Opinião

Opiniao 23 04 2016 2326

Não podemos ficar fora do jogo – Erasmo Sabino*A cultura que adquiri nos bancos da faculdade me faz capaz de compreender a realidade de cada momento de minha vida, mesmo tendo emergido de origem humilde, criado no sertão potiguar e alimentado pelo suor de um homem simples, mas que foi da roça ao empreendedorismo e à política com a mesma competência e honestidade. Unindo o rústico de meu pai, Chico Fumeiro, já de saudosa memória, ao erudito da Academia me dou ao luxo de entender cada momento da vida do meu País.

A economia brasileira está em frangalhos, com o desemprego crescendo e, por via de consequência, fazendo cair a renda média das famílias. Cenário no qual se inclui o mercado imobiliário. Assim, nessa quadra de turbulência política, o que se espera é que tudo se resolva o mais brevemente possível e se possa retomar o crescimento e torná-lo mais seguro.

Nós, empresários, não podemos permitir que o Brasil se converta numa espécie de pária entre os países emergentes e em desenvolvimento. A maior parte deles cresce mais que o grupo dos mais desenvolvidos e embora alguns tenham sido severamente afetados pelos mesmos problemas, apesar disso não sucumbiram. Nós também podemos fazer isso. Há que se ter coragem para adotar as decisões mais drásticas, se elas se mostrarem necessárias. Dessa guerra, nós, os empresários do mercado imobiliário, não podemos ficar de fora.

Temos meios para ajudar o Brasil a sair dessa crise, mesmo que esse setor aqui em Roraima, e em Boa Vista e particular, seja um dos menores do País. Porém, tal como ocorrem em Estados maiores e mais desenvolvidos, somos uma massa de empreendedores capaz de fazer a sua arte e oferecer a sua cota para esse enorme e magistral desafio que é o de tirar o País da situação encalacrada em que se encontra.

Para isso, temos que oferecer às autoridades sugestões que, através do lançamento de novos empreendimentos, destinados a faixas que venham atender aos menos favorecidos economicamente, possam contribuir como ferramentas essenciais para a geração de emprego e renda através das construção civil. Esse setor da economia, como sempre faço questão de frisar, é o único capaz de criar imediatamente postos de trabalho pelo Brasil afora.

Essa, entretanto, não é solução que cabe somente a nós, os empresários, mas a todo o conjunto da sociedade através de seus segmentos organizados. O que não podemos aceitar é ficar fora disso. Afinal, temos muito que oferecer para que Boa Vista, Roraima e o Brasil possam fazer o trem da economia voltar aos trilhos da normalidade.*Empresário——————————–O esgoto e a crise financeira em Roraima – Jaime Brasil Filho*Há mais de cinco anos que venho denunciando, aqui neste espaço e em redes sociais, o absurdo que é a Caer, a nossa companhia de águas e esgotos, deixar de agir para interromper o despejo de esgoto nos mananciais hídricos, nos igarapés e rios de nossa cidade.

Tornei-me repetitivo ao longo dos anos trazendo essas denúncias, eis que todas as semanas chegavam a mim informações sobre o despejo desses esgotos. Senti-me na obrigação de não deixar um absurdo como esse se tornar algo comum, aceitável.

Se, por um lado, não temos indústrias e grandes empreendimentos que possam justificar a contaminação das nossas águas, isto é, ainda que o falacioso argumento do “custo do progresso” existisse, nada justificaria que a própria empresa responsável por tratar as nossas águas as estivesse maltratando.

Somos a única capital brasileira com um rio corrente, que possui lindas praias à disposição da população durante, pelo menos, seis meses por ano. Poderíamos nos tornar a capital mais saudável do Brasil, com a melhor qualidade de vida. Mas, não é isso que ocorre, justamente por culpa do poder público.

Assim, foi com sincera alegria e esperança que vi a Polícia Federal e o Ministério Público Federal dando uma resposta institucional a esse escândalo que tem nos acompanhado. É preciso responsabilizar todos aqueles que deveriam agir e não o fazem, bem como aqueles que no passado fizeram o que não deveriam ter feito.

Moro no centro da cidade, à altura da Praça da Bandeira, e, se desse marco, subirmos o rio em seu curso até o limite da cidade, ou seja, na borda do rio Cauamé, teremos ao menos três pontos sensíveis de emissão de esgoto e de outros resíduos, tomando-se em conta as denúncias feitas ao longo dos anos.

Já logo acima do chamado porto do Iate Clube, em um pequeno vale de um curso d’água sazonal fui, junto com a equipe da Folha de Boa Vista, aferir, in loco, o despejo de esgoto no passado. O igarapé Mirandinha, que teve seu leito lamentavelmente cimentado, vem sofrendo com o despejo crônico de esgoto ao longo do tempo.

Há uns três anos, chegou-me a informação de que a contaminação do Rio Branco não se dava apenas por esgoto doméstico não tratado e despejado em seus afluentes. O resíduo derivado da decantação e purificação feitas durante o tratamento da água que bebemos também era lançado de forma inapropriada, sem o devido tratamento, logo acima do restaurante Marina Meu-Caso, isso porque o cano que deveria levar esse material para o tratamento havia sido subdimensionado, ou sub executado, quando das obras de ampliação da ETA (Estação de Tratamento de Água) do São Pedro.

