Evangelismo, Serviço e Transformação Histórica – Walber Aguiar*Não adianta tirarmos os homens de dentro das favelas, se não tirarmos as favelas de dentro dos homens. Caio Fábio No chamado Sermão do Monte, Jesus, entre tantos ensinamentos, afirma que serão fartos os que têm fome e sede de justiça. Ora, a justiça, embutida no amor passa por uma trilogia: evangelização, serviço e transformação histórica. A evangelização percorre o caminho de Jesus, o caminho da Graça, que, trilhado por Jesus após o batismo e a tentação no deserto da Judeia, foi encarnado por ele, pois passou a ensinar os valores do Reino de Deus, a pregar para os que tivessem ouvidos para ouvir e a curar toda sorte de males, doenças do corpo, do espírito e as sutis doenças psicossomáticas, aquelas que passam da alma para o corpo.
Isso resta demonstrado, de forma inequívoca, em Isaías 61, que diz: O Espírito do senhor está sobre mim, porque o Senhor me ungiu, para pregar boas novas aos quebrantados, enviou-me a curar os quebrantados de coração, a proclamar libertação aos cativos, e a pôr em liberdade os algemados: a apregoar o ano aceitável do Senhor e o dia da vingança do nosso Deus; a consolar todos os que choram e a pôr sobre os que em Sião estão de luto uma coroa em vez de cinzas, óleo de alegria invés de pranto, vestes de louvor em vez de espírito angustiado; a fim de que se chamem carvalhos de justiça, plantados pelo Senhor para sua glória.
Eis a evangelização.
O serviço é a ferramenta daqueles que experimentam o mais fascinante projeto de vida, o seguir a Jesus. Isso porque os que se vêem e se percebem discípulos de Jesus, se deixam internalizar pelo serviço do Reino.
E quem serve, no entender do carpinteiro de Nazaré, tem que ser servo de todos. Isso porque serve ao Senhor no chão da vida, e não no discurso de Balaão, que enganou o povo de Deus ao aceitar os favores de Balaque: a prosperidade equivocada, hipertrofiada, consubstanciada pela “síndrome de lucífer”, a tomada da glória terrena e do poder pelo poder.
O servo é cuidador de seu irmão, o inverso de Caim, da religião dos frutos da terra, que consiste em querer ser merecedor, através de religiosismos e de rituais vazios, da graça de Deus. Ao contrário de Efésios 2:8, que afirma que pela graça somos salvos por meio da fé, não de obras para que ninguém se glorie. O serviço se dá no chão da vida.
Finalmente, os que foram alcançados pelo evangelho puro e simples, e passaram a servir no chão e na realidade histórica, não entraram no evangelho, o evangelho entrou neles. E em assim sendo, vivem e lutam, se dão e se gastam pela transformação histórica.
Aquilo pelo qual viveu John Wicliff, John Huss, Lutero, Calvino, Dietrich Bonhoeffer, que foi morto por celebrar a Santa Ceia num campo de concentraçâo nazista, William Booth, fundador do exército da salvação, cujo lema era sopa, sabão e salvação, que ajuntavam e davam dignidade aos operários pobres e aos miseráveis na Inglaterra.
Homens como Robinson Cavalcanti, Caio Fábio, Valdir Steuernagel, Ricardo Gondim, Ricardo Barbosa e tantos outros missionários como Levi Castro e Ronaldo Lidório, através do serviço ao próximo e ao seu projeto de espiritualidade integral.
Tais homens buscaram e buscam a transformação histórica. Não através do arrogante triunfalismo messiânico rejeitado por Jesus. Isso porque Jesus não tinha um projeto de poder, como Simão, o zelote, nem escolheu ou ungiu Pedro ou Paulo para desenvolverem projetos de poder baseados na força ou na tomada do império romano.
Não há nos evangelhos nenhum plano de tomada de poder político, embora reconhecesse que a Deus o que é de Deus e a César o que é de César.
