o seguinte comentário: “Minha residência é bem próximo deste local e aguardávamos com expectativa a retirada destas sucatas, que no inverno se tornavam criadouros do mosquito da dengue e outros insetos. Não adianta transferir de local, porque ocorrerá o mesmo problema. O ideal seria dar uma destinação para estes veículos que, pelo tempo que estavam expostos a sol e chuva, muitos não servem mais para nada”.