Ano de eleições, ano de invasões – Erasmo sabino*
Lamentavelmente, todo ano de eleição é assim: salafrários que se dizem candidatos identificam áreas de terras, públicas e particulares, e organizam invasões. Para isso utilizam ‘laranjas’ ou testas-de-ferro, aqueles que vêm nessa bandalheira uma chance de faturar votos para o ‘patrão’ e um dinheirinho para o próprio bolso.
Como empresário do ramo imobiliário tenho sentido na pele a ação nefasta desses bandidos. Hoje me defronto mais uma vez com a ocupação de uma área que me foi confiada para loteamento e comercialização, a Gleba Murupu, localizada no de Bom Intento. Ali estou sendo vítima de um recorde de invasões. Mesmo que reiteradamente tenha conseguido a reintegração de posse determinadas pela Justiça – só neste ano foram pelo menos cinco – a quadrilha já conseguiu fazer a área toda, parte dela pertencente ao governo do Estado, ser invadida por no mínimo, 3 mil pessoas.
Por conta disso minhas empresas vêm sofrendo enormes prejuízos, pois são obrigadas a buscar no Judiciário o reparo de seus direitos. Esse quadro, triste e revoltante ao mesmo tempo, pois afeta demais quem, com eu, trabalha com honestidade e dentro da legalidade, não pode seguir como está. Ninguém tem o direito de invadir o que é meu de direito. Pior que isso: invadem, vendem os lotes e depois vão exigir dos poderes públicos as benfeitorias de praxe: água, luz, esgoto etc.
Tenho em mãos mais uma ordem de reintegração de posse e vou ter que fazê-la ser cumprida, mesmo sentindo pena das famílias que serão desalojadas. Aliás, sinto pena em parte, pois há invasores que levam material de construção em veículos luxuosos e por eles se vê que não se trata de pessoas necessitadas, mas de quem está agindo de má fé.
O esquema já é velho conhecido. Essas pessoas se arvoram líderes dos invasores, criam uma espécie de associação e cobram taxas de cada associado. Afirmam que o Estado deu a área, que algum político vai legalizar os lotes etc e tal. É assim que manipulam pessoas inocentes, convencendo-as de que têm o direito de invadir. Por detrás estão ‘políticos’ tentando conquistar votos e que, para consegui-los, se utilizam da indústria de invasões.
Outro fato revoltante é saber que a maior parte dos invasores toma posse do lote para em seguida passá-lo adiante, faturando com a venda. São pessoas que vivem exclusivamente desse expediente. É contra esses bandidos que a Justiça deve agir com mais rigor, com maior celeridade, pois somente assim é que será possível botar esses criminosos atrás das grades.
*Empresário
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Lava Jato em Roraima – Jaime Brasil Filho*
Vivemos um escândalo por dia, isso no âmbito federal. A chamada Operação Lava Jato vem expondo a maneira como se faz política no Brasil.
À exceção das altas esferas de poder envolvidas, ali não há novidade nenhuma. São apenas materializações do que o povo fala à boca miúda: de que política, no Brasil, se faz com muito dinheiro e que muito dinheiro se consegue junto a políticos e seus “sócios” empresários. Quem não sabe disso? Vejam aqui mesmo, em Roraima, a quantidade de gente que ficou rica do dia para noite ou que ostenta um padrão de consumo elevadíssimo, e isso sem ganhar na loteria e sem herdar nada. E ninguém faz isso só recebendo salário do governo.
Mas, a Lava Jato está lá para quem quiser ver. Pela primeira vez são os altos escalões da política e da burguesia brasileira que estão sendo incomodados.
Mas a ideia de expiar os pecados de todos escolhendo um animal ou alguém para sacrificar no altar, é dizer, diante do público, é tão antiga quanto as mais velhas escrituras. Se Sartre já dizia que o inferno são os outros, os outros nestes casos são alguns políticos e empresários que antes desfilavam seus poderes e haveres e hoje estão na berlinda ou presos.
O que ninguém que falar é que isso não se dá apenas no âmbito federal, e tampouco é exclusividade dos petistas ou da falsa esquerda que ocupa o poder. Todos os grandes e médios partidos padecem com acusações de toda ordem, proporcionais ao tempo e ao espaço de poder por eles ocupado. O que ninguém quer falar é que esse tipo de corrupção da Lava Jato se dá todo dia em todas as esferas de poderes e níveis da Federação. Ou, por acaso, aqui em Roraima, hoje mesmo, não estariam sendo feitas maracutaias? Não estariam alguns empresários repassando dinheiro por fora para políticos em troca de contratos, contratos superfaturados ou produtos não entregues e serviços não realizados?
