Os supercríticos Ganhou força, na internet, um comportamento que empurra as pessoas a não entrarem em polêmicas ou a não fazerem críticas por posicionamentos de outras pessoas. É como se cada pessoa tivesse que aceitar um mundo isolado, como se fosse uma bolha social. O “deboísmo” acabou por reforçar essa “nova tendência”.
Lembremos que, não faz muito tempo, criticar era considerado crime, quando o Brasil vivia na ditadura. Uma insinuação qualquer era determinante para os sensores do regime militar mandarem empastelar jornal, fechar emissora de rádio ou TV, impedir execução de músicas, prender e torturar pessoas.
Depois de um período de luta e conquistas, os brasileiros recuperaram a democracia e compreenderam que a crítica é um instrumento essencial para fazer a sociedade se desenvolver, uma vez que é por meio da crítica que as polêmicas eclodem; e a polêmica é que faz com que novas ideias e propostas surjam.
O confronto de ideias é essencial para renovar a democracia e fazer com que as pessoas assimilem pontos de vista diferentes. A não ser que haja uma ditadura militar ou religiosa, uma vez que os extremistas religiosos descambam a falar em nome de Deus como autoridades soberanas, inquestionáveis e incontestáveis pelos “reles mortais”.
Não é à toa que governantes corruptos e ditadores abominam a crítica, pois ela é a chama que desperta os cidadãos a monitorar o poder e a cobrar que as políticas públicas sejam executadas em favor do bem-estar da coletividade. É por isso que,, toda vez que um ditador assume, a primeira decisão é silenciar os críticos, a começar pelos veículos de comunicação social.
Então, esse comportamento de abominar os críticos nas redes sociais tem um viés perigoso para a manutenção da democracia e o fortalecimento da cidadania. Um cidadão ciente de seus direitos é um questionar, um crítico a serviço da sociedade. Mas criticar não quer dizer esculachar, atingir a honra e a moral alheias. Ser crítico é ter responsabilidade.
O crítico é a criança a apontar que o rei está nu. Porém, com essa “nova tendência”, que presa pelo individualismo e pelo comportamento “pós-moderno” (“Os pós-modernistas querem rir levianamente de tudo, encarando uma ideia de ausência de valores, de vazio, do nada e do sentido para a vida”), quer despedir as pessoas de sua criticidade.
Surgiram, então, os supercríticos, que criticam quem critica, debochando de quem tem um posicionamento sobre determinados assuntos ou posturas. Os críticos dos críticos querem tão somente estar por cima, defendendo que as pessoas façam “o que vier à cabeça”, que não estejam está nem aí para consequências ou a coletividade, se a sociedade deveria melhorar ou não.
Tenhamos cuidado em se intimidar com os críticos dos críticos. Eles querem nos reduzir à insignificância, ao limbo do conformismo e do mundo sem ideais e sem fé em mudanças. Muito cuidado, jovens!