Mutirão para os aflitos
Mais que zika e outras doenças primas-irmãs, o Estado de Roraima precisa de um mutirão para consertar o sistema prisional em todos os sentidos, pois é a partir do caos e da fragilidade deste setor que as vítimas diárias da violência urbana acabam sofrendo as mais duras consequências. Às prefeituras cabe o papel de enfrentar esse problema, enquanto ao Estado e sua máquina o dever com outras grandes questões.
Não que o Estado deveria ficar distante do trabalho de combate a doenças, mas ele tem um setor específico que pode se incumbir de somar às ações municipais. Mobilização mesmo é necessária para resolver os graves problemas do sistema prisional, das polícias e de outros setores afins. Afinal, um departamento que funciona muito bem é o de recaptura de foragidos, cuja organização deveria ser copiada para fazer funcionar os demais.
A insegurança que a população vem enfrentando é endêmica e requer uma ação eficaz e contundente, pois as constantes fugas e a tentativa de cavar túneis pelos presos se tornaram uma rotina, revelando um setor vencido pela ineficiência em manter presos trancafiados e sem autoridade a partir do portão principal para dentro.
Além da questão da crise pela qual o Brasil enfrenta, a violência é o principal problema do Estado de Roraima, com avanço das drogas e a audácia do crime organizado que recruta jovens pelas redes sociais. E os presídios se tornaram uma espécie de “quartel general” do crime, onde o Estado só consegue ter o domínio pelo uso da força na hora de fazer revista.
O sistema prisional pode assemelha-se a cuidar de um animal feroz aprisionado em cercas de madeiras, em que a fera pode pular ou quebrar a frágil segurança externa a qualquer momento para fazer vítimas lá fora. Sem controle e com as polícias se desdobrando para fazer seu serviço, não há como vencer essa batalha injusta, com o cidadão a mercê de bandidos que agem a qualquer hora para assaltar o que for possível para gerar dinheiro a fim de alimentar o tráfico de droga.
Ainda que os bandidos sejam recapturados em uma eficiência que surpreende um Estado fragilizado e não habituado à competência, não há como mantê-los segregados da sociedade por muito tempo. E isso sem contar com o nível de organização dos criminosos que comandam suas ações de dentro do presídio.
Do zika vírus e de suas doenças primas-irmãs o povo tem como se defender se fizer sua parte, sem qualquer ônus, a não ser o esforço de limpar seu quintal. Da criminalidade, a saída seria o povo se armar e partir para a guerra. É isso mesmo que o poder público está esperando?! Todos já sabem o que acontece quando a sociedade quer fazer justiça com as próprias mãos: ou gente inocente paga o preço ou o cidadão nem sempre vencerá o bandido.
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