Opinião

Opiniao 04 02 2016 2010

Um cidadão de alma iluminada que a Paraíba lembrará sempre – Francisco de Assis Campos Saraiva*

No dia 16 passado, recebi um vídeo que me foi enviado pelo inestimável amigo Marízio Coutinho Araújo, um paraibano que ama as belezas da terra e sabe engrandecê-la no momento oportuno. O vídeo é primoroso e me trouxe o pulsar de grandes recordações, do torrão bendito que me acolheu nos melhores anos de minha juventude, onde auferi ensinamentos preciosos de dignidade e retidão, de homens sábios, cultos, destemidos, autênticos, poetas vibrantes, escritores iluminados, políticos verdadeiros, professores de brio, mestres talentosos de grande sabedoria, que me facultaram horizontes promissores como prêmio luminar para meu espírito, norteando-o com a clarividência necessária rumo a um destino alvissareiro como bússola orientadora do meu viver em tudo de bom que pudesse humildemente alcançar.

Tenho orgulho de ser filho por adoção dessa terra maviosa, a cidade linda de João Pessoa – Paraíba, de uma cultura altiva, de filhos iluminados, que no perpassar de sua existência, deram-lhe o brilhantismo e a grandiosidade de que é merecedora. A mensagem que me foi enviada é de uma singularidade auspiciosa, que retrata o perfil de um cidadão admirável, que deixou a seus pósteros uma fonte cultural suntuosa da mais viva expressão: Ronaldo Cunha Lima, que tenho soberbo orgulho de pertencer a sua geração.

Um ilustrado mestre, um magnífico paraibano da mais alta expressão que se possa imaginar. Seu nome batismal: Ronaldo José da Cunha Lima, que nasceu na cidade paraibana de Guarabira em 18 de março de 1936.

Filho de Demostenes Cunha Lima e de Francisca Bandeira da Cunha. E sua alma gêmea Maria da Glória Rodrigues da Cunha Lima, com quem teve quatro filhos: Ronaldo Cunha Lima Filho, Cássio Cunha Lima, Glauce Cunha Lima e Savigny Cunha Lima. Teve uma vida juvenil de dificuldades, pois com apenas 15 anos de idade, mais precisamente em 1951, iniciou no batente como jornaleiro e depois garção no restaurante do irmão Aluísio. Trabalhou na Associação Comercial de Campina Grande. Rede Ferroviária do Nordeste e no Cartório de Dona Nevinha Tavares. Necessitava de renda pecuniária para custear os estudos e ajudar nas despesas domésticas.

Seu pai, Demóstenes Cunha Lima, ex-prefeito de Araruna-Paraíba, faleceu cedo, deixando Dona Nenzinha, sua mãe, com a responsabilidade de criar e educar a família. Ainda jovem Ronaldo projetada vocação para a política e nela não tardou a desenvolver suas aptidões. Como estudante, foi representante e vice-presidente do Centro Estudantil Campinense. Sua carreira política teve início em 1959, como vereador de Campina Grande pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), deputado estadual por dois mandatos. E como prefeito eleito em 1968, pelo Movimento Democrático Brasileiro (MDB). Em 14 de março de 1969 teve os direitos políticos cassados por dez anos, ficando no ostracismo com dificuldades. Foi para São Paulo e depois para o Rio de Janeiro, onde recomeçou sua carreira como advogado. Ronaldo era portador de uma simpatia nata. Em 1982 foi anistiado e reconduzido à prefeitura de Campina Grande pelo voto popular, onde ficou até 1989. Era muito inteligente e condutor de uma aparência física cativante. O conheci em João Pessoa, quando era Deputado Estadual, em 1965.

Ronaldo Cunha Lima foi um advogado de brio, promotor de justiça, poeta eloquente e um político atuante com absoluta desenvoltura. Foi vereador de Campina Grande, deputado estadual da Paraíba por dois mandatos consecutivos, prefeito de Campina Grande em duas oportunidades, governador da Paraíba, senador da República e deputado federal eleito por duas vezes. Era um cidadão culto a toda prova. Membro da Academia Campinense de Letras. Membro do Conselho Federal da OAB. Em 2004 foi indicado para ocupar uma cadeira na Academia Paraibana de Letras (APM). São suas obras: 50 Canções de Amor e um Poema de Espera. Poemas de Sala e Quarto. A Serviço da Poesia. Sede de Viver Boqueirão. Roteiro Sentimental. Poesias Forenses. Eu nas Entrelinhas – Extratos e Retratos de minha Vida. As Flores na janela sem ninguém. E outras obras que marcaram sua dinâmica atuação.

