Opinião

Opiniao 13 02 2016 2034

Como multipliquei dois limões – Erasmo Sabino*

Esta semana, me defrontei com uma situação séria, já tratada por mim aqui neste espaço, em artigo anterior, quando lembrei os estragos e as mazelas que as invasões acabam criando para o desenvolvimento normal de Boa Vista e do mercado imobiliário.

Sei que entre os invasores sempre há aqueles que, desesperados por não terem um teto, embarcam nessas aventuras. Que podem dar certo caso o poder público busque soluções que equacionem os problemas sociais com a imperativa necessidade de se agir dentro da legalidade.

Minha empresa é dona de uma área no Bom Intento e fui apanhado de surpresa pela invasão do terreno, com a agravante de que alguém estava preparando uma ampliação da ocupação por dezenas de outras pessoas. Notícia que me afligiu, pois entendo que o que é meu é meu, e o que dos outros é dos outros.

Antes de ir ao local, pedi ao Grande Arquiteto do Universo que me desse uma luz e clareasse as minhas ideias. Pois foi então que, vendo dois limões, me convenci de que aquela era uma oportunidade para reafirmar minha fé e usar todos os ensinamentos que recebi do Pai Celestial.

Na conversa que tive com os invasores, percebi que poderia fazer uma grande limonada com apenas dois limões. A solução que dei, e eles até me agradeceram pela assessoria, foi: cadastrar os invasores ou sem-teto, montar uma associação para que ela possa legalizar o terreno e pleitear o financiamento pelo programa “Minha Casa, Minha Vida”.

Cumpridos esses quesitos, vejo como as duas situações podem ser mais facilmente resolvidas: a minha, por eu ter a terra já documentada, e a dos invasores, exatamente porque eles precisam de moradia e enquadram na política de habitação social da presidente Dilma. As condições, então, já favorecem a elaboração desse tipo. Ou seja, terreno com documento, pobre sem-teto e a Caixa com recursos para bancar a sua execução.

Ademais, eles se unem em uma associação, eu cuido do projeto de loteamento e ainda corro atrás das autoridades que têm voz em Brasília e proximidade com a presidente para que portas sejam abertas. Quer dizer, bom para eles que terão um lote para erguer um teto e bom para mim que vendo os lotes para a Caixa, tudo dentro das conformidades.

Ao usar a sabedoria para que desocupassem a área pacificamente, ambos assumimos compromissos. Agora eu vou cuidar da papelada e os invasores garantem que não vão mais entrar na área e ainda vão cuidar para outros não entrem naquela que será sua futura moradia. Ou seja, multipliquei os limões e fiz uma grande limonada.

*Empresário

————————————

As deficiências dos políticos – Vera Sábio*

Há uma estatística revelando que existem mais de 24% da população brasileira com alguma deficiência. Porém, nada é declarado sobre aqueles que se denominam cegos, surdos, deficientes intelectuais e paralíticos, presentes nos políticos e fixados principalmente através da imunidade parlamentar. Talvez, pelo único motivo de que querem parecer verdadeiros, honestos e capazes de denunciar a terrível corrupção ocorrente.

Mas simplesmente, não fazem isto, porque não viram nada, não sabem de nada, não ouviram nada e não participaram de nada… Usam em seus olhos, ouvidos e consciência; uma “venda” extremamente eficiente, chamada “dinheiro”. O poder fornecido pelo dinheiro e a ambição de tornarem-se ricos ofusca os olhos, tapa os ouvidos, trava os passos e retira o raciocínio que diferencia os seres humanos dos outros seres vivos.

O respeito ao bem público, a ética, a moral, a honestidade e o que sempre pregam em campanhas eleitorais: “Estamos aqui para servirmos à população, cuidarmos do país e melhorar a Pátria…” São palavras levadas pelo vento que apenas em momentos de tempestade, quando estão correndo o risco de desmoronar, retornam com a doçura de inocentes, com o mesmo jeito de “cegos, surdos, lentos de raciocínio e paralíticos” de antes.

Só não fazem nada de bom porque são paralíticos, impossibilitados de dar um passo e ganhar um tiro no pé. Só não falam nada, pois “surdos” nos seus interesses, nada ouviram e nada podem declarar. Só não propõem uma mudança transformadora para melhor, pois seriam descobertos e presos, se esta mudança realmente fosse feita. E só não enxergam nada, pois o comodismo da “cegueira” é útil para sua sobrevivência no poder.