Quem terá a ousadia de deflagrar uma “Lava Jato” roraimense?
É fácil começar. Quem realmente acredita que algum endinheirado entregaria, a fundo perdido, milhares ou milhões de reais de seu dinheiro para campanhas eleitorais apenas por acreditar que tal ou qual político tem as melhores ideias? Quem financia as campanhas dos políticos de Roraima, e a troco de quê? Mas essas negociatas podem se dar de maneira “legal” também, quando, por exemplo, algum político apresenta e defende projetos de lei que irão beneficiar tal ou qual banco ou corporação. É só ir atrás, ou como dizem no meio policial: siga o dinheiro.
Portanto, ver o MPF do Paraná e o Juiz Moro tão empenhados em uma ação isolada nos faz realmente questionar o que os outros que ocupam postos equivalentes no restante do Brasil estão fazendo para acabar com essa prática de corrupção sistemática e constante.
Por outro lado, essa velha e falsa esquerda, que se vendeu ao capital e ocupa o poder não pode se utilizar de comparações negativas para justificar nenhum de seus atos. Não adianta dizer que se Lula ficou rico, FHC ou Aécio também ficaram; não adianta dizer que se houve corrupção nos governos do PT, nos do PSDB também teve. Não foi para isso que o PT foi criado, nem para isso que os militantes fundadores ficaram debaixo de sol e chuva durante anos nas ruas, escolas e fábricas do pais, distribuindo jornais, panfletos, ajudando a organizar o povo, realizando manifestações etc.
A verdadeira esquerda tem obrigação de fazer mais e melhor, e nem sonhar em se igualar, e, muito menos agir pior do que os conservadores e fascistas. O PT e aliados jogaram no lixo décadas de sonhos e de lutas.
Lula e Cia colhem hoje o que plantaram. Desmobilizaram a sociedade organizada, se aliaram ao grande capital dando bilhões de lucros aos bilionários e migalhas ao povo. Deixaram intacto o monopólio midiático nas mãos de seis famílias. Omitiram-se, ou, ainda, apoiaram e incentivaram o crescimento econômico de setores ideologicamente conservadores, como é o caso das igrejas de viés fundamentalista. Fizeram, de certo modo, pior do que a direita tradicional e oligárquica faria. E, agora, que os monstros que eles alimentaram se voltam contra eles, eles reclamam. Tarde demais.
O PT e aliados traíram o povo e se aliaram à burguesia, agora foram traídos por essa mesma burguesia.
Agora que Lula está no alvo, vem o PT dizer que vai chamar o povo para se manifestar na rua contra um suposto “golpe”. Dá vontade de rir. Quer dizer que Dilma rouba direitos trabalhistas e previdenciários do povo, faz profundos cortes nas áreas sociais, garantindo, por outro lado, os imensos lucros dos capitalistas e o PT quer o povo na rua para sustentar o governo? Ora, faça-me o favor.
Aqui em Roraima, depois de anos de manipulação, negligência, desmandos e ilegalidades a população de Roraima elegeu alguém que não estava com a máquina do Governo estadual na mão. Não está adiantando nada. Duodécimos contingenciados, caos na saúde e na educação, contratação de acusados de corrupção de nível nacional e sem qualquer vínculo com nossa terra etc., são, até agora, o legado desastroso deste governo estadual.
O que temos a fazer é acreditar no futuro, pois essa parcela das gerações que estão no poder já deu mostras que não construirá um mundo melhor. Pelo contrário.
Precisamos de uma nova frente de libertários e humanistas, revolucionários, de gente honesta, todos unidos, buscando e enfrentando os que aí estão, para construirmos uma nova forma de poder. De poder popular, direto e protagonizado pelo povo.
Gerenciar a crise do capital é alimentar corrupções e manter o povo sofrendo eternamente.
Somente uma revolução popular nos salvará.