Tratei, até agora, de um trecho do Rio Branco que provavelmente não chega a dois quilômetros. Ressalte-se que o ponto mais importante de captação de água que chega às nossas casas fica justamente abaixo da foz do tão sofrido Mirandinha. Deixo, assim, de tratar por falta de espaço na coluna dos igarapés Caxangá e Pricumã, além de outras localidades da cidade. Deixo também de abordar os inúmeros despejos clandestinos de esgoto na rede de águas pluviais, e que as autoridades teimam em não fiscalizar, e, que, não fosse o isolamento facilitado pelo ar-condicionado dos seus carros, certamente sentiriam, eis que um desses inúmeros pontos fica a uma quadra da sede da Prefeitura de Boa Vista. Sem falar na grande ameaça que se tornou, para a bacia do Rio Branco, o aterro sanitário na BR 174, sentido sul, que já virou um lixão há muito tempo, e isso à margem de um igarapé.

Algum leitor que tiver chegado neste ponto do artigo poderia agora se perguntar o que isso tudo tem a ver com a crise financeira no nosso Estado. Explico.

Boa parte dos empréstimos contraídos por Roraima nos últimos anos ocorreram sob a justificativa de ampliar a nossa rede de esgoto e para investimento na CAER. Mas, alguém mais conhecedor dos meandros da administração pública perguntaria: por que essas obras não foram feitas via convênio federal, com uma pequena contrapartida do nosso Estado e com o grosso dos recursos vindos dos cofres da União? Não sei afirmar ao certo, mas desconfio que o medo da fiscalização federal sobre os recursos pode nos dar alguma ideia.

O certo é que nos endividamos sem necessidade, com a aprovação da Assembleia Legislativa, e, agora, não conseguimos pagar a conta. O certo é que esburacaram toda a cidade para colocar canos onde não havia e parte do esgoto que antes ia para as fossas foi parar nos cursos d’água.

Vejo os hospitais superlotados e a crescente demanda por tratamentos de saúde. Não há prejuízo maior à saúde da população do que termos mananciais contaminados por esgoto, eis que todo tipo de doença pode atingir a população. Não há maior e melhor economia de gastos para a saúde pública do que vivermos cercados de águas saudáveis.

Algum órgão de fiscalização deveria fazer uma auditoria rigorosa nessas obras realizadas à custa do nosso dinheiro, do endividamento que hoje atinge o nosso Estado e faz o nosso povo sofrer.

Deveria auditar, porque alguma coisa não está funcionando bem, porque algo está cheirando mal.

Ainda dá tempo. Boa Vista ainda pode ser referência em qualidade de vida, em gestão de recursos hídricos. Podemos viver na capital mais saudável do Brasil, mas para isso é preciso que os administradores cumpram o seu papel, que os órgãos de fiscalização façam o seu trabalho. Precisamos de transparência para que população possa acompanhar, livremente, de que modo estão tratando a nossa água e o nosso esgoto.

*Defensor Público———————————-O jardim interno – Afonso Rodrigues de Oliveira*“O segredo não é correr atrás da borboleta; é cuidar do jardim para que elas venham até você”. (Mário Quintana)Todos nós temos dificuldades em cuidar do nosso jardim interior. Normalmente perdemos, desperdiçando, tempo correndo atrás da felicidade quando ela está dentro de nós mesmos. As borboletas vêm ao jardim. E nem sempre prestamos atenção a elas. Assim como não prestamos atenção à felicidade que está dentro de nós e nós não estamos nem aí pra ela. Dificilmente prestamos atenção às coisas mais simples à nossa volta. E como não prestamos atenção no que está fora nem no que está dentro de nós, somos infelizes. E somos infelizes quando não prestamos atenção a nós mesmos. Porque toda a riqueza de que necessitamos está em nós.

No que você esteve pensando ainda há pouco? Pelo seu rosto percebo que não era nada agradável. Nunca perca seu precioso tempo com pensamentos desagradáveis. Não podemos evitá-los, mas não devemos alimentá-los. Quando eles chegarem, chute-os para escanteio. Não é fácil fazer isso, mas é simples. A dificuldade reside em valorizarmos mais o complicado do que o simples. É uma característica do ser humano. Mas faz parte de nossa evolução racional. E cabe a cada um de nós saber o que nos interessa para evoluirmos.

Vivemos sobre a Terra, num eterno ir e vir. Já faz vinte e uma eternidades que vivemos nessa gangorra, na caminhada do progresso a regresso. Progresso porque, queiramos ou não, estamos num processo de evolução. E a caminhada pode ser longa ou não, dependendo de como cada um de nós considera a caminhada. O regresso significa que, queiramos ou não, estamos caminhando para nosso retorno ao nosso mundo de origem. O mundo de onde viemos e para onde voltaremos, ainda que permaneçamos por mais muitas eternidades nesse ir e vir. Não nos esqueçamos de que lá no mundo de onde viemos não há unidade de tempo. Um milhão de anos e um piscar de olhos é a mesma coisa.

Deu pra sacar porque vivemos esse redemoinho em que vivemos? Ainda pensamos e afirmamos que somos animais racionais; quando na verdade o que somos é animais de origem racional. Assim como todos os animais. Estamos todos num estágio de evolução racional. Nosso comportamento social reflete nosso grau de evolução. E é por isso que somos todos iguais nas diferenças. Somos todos da mesma origem. Chegamos aqui na Terra por livre arbítrio. Mas ainda não evoluímos o suficiente para usar o livre arbítrio para o retorno à nossa origem. Simples pra dedéu. Mas é na simplicidade que nos enroscamos. Somos mais inclinados ao difícil. Somos todos imortais por origem. Pense nisso.

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