Opinião

Opiniao 03 05 2016 2369

Memórias de Romualdo – Walber Aguiar* e Ronam Pacheco de Carvalho**A amizade é um amor que nunca morre.                                                     Mário QuintanaNaquela tarde, soube de sua ausência. Fora enxergar outras paragens, vislumbrar novas miragens, curtir um look do infinito, passear pelos campos de morango da eternidade. Senti uma enorme tristeza, pois meus olhos tristes e miúdos não seriam mais examinados pelo discreto oftalmologista que aprendi a admirar e respeitar como profissional e figura humana.

Decididamente, um janeiro menor, mais reduzido. Afinal, partira o grande guerreiro tricolor, o homem que aprendera a ver a vida sob a ótica da coragem, da paz e da esperança. Sim, Romualdo, o grande médico oftalmologista, era pequeno, franzino, simples, mas carregava consigo a chama dos grandes, a honestidade dos éticos, a generosidade do serviço ao próximo.

Ainda recordo daquele gol de barriga em pleno Maracanã, quando Romualdo parecia estar dentro de campo, tamanha a emoção, o enlevo, o entusiasmo juvenil que o invadia naquele flaXflu de tanto brilho e glória. Naquela guerra de Renato Gaúcho e toda a massa das três cores que traduzem tradição.

Ronam, amigo de Romualdo; outro médico, outro guerreiro tricolor, outro ser humano cheio de vida e intrepidez na hora de manter o julgamento de Hipócrates e de torcer pelo time que carrega o sagrado manto tricolor; o manto que transmite a paz, a esperança e o vigor demonstrados nas grandes decisões, quando a torcida clama pela bênção de João de Deus, o papa tricolor.

Romualdo deixa um vazio, um vácuo no hospital, nas ruas e na vida de todos nós, que entendíamos a fragilidade, a sensibilidade e o seu amor pela família e pela camisa do fluminense, o time de coração, das grandes conquistas, das fases tristes, do tempo de glória da máquina tricolor, de Rivelino, Edinho, Gilmar e tantos outros.

Parte um guerreiro. Mas não vai assim sem homenagem, sem discurso, sem a devida consideração a todos aqueles que souberam viver com galhardia, amor e dignidade.

Descanse em paz amigo. Ainda vou lembrar daquele dia em que fui mais que um paciente. Afinal, você me olhou como gente, como poeta, como amigo.

 Um dia adentraremos o inevitável Estádio de Glória, o grande Maracanã do infinito. Aí, com a camisa tricolor, celebraremos a vitória e a grandeza da eternidade…

*Advogado, poeta, professor de filosofia, historiador e membro da Academia Roraimense de Letras. [email protected]**Médico e tricolor——————————————Que alienação e essa? – Marlene de Andrade*Conheci uma professora universitária, escritora, mestre e doutora em psicopedagogia muito intelectualizada, a qual defende o PT com uma determinação inconcebível. Seu discurso é tão eloquente que os menos avisados podem cair nessa conversa quase que instantaneamente. Ela chegou ao cúmulo de me dizer que tanto Dilma quanto Lula são pessoas do bem e que se deixaram enganar pelo, pasmem-se, PMDB. Ah, como é fácil jogar a culpa nos outros! Claro que o PMDB não é composto só de “santinhos”, mas culpá-lo, inocentando o PT de suas artimanhas e demais para qualquer pessoa pensante.

Perguntei-lhe acerca da política implementada pelos governos de Cuba, Venezuela e demais países da América Latina oprimida pela opressão de governantes perversos como, por exemplo, Fidel Castro. Para ela são todos parceiros do Brasil e trabalham exclusivamente em prol dos cidadãos de seus países. Quem entende o que aconteceu nesses países sabe que isso não é verdade.

Pensei em perguntar a essa pedagoga sobre o que achava de Hitler que apesar de ter sido considerado de direita, era, na verdade, um socialista totalmente de esquerda. Sua vaidade e arrogância o fez matar seis milhões de judeus, sem falar nos homossexuais, testemunhas de Jeová, ciganos e tantas outras tribos e nações que ele exterminou tão perversamente ao sabor do seu orgulho e prepotência. Porém, como percebi que eu estava querendo agarrar o vento e que minhas ponderações sequer entravam em seus ouvidos, acabei não tocando no assunto que envolvia esse déspota tirano.