A transformação histórica passa pelo ético, pelo simples, pelos valores do Reino de Deus plantados e disseminados sobre a terra.
O que passar disso é redução do existir, que, à semelhança de Marx resumiu à vida ao econômico, e a Freud, que fez convergir a vida somente na direção da sexualidade.
Assim, não existe o Estado justo, pelo fato de vivermos sob a dimensão e a realidade da queda. Por mais que os adeptos da revolta de Coré, queiram extirpar o mal do mundo através do sistema político apenas.
O sistema político carece de evangélicos políticos, que tenham vocação politica, e não de políticos evangélicos aproveitadores e despachantes de igrejas.
A prova vem de uma bancada evangélica que, com raríssimas exceções, envergonha o povo de Deus e causa um desserviço ao evangelho, louvando torturadores, corruptos e ladrões do erário público.
Assim, o evangelho puro e simples requer evangelização, serviço e transformação histórica. Não precisa de proselitismo, desserviço e triunfalismo messiânico arrogante e seus projetos nababescos e faraônicos.
Assim, “não adianta tirar os homens das favelas, se não tirarmos as favelas de dentro dos homens”…
*Poeta, advogado, professor de filosofia, historiador e membro da Academia Roraimense de Letras [email protected] Blog. HTTP://confissoesdopoeta.blogspot.com ———————————–O regresso – Afonso Rodrigues de Oliveira*“Através dos milênios, chegamos até aqui na condição de meros espectadores passivos de nossa história pessoal”. (Waldo Vieira)São muitos, os milênios que já vivemos e percorremos este pequeno universo em que vivemos. Calcula-se que vinte e uma eternidades já se passaram desde que chegamos por aqui. E ainda pensamos que somos os donos do mundo no domínio da tecnologia, quando caminhamos pelas ruas com os celulares ao ouvido. Ainda temos muito a desenvolver para que possamos sair do atraso em que ainda vivemos. Mas o melhor é que estamos acordando para a verdade, saindo da indolência mental. Mas não acordaremos enquanto não nos conhecermos no que realmente somos. Na verdade, quando pensamos que somos sábios é porque não sabemos nada.
O mundo é um pandeiro sem fundo. Não é fácil batucar, mas é simples. A dificuldade consiste em não nos desenvolvermos mentalmente a ponto de entender que nada é difícil quando acreditamos na nossa possibilidade de fazer o que tem que ser feito como deve ser feito. Porque é assim que evoluímos. Somos todos de origem racional. Mas só voltaremos a ser racionais quando começarmos a agir com racionalidade. E isso exige aprimoramento mental. E não conseguiremos atingir o objetivo enquanto não tivermos objetivos. Todo o poder de que necessitamos para atingir o nível superior de nossa evolução está dentro de nós mesmos. Logo, não precisamos sair por aí procurando o que já temos; o que está em nós mesmos. “O poder de Deus está dentro de nós”. Mas ainda não evoluímos o bastante para entender isso.
Você, enquanto um ser de origem racional tem tudo que necessita para voltar à sua origem racional. Mas só conseguirá quando tiver evoluído o suficiente para se conhecer e se valorizar no que você realmente é.
Porque somos todos da mesma origem e, consequentemente, iguais. Mas não esquente a cabeça. Ninguém tem o poder de fazer você acreditar nisso se você não estiver a fim. O que nos torna todos nós iguais. Nossa evolução depende única e exclusivamente de cada um de nós. Ninguém tem o poder de fazer você se sentir feliz ou infeliz. Para isso você precisa estar a fim. E se estiver não precisará da ajuda de ninguém. Tudo de que você precisa para ser feliz está dentro de você. E você nunca vai evoluir se não for capaz de ser feliz.
Ame intensamente. Não há amor que não seja intenso. Porque ele é o símbolo da felicidade. E por isso não pode, nem deve, ser misturado com paixão nem ciúme. São coisas absolutamente distintas. A paixão é um descontrole emocional; o ciúme é um descontrole mental. Mas fazem parte da evolução. Pense nisso.
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