Como advogado, a pedido de um amigo que teve seu violão preso em uma serenata, redigiu ao juiz a seguinte petição em versos, que ficou conhecida como HABEAS PINHO. Exmo. Senhor Juiz de Direito da 2ª Vara desta Comarca: O instrumento do crime que se arrola neste processo de contravenção não é faca, revólver nem pistola. É simplesmente, doutor, um violão. Um violão, doutor, que na verdade não matou nem feriu um cidadão. Feriu, sim, a sensibilidade de quem o ouviu vibrar na solidão. O violão é sempre uma ternura, instrumento de amor e de saudade. Ao crime ele nunca se mistura. Inexiste entre eles afinidade. O violão é próprio dos cantores, dos menestréis de alma enternecida que cantam as mágoas e que povoam a vida sufocando suas próprias dores. O violão é música e é canção, é sentimento de vida e alegria, é pureza e néctar que extasia, é adorno espiritual do coração. Seu viver, como o nosso, é transitório, porém seu destino se perpetua. Ele nasceu para cantar na rua e não para ser arquivo de Cartório. Mande soltá-lo pelo amor da noite que se sente vazia em suas horas, para que volte a sentir o terno açoite de suas cordas leves e sonoras. Libere o violão, Dr. Juiz, em nome da Justiça e do Direito. É crime, porventura, o infeliz, cantar as mágoas que lhe enchem o peito? Será crime, e afinal, será pecado, será delito de tão vis horrores, perambular na rua um desgraçado derramando na rua as suas dores? É o apelo que aqui lhe dirigimos, na certeza do seu acolhimento. Juntando esta petição aos autos nós pedimos e pedimos também DEFERIMENTO. Ronaldo Cunha Lima, advogado.

O juiz, por sua vez, como poeta que era, despachou usando a mesma linguagem poética em verso popular: Recebo a petição escrita em verso e despachando-a sem autuação, verbero o ato vil, rude e perverso, que prende no Cartório, um violão. Emudecer a prima e o bordão, nos confins de um arquivo, em sombra imerso, é desumana e vil destruição de tudo que há de belo no universo. Que seja Sol, ainda que a desoras, e volte à rua, em vida transviada, num esbanjar de lágrimas sonoras. Se grato for, acaso ao que lhe fiz, noite de luz, plena madrugada, venha tocar à porta do juiz.

Que maravilha jurídica poemática em execução de um juiz digno de louvor, que se projetou como autoridade sábia e uma criatura humana de primeira grandeza, merecendo de todos os mais eloquentes aplausos. Ronaldo Cunha Lima morreu em 7 de julho de 2012, aos 76 anos de idade, em João Pessoa – Paraíba, deixando um legado cultural da mais viva expressão e a saudade imorredoura que ficou cravada no peito de todos nós e o orgulho singular de herdar tantas belezas poéticas e as maravilhas da obra que edificou nos anais da história radiante do Universo Paraibano, dignas das melhores referências elogiosas, que um povo altaneiro, de viva voz, pode orgulhosamente narrar. “O temor do Senhor é o princípio da sabedoria, e o conhecimento do Santo é prudência.” (Provérbios 9.10).

*Oficial R1 do Exército e Empresário, titular do Laboratório Lobo D’Almada, membro da ALB e da ALLCHEE-mail: [email protected]

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Quando iremos entender? – Afonso Rodrigues de Oliveira*

“No Brasil só há um problema nacional: a educação do povo”. (Miguel Couto)

Juro pra você que daqui a poucos dias votarei a falar de assuntos agradáveis, nos nossos papos diários. Mas por enquanto continuarei falando de coisas que me preocupam nas minhas caminhadas. Até parece que estou de férias, mas não é. Estou só revivendo. E parece que estou ficando chato comigo mesmo. Enquanto me divirto observo o que não deveria observar, para não estragar meu divertimento. Mas não dá pra ser diferente. Passei pouco mais de uma semana curtindo a praia no litoral sul de São Paulo. Diverti-me pra dedéu. Mas passei muito tempo observando coisas erradas que indicam o descontrole no poder público. Voltei a Sampa e não parei de observar coisas ruins, o que não é meu costume. Mas não posso evitar, por uma questão de responsabilidade. Daqui a mais uns dias irei para ao Rio de Janeiro. Não sei quantos dias passarei por lá, mas já pedi à minha filha Helena, pra ela me controlar nas observações. Depois voltarei a São Paulo e daqui para Boa Vista. Aí irei iniciar um trabalho sério para o qual assumi um compromisso.

