Opinião

Opiniao 29 02 2016 2092

No palco da vida – Afonso Rodrigues de Oliveira

“A vida é uma peça de teatro que não permite ensaio. Por isso, cante, chore, dance, ria e viva intensamente, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos”. (Charles Chaplin)

Estamos encerrando mais um mês de mais um ano que se iniciou faz tão pouco tempo. E é assim que a vida segue, levando-nos e nos devolvendo para nova vida. Olhando ali, pela janela do apartamento, observei, lá embaixo, os mesmos movimentos de décadas e décadas passadas. Sorri para as nuvens preguiçosas e lembrei-me de grandes pensadores que nos falaram tanto sobre isso. Lembrei-me do Gandhi: “A arte da vida consiste em fazer da vida uma obra de arte”. Que é o que devemos fazer a todo instante, no nosso dia a dia. Viver a vida como se estivéssemos num imenso palco. Onde cada um de nós é responsável por sua própria apresentação. Como desempenhamos nosso papel no palco é o que vai dizer o que somos no que somos. E se é assim, por que levar a vida tão a sério? Lembrando-me disso lembrei-me do Bob Marley: “Para que levar a vida tão a sério, se a vida é uma alucinante aventura da qual jamais sairemos vivos”?

Não sei como você vê isso, mas não pude resistir à tentação de provocar esse encontro. Uma manhã lindona com um céu deitado sobre nuvens que mais pareciam travesseiros. Um friinho suave empurrado por um sol apenas morno. O movimento na rua, sobre calçadas mexeu comigo. Aí pensei em como tais pensadores pensaram e pensam sobre a vida que vivemos. Aí me lembrei do Goethe: “A alma humana é como a água: ela vem do céu e volta para o céu, e depois retorna à terra, num eterno ir e vir”. Porque é assim mesmo. Vivemos num eterno ir e vir. Há vinte e uma eternidades fazemos essa maratona. Viemos porque quisemos vir e não estamos sabendo como voltar. Ainda não acreditamos em nós mesmos o suficiente para cuidar do nosso ir e vir. Mas o mais importante é que caminhemos maduramente sobre os nossos campos minados, porque eles são imensuráveis.

Ainda não aprendemos a verificar onde pisaram os inteligentes que atravessaram os tais campos minados. Ainda os vemos como fantasiosos, enquanto continuamos seguindo as veredas das fantasias que implantam em nossas cabeças desorientadas e imaturas. Ainda desperdiçamos nosso precioso tempo com coisas que não nos levam a lugar nenhum, a não ser à gangorra do desperdiçar o tempo. Ainda não sabemos que somos capazes de voltar ao nosso mundo de origem. Mas para isso é preciso amadurecer. O que ainda não conseguimos durante todas essas eternidades que já vivemos. Procure o seu mundo dentro de você mesmo. Viva-o em você mesmo. Pense nisso.

*[email protected]

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A arte de não ser você – Tom Zé Albuquerque*

Há uma linha de pensamento entre alguns cientistas sociais, psicólogos e psicanalistas, que a depressão é o “mal do século”. Só quem conviveu com alguém portador desse infortúnio pode descrever a gravidade dessa doença. Contudo, existe na sociedade um distúrbio bem mais funesto: a hipocrisia.

Hipocrisia é uma palavra que vem do latim com derivação grega e com significado de uma representação teatral, a partir de atores mascarados, conforme cada papel a ser simulado; e a máscara retrata a aparência por detrás do real. Ser hipócrita é fingir, ser falso, dissimular sentimentos, crenças ou qualidades que, na verdade, não se possui. Com o passar do tempo, alquimiar comportamentos passou a ser uma prática cada vez mais comum, na pregação disfarçada de normas morais, num processo nojento de dissimulação.

O Brasil tem uma sociedade que por vezes se manifesta da forma mais vil possível. Defende o direito de propriedade mas massacra o policial pai de família quando este prende vândalos que incendeiam ônibus ou invadem imóveis privados. Há milhões de brasileiros que levantam a bandeira da moralidade e votam em candidato corrupto; pessoas que se dizem probas se fragilizam quando persuadidos a se locupletarem, e ainda se lisonjeiam por fazerem parte de grupos políticos que, com suas quadrilhas, aniquilam o futuro de uma nação. No Brasil existem ovóides que criticam as duas décadas de ditadura brasileira mas defendem a malevolência das seis décadas da ditadura cubana e das atrocidades cometidas na desgraçada nação venezuelana.

