Deus nos acuda… – Jessé Souza*
Com base em fontes, vamos tentar entender o que está ocorrendo com o sistema energético de Roraima, que depende do abastecimento do Linhão de Guri, na Venezuela. Naquele fatídico dia de 12 horas de apagão, houve um problema entre as cidades venezuelanas de Las Claritas e Santa Elena, que interrompeu a energia que chega a Boa Vista.
Porém, isso não seria motivo para provocar o caos por aqui, pois foram gastos milhões para instalar o parque térmico no Estado com o objetivo de suprir a demanda de energia, no caso de Guri falhar. A meta seria suprir 80% da carga, mas jamais um blecaute geral, como vem ocorrendo.
Conforme as fontes, o que está ocorrendo é falha no processo de gestão e na gestão da informação. E ninguém está sendo transparente até o momento. A gestão técnica é pior ainda porque não houve manutenção e não havia combustível suficiente naquele dia do apagão. Com falta de manutenção, algumas máquinas quebraram, além de outros problemas.
Naquele dia, já no segundo apagão, ocorreu um problema no transformador da Eletronorte, o que foi resolvido só depois de muito certo tempo. Isso mostra, mais uma vez, o problema de gestão da subestação, problemas com peças e recursos para dar sustentabilidade ao processo de gestão de energia elétrica no Estado.
A fonte afirma que, na gestão atual, não há especialistas no sistema elétrico. Tanto na Eletronorte quanto na Eletrobrás Distribuição Roraima falta especialista em engenharia elétrica. O sistema está sendo gerido por especialista em engenharia civil. Como se sabe, quem indica os cargos é o PMDB.
Os apagões daquele dia e o ocorrido neste domingo passado não eram para provocar esse impacto porque as termelétricas têm capacidade para suprir a carga por até 80%. Mas os problemas foram se acumulando e os apagões vão continuar porque não existe rotina de manutenção do sistema, conforme as fontes.
Não se pode jogar a culpa toda na Venezuela, uma vez que a questão da geração do reservatório da energia de Guri é sazonal, portanto, considerado normal. A energia que sai de Guri para o Brasil é muito pouca com relação ao que é utilizado na Venezuela. Se a geração estivesse baixa, eles cortariam a energia e não teria apenas um desligamento esporádico.
O agravante é que tem um parque térmico instalado em Boa Vista que não funcionou para socorrer o sistema elétrico na falta de Guri. E não funcionou por falta de manutenção, por estar muito tempo parado e pela falta de combustível suficiente. Foram vários problemas que aconteceram na geração interna, em Roraima, conforme as fontes.
Como todos também já sabem, somente o Linhão de Tucuri, sabe-se lá quando, pode proporcionar a Roraima um sistema confiável. Enquanto isso não ocorre, ficaremos dependendo de Guri e dos parques térmicos do Estado. Então, é necessário repensar a gestão tanto Eletronorte quanto da Eletrobrás. E já que os homens não resolvem isso, então que Deus nos acuda…
*Jornalista – Acesse: www.roraimadefato.com/main