Bom dia! Sobre a poeira levantada pela votação do prosseguimento do processo do impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) da Câmara para o Senado, já é possível, agora que ela começa a sentar, tirar algumas conclusões sob um olhar mais desapaixonado. Quem assistiu à votação da Câmara dos Deputados não pode deixar de comparar aquela sessão a uma plateia de um jogo de final de campeonato de futebol, onde as duas torcidas aparentavam estar possuídas por uma emoção incontrolável, daquelas que se sentem num jogo de vida e morte. E não faltaram cenas ridículas patrocinadas por muitos ilustres representantes do povo, que aqui não cabe descrevê-las.

De qualquer forma, é possível ver algumas das razões que levaram o governo petista a uma avassaladora e desmoralizadora derrota. Tirante os velhos exemplos de fisiologismo descarado que marca o comportamento dos políticos tupiniquins, o que restou comprovado naquele embate realizado domingo, em Brasília, foi um desnudamento que mostrou não ser sustentável a coalizão de governo montada desde o governo de Lula da Silva. Na sessão de votação do impeachment de Dilma, ficou claro que o Brasil tinha um governo onde um Parlamento majoritariamente de direita apoiava um governo de forte tendência esquerdista/populista. A direita da Câmara dos Deputados, que é majoritária, votou maciçamente contra Dilma Rousseff e o Partido dos Trabalhadores.

Outra verdade mostrada no domingo foi relacionada às mágoas e ressentimentos que a bancada de cristãos, especialmente a evangélica, vem acumulando faz vários anos contra a política petista relativa a gênero – casamento entre pessoas do mesmo sexo, por exemplo -, e a costumes – tentativas feitas pelos petistas de introduzir nas escolas públicas comportamento e valores contrários aos princípios cristãos que eles defendem -, e contra os quais essa bancada, bastante numerosa, sempre combateu. O voto dos parlamentares mais ligados à questão religiosa foi maciço contra Dilma e a favor do impeachment.

Evidentemente, o cenário que serviu de pano de fundo para que a incompatibilidade da convivência entre um governo de esquerda e um Parlamento de direita fosse esgarçada foi a crise econômica. Enquanto a popularidade do governo petista esquerdista populista (com Lula e Dilma) navegava nas águas tranquilas de alta aprovação popular; a direita congressual alimentou a consciência de que não podia enfrentá-lo. E nessa condição negociou fisiologicamente alguns nacos de poder, satisfazendo-se com a ocupação de cargos federais, especialmente aqueles que lhes podia gerar votos e alcançar fatias do dinheiro público. A grave crise econômica jogou a popularidade do governo petista para o fundo do poço, a direita percebeu isso e deu o bote para ela mesma assumir o poder através de uma “eleição” congressual.INFLUÊNCIAVista de uma perspectiva local, a aprovação do prosseguimento do processo de impeachment de Dilma, que segue da Câmara dos Deputados para o Senado Federal, onde dificilmente a presidente escapará do afastamento do Palácio do Planalto, amplia a influência do senador Romero Jucá (PMDB) na condução das ações e dos órgãos federais em Roraima. Os correligionários de Jucá já dão como certa sua participação num eventual ministério de Michel Temer (PMDB). Os cargos almejados são a Casa Civil ou o Ministério do Planejamento.INTIMAÇÕESChega à Redação da Parabólica e-mail noticiando que o Tribunal de Contas do Estado (TCE) anda intimando servidores públicos que acumulam cargos. Alguns servidores, por exemplo, são concursados no Governo do Estado e também exercem funções de efetivos ou comissionados em prefeituras municipais, da Capital e do interior, especialmente daqueles municípios mais próximos de Boa Vista. O TCE deve estar interessado em saber quais acumulações são permitidas pela Constituição Estadual. O artigo 37 da nossa Carta Magna regulamenta a matéria.POSSÍVELO processo de impeachment voltou a unir politicamente, de um lado, o senador Romero Jucá (PMDB) e, de outro, o ex-governador Anchieta Júnior (PSDB) e a deputada federal Shéridan de Anchieta (PSDB). Ambos os lados sonham em ter participação num futuro governo de Michel Temer (PMDB). Jucá foi influente protagonista no governo Anchieta Júnior; os três estiveram no mesmo palanque em 2014, mas saíram da empreitada eleitoral sob fogo cruzado. A imprensa ligada ao senador peemedebista fez, recentemente, denúncias pesadas contra a deputada Shéridan. Será possível acomodá-los no mesmo palanque nas eleições de outubro?AGRADECIMENTORecebemos mensagem, via Whatsapp, de uma leitora registrando os efeitos positivos de uma nota publicada na Parabólica, dando conta do atraso no pagamento dos salários dos trabalhadores por parte de uma empresa terceirizada do governo estadual. A leitora agradece dizendo que a empresa pagou, finalmente, o mês de dezembro. Mas lembra que ainda faltam três meses para a atualização dos salários. Daqui vamos continuar dizendo que isto é uma vergonha que precisa de um basta, que é de competência dos órgãos de fiscalização.