Assim multiplicam as mentiras, adiam as soluções e empurram os fatos com a barriga na certeza de que brasileiro é de memória curta e basta um grande evento, a Copa do Mundo, as Olimpíadas, algum lazer e benefício para logo tudo ser esquecido. Assim as contas dos políticos vão para o exterior, tornando-se cada vez mais gordas enquanto o Brasil magro, desnutrido e empobrecido arrasta-se para um futuro sem boas perspectivas.

Não gosto desta verdade nua e crua, pois ela dói mais do que viver na ilusão que tudo será melhor. Todavia, se os brasileiros não tomarem posse dos direitos de cidadãos e agirem com empatia a todos, sabendo que podemos bem mais do que imaginamos.

Já que não tem como modificar esta realidade somente com palavras de otimismo, as quais são bonitas, porém vazias de ações, precisamos colocar nossa mão na massa, mostrar nossa indignação, revelar nossa força e, se a política está com quase todos os “políticos deficientes”, é nossa hora de enxergar, ouvir, falar, raciocinar e dar o primeiro passo para uma grande transformação.

*Psicóloga, palestrante, servidora pública, esposa, mãe e cegaCRP: 20/04509Cel.: 991687731e-mail: [email protected]

————————————

Vivam o amor – Flávio Melo Ribeiro*

A vida está aí, e cada um traça sua jornada através dos passos diários que aprendeu a dar. Neste caminho que se faz, é de responsabilidade de cada um o rumo que vai tomar. Essa trajetória é feita de ação, razão e emoção, e está última interfere diretamente nas duas anteriores. As vezes atrapalhando, noutras proporcionando agradáveis surpresas e no mais temperando e dando sentido à vida. Dentre as emoções a mais forte é o amor, e sem dúvida a que mais mexe com o coração do ser humano. Muitas vezes vem como fogo que queima e noutras vai como o vento que leva: traz aconchego e sofrimento, carinho e saudade, tesão e raiva. E não podemos esquecer que o amor também sofre interferência da ação e da razão. Juntos e misturados esses três elementos constituem a base da personalidade.

O amor quando vem como fogo que queima, é arrebatador. É o sonho que se dá acordado! A vida tem mais brilho, as paisagens mais cores e o ar é mais leve. Todos os sentidos ficam apurados, o vigor é intenso e a atenção só tem um foco. Mesmo as adversidades para se encontrar com a pessoa amada não é vista com dificuldade, pois todos os caminhos levam a ela. O dia amanhece diferente, a motivação é constante, as atividades são realizadas com mais envolvimento. As afinidades servem de cola para as atividades à dois e as diferenças proporcionam novas experiências. Porém nem tudo são flores. A razão pode servir para unir ou para separar.

Quando o amor vai como o vento que leva, gera sofrimento, cria medos e receios. A razão cria dúvidas: será que o término é a melhor alternativa? A dúvida afasta, os pensamentos assombram à noite, atrapalham o sono. A angústia diante da escolha de continuar um relacionamento que não tem mais “tempero” aumenta. E a angústia maltrata o organismo: o peito dói, o estômago faz questão de se mostrar constantemente presente, a cabeça é um turbilhão de pensamentos emaranhados e sem resposta. Até que a pessoa sente necessidade de viver na certeza e escolhe a liberdade. O sentimento ruim cessa, a decisão está tomada, o mundo voltou a ficar leve. No próximo amanhecer sua atenção é difusa, presta atenção em tudo e todos são possibilidades que nesse momento não quer.

Assim fecha um ciclo de quando o amor inicia, se desenvolve e muda de foco. Tem amor que é para a vida toda, outros um momento de amadurecimento, noutros um aprendizado. Mas em todos o amor é pessoal, compartilhado e vivido. Vivam o amor.

*Psicólogo CRP12/00449

———————————–

Nada de atribulação – Afonso Rodrigues de Oliveira*

“Por que atribular-se com o dia a dia? A sabedoria do cosmo te inspira. É só ligar o canal”.

Há um livro sobre a astrologia espacial, por aí, que nos diz que o dia, hoje, não tem mais vinte e quatro horas. Ele nos explica por quê. Tudo está relacionado com a rotação e inclinação do eixo da Terra. Mas não nos interessa entrar neste detalhe. O que realmente me importa é que acredito piamente nele. Nós é que ainda não somos suficientemente esclarecidos para entender isso. E continuamos suando nas correrias do dia a dia, e botando a culpa da aceleração, na tecnologia. Você sabe que num mundo em desenvolvimento sempre há os bodes expiatórios. E como os temos por aqui! Mas vamos ao que nos interessa realmente: por que atribular-se e se estressar? Somos racionais. E por que ainda não aprendemos a viver com racionalidade? Vamos nos acalmar e viver a vida. E viver a vida nem sempre é extravasar. O segredo está em saber manter os pensamentos em ordem e a calma em comunhão.

