Opinião

Opiniao 01 03 2016 2098

O bom ladrão – Walber Aguiar*

Fazia frio quando ele acordou de madrugada. Angustiado pelos pesadelos que tivera, resolveu entregar a moto furtada. Não mais podia conviver com aquela situação de agonia e desespero. Melhor era ter a consciência tranquila e dormir em paz que viver sobressaltado.

Num de seus pesadelos, ele era perseguido por um bando de ratos. Eram tipos os mais variados. Grandes e pequenos, de gravata e colarinho branco, ratos do TRE, da Assembleia Legislativa, do Congresso Nacional, do Judiciário, do Executivo, da favela e até por ratos de escritórios de advocacia e da construção civil.

Suando frio, o bom ladrão foi alcançado. Os ratos conseguiram aumentar seus próprios salários. Agora consumiriam não apenas queijo, mas caviar e moet chandon; usariam canetas Mont Blanc e viveriam à sombra dos palácios de Brasília, comendo as gordas migalhas que caíam da mesa farta do orçamento.

O ladrão sonhou que vendia seu voto e nunca recebia o dinheiro nem a promessa feita. Os ladrões do erário público, liderados pelos “Ali Babás” da corrupção eram muito piores que ele. Com a consciência devidamente cauterizada, jamais devolveriam o dinheiro que desviaram do erário público, mesmo que a cadeia e o desprezo público fizessem parte de sua cínica trajetória.

De repente, o ladrão pensou em Deus. Evocou a divindade como último recurso. Viu Jesus na cruz e dois homens, um do lado direito e outro à esquerda. Um apelava para o perdão, outro para a arrogância. A partir daí assumiu o papel daquele que reflete sobre o mal e se arrepende. Diferente daqueles que vivem de nariz empinado, ostentando dinheiro e poder que não são seus.

Também pensou na igreja, no ouro do Vaticano e na esperteza vulpina de pastores que apascentam a si mesmos, vestindo pele de cordeiro e agindo como lobos roubadores. Gente que faz da igreja um trampolim político e financeiro, que exorta o povo a viver de forma correta e se cobre com os velhos panos da hipocrisia. São os megalomaníacos da fé, com seus projetos nababescos e faraônicos, em busca de se locupletar com a ingenuidade e a ignorância do povo.

Lembrou de Durkheim e das regras do método sociológico. Percebeu que a sociedade, comandada pelo “Leviatã”, de Hobbes, se tornara um monstro de mil cabeças, e que o capitalismo entrara num processo autofágico, em que devoraria a si mesmo.

Depois de tantos sonhos, pesadelos e reflexões, o ladrão entregou a moto. Ainda deu conselhos à dona do veículo. Já os ladrões do erário…

*Poeta, professor de filosofia, historiador e membro da Academia Roraimense de [email protected]

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Som alto e gritaria não é sinal de louvor – Marlene de Andrade*

A música gospel é, de fato, inebriante, sedutora e tem como meta sensibilizar as pessoas em vez de louvar e adorar ao Senhor. Toda música de louvor a Deus tem que ser extraída da Bíblia, ou seja, a letra deve ser baseada nas Escrituras Sagradas, porém a música gospel não têm esse compromisso. Ela tem como foco principal tocar na emoção dos fiéis e não levá-los à presença de Deus.

Música gospel glorifica ao homem, e não a Deus. Não é à toa que uma igreja evangélica brasileira, muito famosa e envolvida em escândalos até nos Estados Unidos, inclusive com a prisão do pastor e sua esposa, investe pesado no seu departamento musical gospel.

Esse gênero musical tem o poder de sensibilizar os fiéis, levando-os à grande êxtase. Fazem também parte desse tipo de congregação ‘cristã’ sermões extremamente emotivos levando as pessoas crerem que podem tudo, contanto, que deixem na igreja uma polpuda oferta em dinheiro em espécie, ou algum bem material.

Música gospel e gritos musicados são diferentes de hinos, pois possuem letras de péssima qualidade e são tocadas em som muito alto com letras muito fáceis e refrãos extremamente repetitivos, que não levam ninguém à reflexão do quanto é miserável e necessitado do amor e da misericórdia de Deus.

Nas Igrejas cristãs de fé reformada, o tempo de adoração a Deus, através da música, os louvores são calmos e serenos e têm como meta honrar a Deus através dos referidos louvores. Nesse momento o Corpo de Cristo, a Igreja, tem a oportunidade de reconhecer o quanto é pecadora e necessitada da graça de Deus. Há que se entender que, no momento dos louvores, Cristo deve ser o centro da adoração, e não o homem, como é no caso do louvor gospel.

Evidentemente, que podem ser usados durante os louvores os mais variados tipos de instrumentos musicais, uma vez que no Antigo Testamento eram usados flautas, trombetas, tamborins, pandeiros, harpas, alaúdes, liras, trompas, adufe e saltérios. Contudo, não se tem notícia que a igreja do Antigo Testamento e a Igreja Cristã primitiva, louvava a Deus do jeito que uma grande parte das igrejas, hoje em dia, “louvam” como, por exemplo, com funk, pagode, samba e outros ritmos afros brasileiros levando os fiéis dançarem de forma sensual e exoticamente durante os louvores.

E o que mais me chama atenção nisso tudo é ver artistas “cristãos” fazendo música para se dar bem financeiramente, a qual supostamente é em honra e louvor a Deus, porém, muito pelo contrário, tem como alvo a vaidade pessoal e o lucro material. Na verdade, os artistas gospel visam o enriquecimento, à custa da boa-fé das pessoas.

