Da janela do carroAlém das imprudências e imperícias de condutores que vejo todos os dias nas ruas e avenidas de Boa Vista, outro fato que chama muita a atenção é a naturalidade com que as pessoas lançam, em via pública, o lixo pela janela do carro ou da garupa da moto. Pela minha criação de respeito ao meio ambiente, não consigo conceber o que pensa um cidadão ou cidadã que age assim.
Minha hipótese é que muitos concebam o espaço público como “lugar de ninguém”, onde se pode fazer isso porque tem o poder público para limpar, consertar e repor. E isso aliado à falta de educação não apenas ambiental, mas de convivência mesmo, de cidadania, de família. Porque uma família que preza pela educação sabe respeitar qualquer espaço, principalmente o público.
Quem recebeu educação ambiental sabe que a natureza tem a “lei do retorno”, ou seja, ela devolve o mal ou bem que fizermos a ela. Em outras palavras, se lançarmos o lixo no meio ambiente, ele voltará em forma de alagamentos ou outro tipo de tragédia maior. Se cuidarmos, virão proteção, equilíbrio e outros benefícios coletivos.
Quem recebeu educação familiar ouviu os pais dizerem desde cedo que “costume de casa vai à praça”, por isso aprendeu que é necessário respeitar espaços, saber conviver com o outro e obedecer a regras sociais ou leis que visam preservar a cidadania e o bem coletivo. E isso se aprende desde criança.
Lançar o lixo pela janela do carro é o atestado de uma pessoa que não teve nada disso. Ou, se teve, cresceu uma pessoa doente, que não respeita limites, não valoriza o próximo nem está disposto a aceitar o público como um bem que deve ser protegido por todos, uma vez que cada contribuinte banca o que é gasto pelos governos, por meio de impostos e taxas.
O básico de uma pessoa que recebeu educação ambiental é saber que o seu carro precisa ter uma sacola de lixo ou, na falta dela, que seja descartado dentro do veículo, para que depois possa ser recolhido. Até mesmo o bolso da calça ou da blusa pode servir para depositar temporariamente algum tipo de lixo menor.
Não há desculpa alguma para lançar lixo em via pública. O mundo não concebe hoje atitudes que não considerem a coletividade. E não faltam campanhas de preservação e de conscientização. Porém, pelo que as cenas urbanas indicam, muitos não querem ser conscientizados, passando a respeitar apenas quando há ações repressivas ou penalidades que mexam no bolso.
É necessário que as famílias possam refletir em educar crianças para que elas se tornem adultas responsáveis. Não há outra forma de mudar o que está errado hoje. E a educação ambiental é uma das bases para que qualquer pessoa se torne cidadã de bem. Quem respeita o meio ambiente respeita pessoas, respeita convivência e respeita leis.
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