Opinião

Opiniao 19 04 2016 2303

O bom paraibano – Walber Aguiar*Alguém é tanto mais santo quanto mais humano seja.                                                                Caio Fábio Três horas da tarde. O primeiro passou de largo, o segundo afastou-se, o terceiro estendeu a mão e tocou as chagas do ferido. Os homens da religião, sacerdote e levita, estavam apressados demais para se aproximar do que fora vitimado pelos ladrões de estrada. Os homens públicos também.

Aqui também eram três horas da tarde. Homens caídos ä margem. Gente vitimada pelos ladrões de gravata, pelos bandidos de colarinho branco; aqueles que fazem grandes saques, que desviam o dinheiro público, que compram votos, que agem com cinismo e tripudiam sobre os miseráveis; que engordam seus corações em dias de matança.

Ora, sacerdotes e levitas modernos fazem parte da religião institucionalizada. Vivem do legalismo, inventam doutrinas, louvam a estupidez numérica, as grandes massas humanas manipuladas em nome do sagrado. Preocupam-se apenas com o grande guarda chuva denominacional. Assim, para não chegarem atrasados, desprezam os desgraçados desse mundo.

Da mesma forma, outras instituições passam de largo. O legislativo não vota assuntos de interesse dos “párias”, do povo que vota e se mantém encurralado por quatro anos. O executivo abandona a patuleia quando elabora esquemas de lavagem de dinheiro, licitações viciadas, concursos de fachada e não cuida da segurança, da saúde, da educação e da cultura.

No entanto, ainda existem bons samaritanos e bons paraibanos. Gente que deixa seus afazeres, que ainda consegue parar e pensar no humano que carrega no peito. Sem toga, capa ou manto religioso, eles “perdem” tempo com os caídos e marginalizados, com aqueles que o sistema esqueceu e a vida empurrou para um canto.

Nos dias de Jesus temos o bom samaritano, nos dias atuais o bom paraibano. Rocelito Vito Joca, defensor público, usou o remédio jurídico que conhecia para tocar as feridas do detento, do desprezado, do homem esquecido pelo braço institucional. Parou seu incansável percurso jurídico e resolveu que, antes de se importar com o papel frio e sem vida, se importaria com o indivíduo estigmatizado pela dor e pela injustiça.

Quanto mais santo mais humano, “ quanto mais cabra mais cabrito”, como diz o Rocelito…

*Poeta, advogado, professor de filosofia, historiador e membro da Academia Roraimense de Letras. [email protected]  Blog. HTTP://confissoesdopoeta.blogspot.com —————————–Acidente de trajeto – Marlene de Andrade*Acidente de trajeto é aquele sofrido pelo trabalhador no percurso de sua residência para o trabalho, sendo verdadeiro o inverso. Nesse viés, faço a seguinte reflexão: que culpa possui o empregador, se seu funcionário foi almoçar e no meio do trajeto sofreu um acidente em via pública, porque conduzia uma moto em alta velocidade, ou devido um cachorro, o qual  atravessou à sua frente?

Alguns desses acidentes são ocasionados por trabalhadores que na véspera haviam ingerido grande quantidade de álcool e por isso encontram-se no dia seguinte de ressaca. Além do mais, outros condutores também podem estar trafegando embriagados e serem os causadores do famoso acidente de trajeto de um trabalhador que esteja dirigindo corretamente e aí, o que dizer disso?

E as vias públicas mal conservadas? Acidente em via pública não conservada, a responsabilidade pela falta desse serviço é do Poder Público e não dos empresários que pagam seus impostos às duras penas. Portanto, que culpa possui o empregador quando seu funcionário sofre um acidente por causa de um buraco na rua?

E o pior, é que o INSS não paga essa conta sozinho, pois o empregador acaba sofrendo inúmeros prejuízos diante de tais fatos, posto que não poderá, entre outras coisas, demitir o trabalhador durante um ano, uma vez que o mesmo ganha estabilidade nesse período.