Você com certeza já observou que tenho repetido várias vezes a frase do Miguel Couto. E vou repeti-la muitas vezes. Isso porque ela se enquadra exatamente no pensamento dos que observam o descontrole no comportamento social do brasileiro. Fico olhando e me convenço de que todo o desmantelo social está ligado à falta de educação. Sem educação não teremos saúde satisfatória, nem segurança à altura da cidadania. Ontem estive num posto de saúde, para retirar um cartão do SUS para a dona Salete. Confesso que saí do ambiente feliz da vida por morar em Boa Vista. Todas as reclamações e críticas que ouvimos todos os dias, pela deficiência no atendimento na saúde pública em Roraima, nos fariam calar, se entrássemos no posto de saúde, aqui, na região Sé, bem próximo à nossa residência. O atendimento dos funcionários foi nota cem. Refiro-me apenas à condição precária do ambiente.

Vamos cuidar da nossa educação. Não seremos um povo civilizado enquanto não formos um povo educado. E ainda não entendemos que educação é como samba, não se aprende na escola. E não estamos educando satisfatoriamente, nossos filhos nos lares. Testemunhei isso, várias vezes por onde ando. Estive conversando com duas sobrinhas minhas que são diretora e professora de escolas públicas e tive dó delas. E não me falaram de nada de que eu já não tivesse conhecimento. E só nós, cidadãos, temos o poder de mudar esse cenário. Comecemos por reclamar o nosso voto facultativo. Pense nisso.

*[email protected] 99121-1460

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ESPAÇO DO LEITOR

PREJUÍZO Em relação à matéria sobre a liberação do abastecimento de brasileiros no posto de Santa Elena de Uairén, na Venezuela, a leitora Bernadethe Almeida comentou: “Ao que parece, o número de turistas que se deslocam todos os anos para o Município de Pacaraima deve diminuir consideravelmente, este ano, por conta deste entrave envolvendo os indígenas que administram o posto de combustível. Com isso, boa parte dos empresários que têm comércio na localidade fica prejudicada, pois sempre neste período de festividade é oportuno para obter um lucro a mais. Pelo que parece, somente depois do Carnaval é que esta situação deverá ser resolvida”.

QUEIMADAS“Os focos de incêndios que ocorrem ao redor das rodovias, em parte, têm a contribuição da população, que costuma jogar todo tipo de sujeira nestes locais. Ao retornar de Amajari, neste fim de semana, próximo da Vila Três Corações, flagrei um veículo jogando garrafas de cerveja bem perto da vegetação que se encontra totalmente seca. Isso é a mesma coisa que ascender um fósforo, pois em contato com o sol forte, acaba produzindo faísca, que facilmente pega fogo. Daí iniciam as queimadas ao redor das rodovias. Ficam o alerta e a dica para que os motoristas evitem jogar lixo nas estradas”, denunciou a moradora de Amajari, Ivone Martins Carneiro.

SEM RONDA O leitor Rafael Guimarães ([email protected]) comentou: “Estou percebendo que a cada dia está sendo reduzida a quantidade de veículos que prestam ronda ostensiva na cidade, principalmente no Conjunto Cabos e Soldados e parte do Caranã. Já não é tão comum notar a presença de carros do Ronda no Bairro circulando com tanta frequência. E quando solicitamos uma viatura para dar suporte, a informação é de que estão atendendo outra ocorrência e eles pedem para aguardar a chegada da viatura”.

AUMENTO“Mesmo em tempo de forte estiagem, existem atravessadores que se aproveitam da situação e começam a querer ganhar um lucro em cima da situação. Exemplo disso é a disparidade do preço do tomate que antes custava R$ 3,00 e agora, em todos os supermercados, está sendo comercializado acima de R$ 10,00, sem contar as outras verduras que tiveram um aumento considerável”, escreveu a servidora pública Dalila Sampaio.