Jessé Souza

Mundo do sem fim 2052

Mundo do sem-fim

Acima de tudo, jornalismo é um sonho. E sonhos não têm limites. Mas o jornalismo é cheio de limites, os quais os profissionais só vão conhecê-los quando estiverem no batente, em uma empresa responsável, e que por isso mesmo será combatida pelo poder por várias linhas de frente, principalmente a política partidária e a econômica. Mas o jornalista nunca irá deixar de sonhar que vai poder furar os bloqueios – e algumas vezes ele conseguirá, a muito custo e sacrifício.

Não quero ser a gralha do agouro ou da má notícia. Mas a maioria vai levar para o resto de suas vidas apenas isso: sonhos. É por isso que muitos desistem, mudam de profissão, se desiludem ou entram numa depressão que o faz mudar de rota (alguns para melhor). Mas os sonhadores nunca desistirão.

O sonhador vai insistir, ainda que busque uma profissão que dê dinheiro e cujas portas não sejam tão estreitas quanto à de uma Redação de um veículo de comunicação. Porém, por onde passar, vai ouvir vozes da consciência criando pautas, fazendo anotações mentais nas conversas na feira, na fila do banco, no cabeleireiro, na igreja ou no inferninho do bar.

Jornalista por convicção e por opção vão sempre querer enfrentar o mundo e transformá-lo para melhor. Porque um sonhador acha mesmo que pode ser o beija-flor carregando gota de água em seu bico para ajudar a apagar o incêndio na floresta. Sonhos são assim mesmo.

Jornalistas não costumam se entregar facilmente e, assim como o amor, que só se vai quando a fome vem, como diziam os mais velhos, o sonhador vai resistir bravamente ainda que saiba que está fazendo um papel de Dom Quixote De La Mancha com Sancho Pança, enfrentando moinhos de ventos.

E o Jornalismo é inebriante mesmo. É por isso que ele fisga e hipnotiza o sonhador. Porque é a última resistência desse mundo frenético, fugaz e superficial. Mas a profissão exige, cobra, e precisa estar em constante vigilância para não se entregar à mesmice, ao embuste e aos sofismas que invadem a internet muitas vezes de maneira proposital e orquestrada.

Com essa facilidade do compartilhamento, muitos acham que o Jornalismo vai sucumbir e que qualquer apertador de teclas de celular vai substituir o jornalista. Não vai. Porque o sonhador sabe que precisa estar com os pés fincados na realidade para poder sonhar bem longe, aonde as mentes enferrujadas e destreinadas não conseguem ir.

O bom jornalismo sempre vai sobreviver, em qualquer que seja a plataforma. Pode ser que alguns sonhadores sucumbam no meio do caminho, mas outros surgirão, ainda que em pouca quantidade, mas seguros de que é preciso sonhar sempre para que o bom jornalismo nunca morra no mundo do compartilhamento do sem-fim.

*JornalistaAcesse: www.roraimadefato.com/main