Opinião

Opiniao 06 04 2016 2240

A vida Líquida, a crise hídrica e a substância – Luiz Maito Junior*Um tanto estranho este tempo, talvez apenas humano demais, mas de que adiantaria mais um texto a falar de todas as coisas erradas, só mais um entre vários, as estranhezas inclusive têm lados e são muitos, portanto apenas representam o universo, o imaginário e a visão de cada um. Não, não pretendo aqui me posicionar até porque eu sempre me posicionei, portanto este texto é para tentar relocar tudo isso que está acontecendo.

Todas as posições assumidas partem de um pressuposto próprio, uma construção adquirida ou imposta ante aos seus desconhecimentos/conhecimentos, mas existem coisas que fogem a este processo, algumas vezes nos deparamos frente a alterações jamais imaginadas, quando alguém de uma hora para outra altera seu posicionamento, desdiz a sua própria construção e sua história.

E aí? O que fazer? O que pensar? O que sentir?

Alguns filósofos andam falando em vida líquida (Bauman principalmente), que como água a humanidade passa a ser volátil, escorrer pelas mãos, diluir tudo num discurso amorfo, evaporar consubstancias, pois é… Interessante, porque neste exato momento é o que parece estar acontecendo, mas esta liquidez coexiste com uma crise hídrica, onde a substância escasseia, onde os pequenos rios estão poluídos, os grandes e caudalosos cada vez mais minguam e nossos depósitos/barragens em níveis tão baixos enchem-se de lama, educação fundamental, ensino médio, universidade. Embora contra essa desconstrução, alguns operadores deste saber/professores conscientes, o processo vai ganhando corpo.

A liquidez da vida então nos preocupa pela sua inconsistência, volatilidade, mas alarma-nos muito mais, assim como no seu sentido ecológico, a falta ou deturpação do elemento água, se a liquidez fragiliza o ser humano a fragilização da substância aqui usada como forma de formação nos imbeciliza, criando uma liquidez ainda maior, num processo sem fim.

E se Tales de Mileto ainda no Século VI a.C. afirmava que a Arkhé (água) era o princípio de tudo, não somente a líquida, mas em todos os seus estados, talvez o nosso princípio esteja acabando com a razão, nossa solidez iluminista. Mas a razão pura e de togas talvez nos desencontre do mundo real, talvez ainda seja um princípio, mas de quê? O princípio nos limpa ou nos desfaz, nossa solidez, se desfaz no ar? O nosso princípio está se deteriorando e nos levando cada vez mais a uma liquidez da vida, por mais contraditório que isso possa parecer.

O problema apenas ganha volume, quando resolvemos discutir sob o signo único e exclusivo das paixões, e tão somente nos apegamos a nossa. Quando a profundidade é exigida, a crise hídrica nos lembra da impossibilidade da submersão, nossas instituições nos lembram da viscosidade dos volumes mortos. A impressão é de que a poluição é um preço barato da modernidade, afinal é sempre razoável perder algo não palpável e ter a possibilidade do ganho sólido, Suíça, Panamá e Ilhas Virgens que nos digam.

É a revelia de posições unilaterais que se constroem soluções, é a inutilidade de discursos prontos e servidos a hora do jantar, que desqualifica o processo de reconstrução, a solidificação dos processos democráticos passa pelo terceiro estado da Arkhé de Tales, este princípio exige o esfriamento da temperatura das paixões, mas exige também a ternura do olhar complacente, para que apenas a solidez não destrua as plantações anteriores.

Um processo de decantação se faz necessário, uma tempestade se avizinha e poderá encher os reservatórios, quem sabe ainda se ressuscite volumes, mas a fervura precisa ser rechaçada, a construção de um novo caminho passa pelo dialogo, filho este da razão, mas passa também pela cortesia, pela serenidade, passa por um novo modo de ver o mundo. Um novo modelo de sociedade, pela Arkhé de Tales, mas também por uma razão sem donos.

*Estudante de História da UERR————————————–

Ninguém é de ninguém – Vera Sábio*Um dos problemas mais frequentes, frustrantes e doloroso do ser humano é o apego que sentimos. Apegar-se é considerar seu, sentir-se dono e querer egoisticamente só para si o que, na verdade, não lhes pertence.

Podemos ter objetos, dinheiro, animais, imóveis e móveis. No entanto, as pessoas mais íntimas como filhos, irmãos e pais, mesmo que sejam ligadas pelo sangue, pelos traços, pelos costumes e pela obediência, não permanecerão juntas pelo apego, sendo livres pelo amor. Precisamos aprender amar se não quisermos sofrer demais pelo apego adquirido, deixando a vida passar nas sombras da insatisfação.

O apego retira a sensação de liberdade, a vontade própria de agir em busca dos sonhos, tornando aquele que é apegado um possessivo constante. Quando o apego se trata de pais com filhos a falta de confiança se destaca, não permitindo que o amor lhes ofereça o conforto do retorno, porém com a liberdade da saída. Aconselhando sempre os filhos para seguirem o melhor caminho; todavia, deixando que eles realizem o percurso.

O apego referente aos cônjuges transforma lares agradáveis em locais indesejáveis. Pois as cobranças e explicações de todos os passos dados fora do lar demonstram que, mesmo se o outro fez bem-feito o que deveria, não é o que importa, pois ele sempre precisa fazer do jeito que o outro quer.