Nesse caso muitos trabalhadores começam a faltar, chegar atrasado, ou fazer a famosa “operação tartaruga” dentro da empresa. Ora, se o trabalhador foi responsável pelo seu acidente, por que o empregador deve arcar com esse prejuízo?

Além do acidente de trajeto, existem os acidentes de trabalho, denominados de típicos que são aqueles que ocorrem dentro da empresa e trazem muitos prejuízos aos empregadores. Vou contar um dos que presenciei: certa feita, um trabalhador estava limpando uma máquina, quando um de seus colegas de “brincadeirinha” resolveu ligá-la para lhe dar um “susto”. Esse acidente provocou uma sequela irreversível e muito grave em um dos braços daquela vítima de uma “brincadeirinha” criminosa. Sabe quem arcou com o prejuízo e teve que indenizar a vítima? Claro que foi a empresa. E o que eu acho mais interessante, é que a maioria dos parlamentares que fazem as leis, também são empresários. Que incoerência!

A justiça retributiva é um importante ensinamento bíblico. Se as leis são injustas, quem as fez, com certeza, colherá frutos amargos.

“Ai dos que decretam leis injustas, e dos escrivães que prescrevem opressão.” (Isaias 10: 1).

*Médica Especialista em Medicina do Trabalho/ANAMThttps://www.facebook.com/marlene.de.andrade47——————————–O problema-mor – Afonso Rodrigues de Oliveira*“No Brasil só há um problema nacional: a educação do povo”. (Miguel Couto)O médico carioca, Miguel Couto escreveu essa pérola no final da década dos trintas, do século passado. De lá para cá nada mudou. O que significa que o Brasil continua lutando com seu único problema nacional. Exemplos nós os temos aos montes. Mas, muito antes do Miguel Couto existiu o Pitágoras, que disse: “Educai as crianças para que não seja necessário punir os adultos”. Pelo que vemos Pitágoras já encarava os problemas que encaramos hoje, na educação do povo. Mas não ficamos aqui. Depois do Pitágoras e antes do Miguel, Napoleão Bonaparte também falou: “Vamos construir mais escolas para não termos que construir tantos presídios”. Bem, o que vemos é que a educação é um problema crônico e mais antigo do que andar pra frente. E o mais preocupante é que estamos vivendo o vigésimo primeiro século da era cristã e não vejo nenhuma demonstração de preocupação com a Educação.

Continuamos não educando nossas crianças em casa, lotando, cada vez mais, as escolas com crianças e jovens mal-educados dando muito trabalho a professores que não têm condições de educar. E isso não quer dizer que os professores tenham alguma culpa nisso. O grande problema vem desde a era do Pitágoras. Nosso poder público ainda não descobriu que deveria substituir o Ministério da Educação pelo Ministério do Ensino. Porque na verdade, o professor ensina, não educa. A educação é um problema da família e não da escola. E é por isso que ainda não somos capazes de entender que não somos um país democrata porque somos um povo mal-educado porque não fomos educados no lar.

A educação do povo é problema prioritário da nação. Mas quem está preocupado com isso? Estamos de tímpanos inchados de ouvir tanta tolice falada pelas nossas autoridades sobre os problemas atuais do Brasil. Mas ninguém fala na Educação. Por que será? Reflita sobre isso e nas próximas eleições pergunte a seu candidato se ele pensa nisso. E se pensa, o que pretende fazer para corrigir essa falha na construção de um país realmente desenvolvido. Porque não seremos um país desenvolvido e com uma democracia de fato, enquanto formos obrigados a votar em candidatos desonestos e despreparados para a política.

 E porque não somos educados, apesar dos diplomas que temos, ainda não estamos prontos para o voto facultativo. Mas esse não é o problema. O problema está com os políticos, até mesmo os que sabem disso, mas não fazem nada para nos preparar para a cidadania. Porque até lá não seremos os cidadãos que pensamos e acreditamos que somos. Pense nisso.

*[email protected]    99121-1460