E os artistas que defendem o PT? Será que também são alienados pelo PT como essa professora, ou existe alguma coisa por trás deles para defender a política opressora desse partido com tanta garra? Será que esse apoio tem a ver com a lei Rouanet? Claro que sim! Em cima dessa constatação cabe uma pergunta: se Chico Buarque e tantos outros artistas defendem o PT, por que eles não entregam seus patrimônios aos trabalhadores? Socialismo não tem a ver com a divisão dos bens da população? E por que Lula, Dilma e todo o PT não fazem o mesmo? É muito fácil ser comunista e revolucionário de boca, tendo polpudas contas bancárias à custa de nossos impostos. Quanto ao PMDB, claro que ele não vai endireitar esta nação, mas precisamos de mudanças, por isso, impeachment, já. “Tchau querida”!

“Os ímpios andam altivos por toda parte quando a corrupção é exaltada entre os homens.” (salmo 12:8).

*Especialista em Medicina do Trabalho/ANAMThttps://www.facebook.com/marlene.de.andrade47———————————————Questão de consciência – Afonso Rodrigues de Oliveira*“Enquanto a cor da pele for mais importante do que o brilho dos olhos, haverá guerra”. (Bob Marley)Enquanto não formos conscientes da consciência racional não teremos consciência nenhuma. Não me lembro em que jornal, escrevi uma matéria comentando o comportamento de um cidadão no Rio de Janeiro. Era um cidadão suíço que adotou duas crianças negras e todas as tardes passeava com as crianças no calçadão de Copacabana, pra provar que ele não tinha preconceito com os negros. Considerei a atitude do cidadão, ridícula. Mas mais ridículo foi o alarde positivo que a imprensa, à época, fez, elogiando o cidadão. Aí me perguntei: qual o conceito de preconceito, discriminação racismo ou coisa assim? Desde quando a cor da pele é mais importante do que o brilho dos olhos? Desde quando o cara é importante porque tem a pele clara, ou desigual porque tem a pele escura? Quando reclamamos nossa superioridade é porque nos sentimos inferiores. Simples pra dedéu.

Alguns anos depois, assisti a uma série de movimentos de rua, aqui na Praça da Sé, a favor da igualdade dos negros. Normalmente eu descia, ia até a Praça e assistia aos eventos. Já em casa, mandava sempre um recado, pela FOLHA, pedindo ao pessoal para se mancar. Você nunca vai ser igual exigindo a igualdade. Somos todos iguais nas diferenças. E quando somos capazes de entender isso não vemos diferenças. E quando nos aborrecemos com os bobocas é porque somos iguais a eles. Então a diferença não está na cor da pele, mas na falta de cultura e racionalidade. A racionalidade nos diz que somos todos da mesma origem racional. Nossa superioridade aqui nesse mundinho onde vivemos depende da nossa evolução cultural, espiritual e racional.

Um feriado num município da dimensão de Boa Vista é um contrassenso. Assim como considero um absurdo as já famosas cotas em universidades e outras benesses. As cotas inferiorizam o cidadão. E nunca seremos superiores, porque iguais já somos, enquanto tentarmos crescer através de benefícios. Façamos nossa parte no crescimento da humanidade, fazendo-a como ela deve ser feita. E isso nos torna, iguais nas diferenças.

E só os idiotas se preocupam com as diferenças. Se o idiota aborrecer você, você estará se nivelando a ele. Quando nos aborrecemos com uma crítica é porque a merecemos. Se não a merecemos não temos por que nos aborrecermos. Eu me sentiria um João-das-couves se me dessem alguma cota, porque eu sou pequeno, magro, feio, pobre e antifotogênico. Não me importa a cor de sua pele. O que me importa é o brilho dos seus olhos quando olho pra eles. Pense nisso.

*[email protected]    99121-1460