*Defensor Público
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Aprenda com ela – Afonso Rodrigues de Oliveira*
“Tudo aquilo que eu sou ou espero ser eu devo ao anjo que foi minha mãe”. (Abraham Lincoln)
Nem sempre somos suficientemente sinceros com a dívida que mantemos com nossas mães, no decorrer das nossas vidas. O Lincoln foi bem claro. A verdade é que aprendemos tanto com nossas mães que nos parece normal. E é. Só que acumulamos os conhecimentos que elas nos dão e não somos capazes de agradecer. Não sei se é machismo, quem sou eu pra julgar, mas sempre falamos com orgulho: “Meu pai sempre me dizia”. Raramente citamos alguma coisa que nos foi dita por nossas mães. Caras de pau é o que somos. E olha que estou me referindo aos homens. Mas nunca ouvi uma mulher citar uma frase que lhe fora ensinada ela sua mãe. Vou ficar mais esperto e prestar mais atenção.
Todos nós temos uma riqueza imensa amealhada nos ensinamentos que nossas mães nos passaram. Os carões, cocorotes e castigos, afinal de contas não castigavam, eram métodos usados por todas elas, cada uma no seu nível cultural; que é o que é mais importante. Talvez seja o que está acontecendo com as mães atuais, e as julgamos de maneira errada, por não as entendermos. Mas o mais importante é que só o futuro vai nos dizer e mostrar o valor da mãe na construção dos seus filhos como cidadãos. E você, pai, fique na sua. Não estou negando seu valor, mas meu dia hoje é das mães. Quando chegar o dia delas, em maio, não deixe de lhe mandar um buquê de flores. Ela merece.
Todos os que sabem viver sabem o que foi viver ao lado de sua mãe. A sabedoria que ela lhes passou, mesmo quando não era portadora de grandes saberes. Mesmo porque não há saber mais profundo do que saber criar. Os carões, que são tão importantes quanto os carinhos. As orientações que nos parecem fúteis e dispensáveis, mas que são o alicerce para a construção da vida, que só quando adultos percebemos, e nem sempre reconhecemos. É no amor que construímos; e ninguém ama mais do que uma mãe. Principalmente quando sabe, até mesmo quando nem percebe, que o futuro do seu fruto vai depender do que ele armazenou do que ela lhe ensinou. E a sabedoria do estudante está em saber, depois de adulto, peneirar a sabedoria dentro dos padrões da atualidade.
Ame sua mãe, mesmo que você não concorde com o que ela lhe passa como ensinamentos. Porque é no futuro que você vai perceber a grandeza oriunda do amor materno. Não se preocupe que sua mente está armazenando todos os conhecimentos que lhe são passados pela sua mãe. O importante é que você saiba usá-los na educação dos netos dela. Ela vai se sentir muito feliz onde quer que ela esteja. Pense nisso.
*Articulista – [email protected] – 99121-1460
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ESPAÇO DO LEITOR
CARACARAÍLeitor que preferiu anonimato reclamou: “Não temos condições de continuar com a precariedade no atendimento aos moradores de Caracaraí em relação ao hospital que está desde o ano passado funcionando precariamente na sede do Corpo de Bombeiros Militares do município. São macas improvisadas no corredor do comando que não têm como acomodar nem duas pessoas neste espaço. Enquanto são priorizadas outras questões, a população padece pela inoperância do poder público”.
IRACEMA Moradores do bairro Alvorada, no Município de Iracema, relatam que estão há quatro dias sem água. “Já chegamos no limite, não temos como suportar mais esta situação, e imploramos ajuda dos órgãos fiscalizadores. A informação, quando procuramos o posto de atendimento da Caer, é que a bomba que faz o bombeamento de água para as residências está queimada, mas desde que foi detectado o problema nada foi feito. Queremos uma solução para este impasse que está prejudicando milhares de famílias”, comentou uma moradora que optou pelo anonimato.
UFRRSobre o impasse na demissão de servidores da empresa que prestava serviços para a Universidade Federal de Roraima (UFRR), a acadêmica Priscila Monteiro ([email protected]) comentou: “Cobramos um posicionamento da reitora do Campus Universitário para que resolva o quanto antes o restabelecimento dos serviços que foram afetados com esta medida, sem contar na situação dos servidores que foram pegos de surpresa. Estamos sem nenhuma programação na rádio, além da biblioteca estar praticamente fechada pela falta de servidores”.
CONCURSOO leitor Adriano da Silva cobrou um posicionamento do Ministério Público do Estado de Roraima (MPRR) em relação à definição do concurso público da Caer: “Tenho acompanhado algumas recomendações do Ministério Público em relação à efetivação de servidores por concurso público. No entanto, a empresa de economia mista possui inúmeros comissionados. Já que a lei é para ser aplicada a todos. Falta ser observada pelo órgão fiscalizador esta situação”.