O que realmente está preocupando e aborrecendo você, hoje? Aposto que é uma coisa bem simples e que você pode tirar de letra. Sobretudo se você for uma garota bonita. Se se achar realmente bonita, ótimo. É porque você é. Mas isso não significa que você deva ficar preocupada com isso. Sua beleza não está no seu vestido caro e bonito nem na sua imponência. O cargo ou a posição que você ocupa não são mais importantes do que você. Logo, não há por que você se sentir superior pela superioridade que eles parecem lhe dar. Sua importância está na sua postura e na competência que você tem em fazer sempre o melhor que você puder fazer no que faz. Já lhe falei do Swami Vivecananda. Mas vamos repeti-lo: “Não se mede o valor de um homem pela tarefa que ele executa, e sim pela maneira de ele executá-la”.

Livre-se dos arrufos. Tudo que fizer faça-o com parcimônia. (Gostou do termo? Pois é… antigo pra dedéu), mas muito legal. Agora saí dos trilhos. Nem poderia ser diferente. Deixe-me te contar uma. No início do século vinte, quando certa cerveja entrou no Brasil, ela já usava a advertência aos beberrões: “Deguste com parcimônia”. O mesmo que dizemos hoje, no português moderno: “Beba com moderação”. Vamos ver se consigo pegar o bonde novamente. Perdi-me. É que não resisti à queda da “parcimônia” na minha memória. Sempre me divirto com as lembranças boas da vida. E o que não devemos é esquecer o passado. O que não devemos é tentar revivê-lo. Mesmo porque isso é impossível. A superioridade está no aprendizado no presente, quando sabemos usar e desfrutar dos ensinamentos do passado. Pense nisso.

*[email protected] 99121-1460

————————————

ESPAÇO DO LEITOR 

FUGASEm relação à fuga de 49 presos da Penitenciária Agrícola de Monte Cristo, o internauta Rennerys Weiller de Oliveira Viana escreveu: “É uma palhaçada esse sistema prisional de Roraima. Pagamos impostos tão altos e não temos segurança decente. A ineficiência do sistema prisional, que há décadas enfrenta este caos, só faz aumentar a sensação de insegurança, e os presos, que deveriam estar ‘custodiados’, por inúmeras falhas vivem mais passeando aqui fora, em vez de ficarem trancados cumprindo sua pena. Que Deus abençoe esta cidade linda de se viver, que está sendo mal administrada pelo governo”.

APROVADOSSobre a convocação dos aprovados da área da saúde, leitor que pediu anonimato comentou: “Gostaria que essa comissão olhasse um pouco para o interior do Estado, pois aqui, em Rorainópolis, o hospital está cheio de contratados de firmas terceirizadas e nunca foi chamado sequer um assistente administrativo. Estamos esperando há mais de três anos esta convocação que nunca ocorre. A administração da unidade hospitalar prefere priorizar servidores terceirizados a chamar os aprovados no certame de 2013”.

MOBILIZAÇÃO 1“Acho válida a iniciativa das Forças Armadas, que nacionalmente estão buscando parcerias com o poder público, tanto municipal quanto estadual, para o enfrentamento contra o mosquito transmissor da dengue, zika e chikungunya. Por outro lado, com a assinatura do decreto pela Prefeitura, será fácil punir quem possui imóveis fechados com grande quantidade de lixo. Só que este exemplo deveria começar de casa, pois somente nos bairros São Francisco e Centro, o Governo do Estado possui inúmeros prédios abandonados que estão servindo de criadouro do mosquito”, comentou a leitora Ivanilde Feitosa.

MOBILIZAÇÃO 2 Sobre o mesmo assunto, Júlio de Assis Bezerra ([email protected]) frisou: “Espero que realmente sejam cumpridas com rigor as sanções previstas neste decreto com base na Medida Provisória de número 712, editada pelo Governo Federal, permitindo a entrada em terrenos e residências abandonadas. Acontece que em Boa Vista, como tudo sempre é facilitado e pra tudo se dá um jeito para agradar os amigos, vamos ver se os terrenos que há anos estão abandonados e pertencem às ‘autoridades’ serão notificados”.