Fim da linhaToda essa mobilização de políticos e autoridades para tentar a liberação das obras do linhão de Tucuruí, única solução para o grave problema energético de Roraima, ocorre com décadas de atraso. Porém, diz o ditado popular, antes tarde do que nunca. Mar por que tanta demora?
Essa resposta eu venho apresentando há quase duas décadas, quando comecei a escrever neste espaço. Empenhados em seus interesses particulares e de grupos, os políticos não fizeram questão de se apressar para resolver a questão, uma vez que eles sabiam que podiam engabelar o povo a cada pleito eleitoral.
E, assim, a cada eleição, os políticos conquistavam votos aplicando os mais diversos golpes: distribuição de terrenos, doações de buchada, cesta básica e dentaduras, festas regadas a cachaça no interior, apadrinhamento de festas de formatura, gafanhotagem, pagamento de contas atrasadas, bilhetes de passagem aérea ou de ônibus… e assim por diante.
A população, tratada e já viciada no clientelismo, não ligava se havia energia elétrica, se os hospitais funcionavam, se o trânsito precisava de planejamento, se a cidade estava esburacada e se havia um projeto para tirar o Estado da dependência dos recursos federais.
E, assim, os anos foram se passando. Compromissados apenas com suas reeleições, articulações políticas de grupos e com seus negócios proeminentes que misturam dinheiro público com suas contas correntes particulares, os políticos não fizeram esforço para resolver as questões maiores, como a da energia.
A consequência disso estamos sofrendo agora. E os frutos dessa política de interesses pessoais ou inconfessáveis estão por todos os lados, com reeleições sem-fim, políticos ricos sem antes terem sequer uma quitanda de frutas e um Estado alquebrado. Como um dia o Estado iria crescer, tanto em termos populacional quanto intelectual, não há mais como continuar na política do pão e circo.
Então chegou a hora de agir, pois uma complicada eleição municipal está por vir e uma grande batalha pelo Governo do Estado, em 2018, já começou a ser travada. Com as redes sociais servindo como instrumento de transparência, não há mais como se esquivar e se esconder.
Como já me referi, antes tarde que nunca. Porém, estamos pagando um preço muito caro por nossa condição de povo acostumado ao clientelismo e políticos venais, em sua maioria, descontando as raras exceções. E os órgãos fiscalizadores não podem mais ficar de conluio com a politicalha, pois também estão sendo cobrados.
O que se espera é a solução não somente da questão energética, mas de todos os nossos graves problemas. E que a população acorde para a realidade, pois o tempo de buchada não se admite mais e o voto de cada um também é responsável por mudar ou não (para pior ou para melhor) a realidade de Roraima. Game over!
*JornalistaAcesse: www.roraimadefato.com/main