A partir da conscientização de que ninguém é de ninguém, o amor floresce, fazendo com que a cada dia a liberdade com responsabilidade se apresente mais linda. Assim a vontade de fazer o outro feliz proporciona a própria alegria, trilhando os caminhos sugeridos pelo outro, não por uma obrigação, mas por satisfação e cumplicidade. Revelando com as ações que amar é bom demais, é leve, suave, livre e duradouro.

*Psicóloga, palestrante, servidora pública, esposa, mãe e cega CRP: 20/[email protected].: (95) 991687731————————————Quem nos governa – Afonso Rodrigues de Oliveira*“A verdade é que, sob nomes diversos, nunca fomos governados senão por oligarquias de interesses, pintadas de ideologias. Em dois mil anos, desde Atenas, nada mudou”. (Georges Clemenceau)

Não. Nada mudou. Sempre vivemos uma oligarquia disfarçada de democracia. Ainda somos obrigados a votar, a prestar o serviço militar e a tantas outras coisas que nos obrigam a ficar presos no círculo do elefante de circo. E vivemos na doce ilusão de que somos um povo livre, numa democracia. Ainda não acordamos para as palavras do Ministro Joaquim Barbosa: “Somos o único caso de democracia que condenados por corrupção legislam contra os juízes que os condenaram”.

Tenho duas sobrinhas que atuam na Educação aqui em São Paulo. Uma é diretora num colégio e a outra é professora ali em São Miguel Paulista. Sempre que nos encontramos, o que escuto de absurdos ocorridos nas suas escolas deixam-nos enojados. E o que mais nos entristece é que nada ocorre às escondida, mas a céu aberto e nada se faz para corrigir os absurdos. O que nos deixa à vontade para dizer que nossa Educação continua nadando no lamaçal da incompetente administração pública. O que é uma lástima.

Vamos moderar. Mas não se deixe levar pelos aborrecimentos que nos vêm dos desmandos. Vamos fazer nossa parte. Mas é preciso que aprendamos o que devemos fazer para fazer o melhor no que fizermos. E uma coisa está ficando mais clara a cada dia: devemos nos matricular na Universidade do Asfalto. Porque é onde aprendemos conosco mesmos. É onde nos aperfeiçoamos com os erros. E para que isso aconteça, temos que aprender a não nos aborrecermos com o que não nos interessa. Porque nunca seremos livres pensadores enquanto permanecermos presos a dogmas que nos impõem, no decorrer das nossas vidas. Nunca seremos livres enquanto não aprendermos a libertar nossos pensamentos. Alguém já nos disse: “A mente humana é como o paraquedas: só funciona quando aberta”.

Mantenha sua mente aberta. Procure ver e analisar os erros que ocorrem ao seu lado. Mas não se deixe impressionar. Apenas aprenda com eles. Mas é necessário que sua mente esteja aberta o tempo todo, para que você possa pensar no que realmente lhe convém. E é com seus pensamentos que você se comunica com a força maior que está em você mesmo: seu subconsciente. É ele que vai fazer de você o que você realmente quer ser. Mas você tem que saber o que realmente quer. Procure um mundo melhor pra você, dentro de você mesmo. Construa seu mundo dentro da política que você acha melhor para o mundo. Mas não se esqueça: você faz parte desse mundo. Pense nisso.

*[email protected]   ————————————-

ESPAÇO DO LEITOR MULTA Sobre a aplicabilidade da multa a condutores que invadirem a ciclovia, o leitor Edvan Matias França comentou: “A não ser que tenha mudado os valores estabelecidos pelo Código de Trânsito Brasileiro, para uma infração considerada leve, 3 três pontos são aplicados na CNH, e o valor é de R$ 53,20. A infração considerada grave é de 5 pontos aplicados na CNH, e o valor é de R$ 127,69. A infração considerada gravíssima é de 7 sete pontos aplicados na CNH, e o valor de R$ 191,54. Em alguns casos, há a multiplicação do valor de acordo com critérios estabelecidos pelo Código, que, no caso da velocidade superior a 50% estabelecida para a via, fica no valor de R$ 574,62, que, neste caso, é multiplicado por três. Além de ser prevista a suspensão do direito de dirigir. Portanto, de onde foi tirado este valor de 574,62?”.CONCURSO A internauta Larisse Freitas cobrou a realização de concurso público para compor o quadro de analistas ambientais da Fundação Estadual do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (Femarh): “Vamos ver se agora teremos concurso. Há anos a Fundação está com o quadro de analistas ambientais defasado. Moramos na Amazônia Legal e os procedimentos de licenciamento devem seguir normas e leis ambientais, bem como as atividades devem ser monitoradas e fiscalizadas. E com o quadro atual de analistas na Femarh é praticamente impossível fazer tudo isso”.OBRAS    “Não entendo como o povo roraimense aceita isso. Ou será pede para passar por isso? Veja bem! Se essas obras fossem em área nobre, com certeza não ficariam todo esse tempo na lama e já estaria tudo resolvido e bem sinalizado. Agora, quando se trata da periferia, as coisas mudam para pior. Observem que interditam, por completo, avenidas principais em horários de maior fluxo de veículos ou até por dias sem sequer avisar a população”, reclamou o morador Chester Enrique Batista Cosignani.MOROSIDADE Sobre as reclamações em relação à queima de aparelhos, o leitor Augusto Dias comentou: “Deveriam ter agilidade no atendimento ao consumidor, já que pagamos uma tarifa cara. E quando vamos reclamar nossos direitos, há muita burocracia e morosidade na resolução do problema”.