Boa parte da nação brasileira é dotada de visão perniciosa, de comportamento parcial de acordo com interesse individualizado. Há uma acomodação proposital de milhões de pessoas no país do petrolão, que fecham os olhos para a inversão de valores promovida por um bizarro “direitos humanos”; bate-palmas para um educação deformada, aceita passivamente a morbidez da saúde pública, mas vibra com a destinação de bilhões de reais dos cofres públicos para evento olímpico. A violência nas grandes capitais brasileiras se agiganta a cada ano que passa, mas a sociedade prefere perder a vida que a narração do Galvão Bueno no gol do Neymar, outro corrupto.

Alexandre Herculano bem definiu o momento vigente: “A hipocrisia, suprema perversão moral, é o charco podre e dormente que impregna a atmosfera de miasmas mortíferos e que salteia o homem no meio de paisagens ridentes: é o réptil que se arrasta por entre as flores e morde a vítima descuidada”. O brasileiro está se acostumando a mentir pra si mesmo acarretando numa deletéria degradação social. O poder não emana do povo, isso é uma estória para boi dormir, uma vez que o poder vem do poder, num círculo vicioso cruel alimentado pela idiotização humana, pelos três poderes legalmente constituídos, além dos dois outros poderes que oxigenam os demais: a imprensa e a corrupção.

E vai o ser humano escondendo seu vazio através de sua fala e de sua maquiagem construída com o fim de atender seus desejos mais primitivos, ditado com maestria por Biercel: “Hipócrita: indivíduo que, ao professar virtudes que não respeita, assegura as vantagens de parecer ser aquilo que despreza”.

*Administrador

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A mudança faz a diferença – Flávio Melo Ribeiro*

O relacionamento amoroso apresenta diversos perfis, alguns muito agradáveis, como carinho, atenção e perceber que contribui para a vida e felicidade da pessoa amada; mas também apresenta pontos doloridos, como ciúmes, saudades, desavenças e mudanças que se fazem necessário. No artigo intitulado “Não mude a essência” foi apontado o quanto é difícil alterar o modo de ser que está arraigado na constituição da personalidade. Porém é possível mudar nas pequenas atitudes do dia-a-dia que influenciam negativamente no relacionamento.

É na relação amorosa que a pessoa mais recebe críticas de como é, pois o outro se vê com intimidade para falar o que pensa. Algumas dessas críticas podem até machucar, mas é o momento de pensar o quanto seu modo de vida está lhe trazendo problemas, se há contradição entre o que você quer e o que está recebendo. Talvez esse seja o momento mais propício para fazê-lo, pois terá aprovação e apoio do outro. Isso se chama amadurecimento.

Porém essas mudanças são difíceis, pois a tendência é não querer mexer no que machuca, consequentemente o esforço pode virar um remendo que não terá validade para o bom andamento da relação.

Mesmos as alterações nos pequenos comportamentos precisam ser pensadas, pois o resultado precisa ser bom para sua vida e não apenas para agradar o outro ou salvar uma crise. Procure analisar criticamente antes de fazer a mudança. Comece pensando como você quer ser visto pelos outros, isso lhe indicará quem você quer ser no mundo. Reflita demoradamente sobre isso, perceba se é o que você realmente quer; se é uma atitude madura; se tem uma razão de ser você mudar nesse aspecto. Caso conclua que vale a pena, mãos à obra, não deixe para outro dia, comece demonstrando em atitude que você entendeu a situação e está agindo de maneira nova. Perguntas que ajudam no processo de mudança: O que preciso mudar para ser uma pessoa melhor no mundo? O que enfrentaria senão tivesse medo?

No entanto, é possível que você se depare com desejos e valores que formou na infância e não cabem mais na vida que você está levando, mas estão como barreiras para você realizar esse processo. Caso isso ocorrer e você não conseguir mudar sozinho, procure ajuda de um profissional. Se fosse fácil mudar a si, as pessoas não apresentavam comportamentos que lhes prejudicassem por tantos anos. Esse processo de conhecimento de si e mudança pode ser feito tanto com trabalho individual como em grupo. Veja o que é melhor para você.