Esse tipo de “louvor” leva os fiéis a entrarem em êxtase se submetendo a toda sorte de armadilhas aplicadas por essas igrejas empresariais e midiáticas, que visam obter somente vantagens financeiras.

“Deus habita no meio dos louvores.” (Salmo 22:3)Leia mais: http://dancaimecen.webnode.com.br/versiculo-da-semana/ *Especialista em Medicina do Trabalho/ANAMThttps://www.facebook.com/marlene.de.andrade47

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Os experientes – Afonso Rodrigues de Oliveira*

“A experiência é uma lanterna dependurada nas costas que apenas ilumina o caminho já percorrido”. (Confúcio)

Quando nos ufanamos da nossa própria experiência é sinal que ainda não temos muita experiência. Ela é uma riqueza que vamos acumulando, das experiências vividas. Apenas fazem parte da evolução da vida. Mesmo porque estamos evoluindo a todo instante, mesmo quando não sabemos amealhar as experiências adquiridas, e as jogamos fora. Quando não sabemos viver escudado nas experiências adquiridas não sabemos viver. Somos títeres de nós mesmos. Logo, não somos mais do que meros inexperientes. Em todos os dias estamos descobrindo coisas que nem imaginávamos existirem. Inclusive estamos sempre aprendendo coisas que já sabíamos e não sabíamos que sabíamos. Ainda não tínhamos experiência para perceber o presente.

Faça sua caminhada pelas veredas da vida, observando tudo ao seu redor. Nunca deixe para trás o que lhe parecer insignificante. As insignificâncias fazem parte do aprimoramento. Quando sabemos fazer de nossas vidas uma obra de arte, nos lembramos do Miguel Ângelo: “Na arte as insignificâncias causam a perfeição, e a perfeição não é uma insignificância”. O bonito e o feio estão em como você vê o que vê. Não desperdice seu dia, hoje, com coisas ou atos que você considere insignificantes. É neles, e com eles, que você constrói sua experiência de vida. Já sabemos que quando perdemos tempo nos torturando com os erros que cometemos, estamos desperdiçando o melhor da experiência. É quando não imaginamos que não erramos, mas aprendemos como não fazer, da próxima vez, o que acabamos de fazer errado. Simples pra dedéu.

Não veja este papo como complicado. Ele é muito simples. Faça apenas o simples que complicamos a toda hora; quando nos aborrecemos com coisas que não valem nem justificam nosso aborrecimento. Ainda nos aborrecemos com as tolices dos tolos. Não teríamos como rir no circo se não houvesse o palhaço. E ele não é inferior a nós. Apenas faz sua parte para que nos sintamos felizes. Mesmo sem saber que sabe, ele sabe que necessitamos de sua contribuição para nossa felicidade. Observe as coisas mais simples à sua volta. Até mesmo as pessoas mais simples podem lhe trazer surpresas. O que indica que muitas vezes a felicidade está bem próxima de nós e nem a percebemos; e não percebemos porque estamos ocupados, muitas vezes, catando ervas daninhas no jardim.

A felicidade está sempre do seu lado. Você é que não percebe. Ainda não aprendeu a olhar-se no seu espelho interior. Porque é nele que você vai se descobrir, e se ver como você mesmo. Pense nisso.

*[email protected] 99121-1460

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ESPAÇO DO LEITOR

BURACOS“Gostaria de relatar que a Prefeitura Municipal de Bonfim iniciou uma ação de tapa buraco nas principais avenidas aqui, na sede, mas, na verdade, o que estão fazendo é enganando a população, jogando asfalto em alguns buracos sem comprimir e em outros jogando apenas barro. Isso é uma vergonha, pois as autoridades acham que o povo é burro. Como munícipes, queremos que seja feito um trabalho de qualidade e a correta aplicação das verbas públicas”, escreveu leitora que pediu anonimato.

PRESSÃOLeitora que pediu anonimato enviou o seguinte e-mail: “Sou moradora de São Luiz do Anauá e funcionária da empresa União Comércio, que presta serviço para o Hospital Francisco Ricardo de Macedo. Quero aproveitar esta oportunidade, que é concedida aos leitores da Folha, para denunciar abuso de poder e pressão por parte da coordenação do hospital, que está pressionando os servidores com ameaça de demissão caso reclamem dos salários atrasados ou de outras situações, como o não fornecimento de alimentação para os servidores. Como precisamos de nosso salário, ficamos impedidos de comentar sobre esta situação”.

CARACARAÍEstudantes da Universidade Estadual de Roraima em Caracaraí comentaram que estão indignados com uma situação que se arrasta desde o ano passado. “Já comunicamos à direção, que pouco deu importância a nossa manifestação. Acontece que não existe uma gestão presente no campus universitário, já que a diretora nunca se encontra para liberar uma simples solicitação do auditório para os acadêmicos. Temos que ficar subordinados aos servidores efetivos, que nunca decidem nada e justificam que necessitam do aval da diretora. Enquanto isso, ficamos prejudicados em nossas atividades acadêmicas”, afirmam em e-mail.

CESTA BÁSICASobre a matéria referente à pesquisa de preço da cesta básica realizada por três entidades no Estado, o leitor Jerônimo Melo Pimentel comentou: “Seria bom se os órgãos destinassem esta publicação de forma acessível ao consumidor. Ajudaria muito na hora da compra dos produtos, já que rotineiramente os preços estão sofrendo reajuste na maioria dos supermercados”.