*Psicólogo CRP12/00449[email protected]

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LULA E STF, CORPO 48 EM SAIA 36 – Percival Puggina O Antagonista (oantagonista.com) cita a coluna de Monica Bergamo na Folha de São Paulo: “Representantes de Lula se reuniram recentemente com diretores da área jurídica da Odebrecht. Queriam saber as explicações que a empreiteira daria na Justiça sobre a reforma no sítio frequentado pelo ex-presidente”.

Pois é. Lula, falando por si, diz-se alma sem jaça. Na pior das hipóteses, empata com os mais virtuosos entre os virtuosos. Por que, então, “representantes de Lula” (assim mesmo, no plural) quereriam antecipadamente conhecer essas informações? Por quais também estranhas razões estarão seus advogados (assim mesmo, no plural) tentando impedir que prossigam as investigações sobre o sítio e o apartamento, nos juízos de Curitiba e São Paulo? Por que diabos o presidente garganteia, em vez de dar explicações, quando seria tão fácil, com um abano de suas asas angelicais, remover a poeira da suspeita que encobre suas imaculadas transações? Por que o engenheiro Frederico Barbosa, que cuidou da obra do sítio afirmou haver trabalhado de graça, durante as férias (e, depois precisou desmentir-se)? Desculpem, mas é demais até para minha ingenuidade. Lula tenta enfiar um corpo 48 numa saia 36.

O ministro Barroso, por seu lado (que aliás é o mesmo lado), está aborrecido. Sente-se hostilizado. Não é de dar dó? Imaginem o aperto! O próprio colega Lewandowski já antecipa a possibilidade de haver revisões daquela decisão do dia 17 de dezembro, pilotada por Barroso, que acabou com o papel da Câmara dos Deputados no processo de impeachment. Flagrado fazendo o que fez, iludindo os colegas com leitura seletiva do regimento interno da Casa, Barroso colocou aquele corpo tamanho 48 do STF numa saia 36. E o que faz Sua Excelência? Aborrece-se.

*Articulista

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ESPAÇO DO LEITOR

RADARES 1Sobre os radares móveis, o internauta Erivaldo Pereira Maia disse: “É clara e objetiva a intenção desses radares móveis: arrecadar e tirar dinheiro do povo”. Já o leitor identificado apenas como Gil respondeu: “Não sei se você sabe, Erivaldo, mas quando se reduz a velocidade, também reduz-se o número de acidentes e mortes. Só para esclarecer”.

RADARES 2Ainda sobre os radares móveis, o leitor Silva lembrou que devem ser fixadas placas de fiscalização com o limite de velocidade. “O que não se pode é se esquecer de colocar as placas de fiscalização móvel e as placas de limite de velocidade, que estão ilegíveis. Porque se colocar o radar em qualquer rua ou avenida que não tenha informação de fiscalização para fazer o tal procedimento [multar], com certeza vai ser uma arrecadação imensa de dinheiro”, afirmou.

SELETIVO 1Os leitores cobraram da Prefeitura de Boa Vista a contratação dos servidores da Educação que foram aprovados em concurso público e não foram chamados, em vez de realizar um novo processo seletivo. “Os aprovados no último concurso poderiam ser chamados. Porém, a prefeitura prefere realizar o seletivo e continuar com essa política pão com ovo”, disse o internauta Maicom.

SELETIVO 2Opinião semelhante e a da leitora Valdene Barbosa Conceição. “Em vez de os vereadores aprovarem mais um projeto, que permite o seletivo, deveriam realmente fazer valer a lei, fazendo com que os assistentes de aluno do cadastro de reserva fossem chamados. Até agora, só foram convocados sete assistentes de alunos do cadastro de reserva. Ainda há, na lista, 25 aprovados esperando”, relatou.

SELETIVO 3“A prefeita deveria fazer concurso público e seguir a lei. Esses vereadores deveriam ler a Constituição”, lembrou o leitor Carlos Alberto da Silva Oliveira.