Imunizar-se – Tom Zé Albuquerque* Vivemos o século da superficialidade. A falta de conteúdo ou de lógica nos argumentos e nas atitudes para com e entre as pessoas tem transformado a sociedade numa crosta banal que aprisiona o ser humano ao que é cosmético e efêmero. Nota-se nitidamente uma fuga social ao que não é uniforme e sistemático.
No Brasil, além de se ler muito pouco (média de 1 livro ao ano por habitante), historicamente, somos um país analfabeto. E a resposta mais simples, que é um clichê, é dizer que tudo envolve o processo educacional, que no Brasil se mostrou ser um fracasso – avalia Diego Grando, poeta e professor de literatura. O agravamento do problema se dá porque o brasileiro não se interessa por informações cercadas de tecnicalidades, que envolvam especialmente Economia, Política ou Ciência Social. Essa imunidade espontânea acarreta não raro uma passividade gregária e, por conseguinte, uma aceitação acovardada à adoração de figuras caricaturizadas, revestidas de pataratices e encapadas do estigma de herói providencial.
Por que tantas pessoas insistem em defender que o Brasil é um país com segurança extrema, sem problemas estruturais, com educação de primeiro mundo…? Por que milhares de pessoas preferem virar o rosto para os inúmeros e diários óbitos causados pelo caos na saúde pública brasileira? Por que, por exemplo, se idolatrar um elemento como o ex-presidente Lula? Quais as qualidades que ele pode expelir? Qual o exemplo que ele pode passar para outros brasileiros? Qual o legado substancial que ficou de sua gestão para as gerações futuras? Segundo o jornalista e escritor Luciano Pires, coisas assim acontecem ao longo de toda história da humanidade: grupos de pessoas que, mesmo diante das mais claras evidências de perigo, de más intenções, de risco, permanecem seguindo líderes visionários, malucos ou simplesmente desonestos.
Como é possível que tanta gente se recuse a ver a verdade?
Este mesmo autor descreveu um texto, de cunho análogo, tratando do que os cientistas chamam de “imunização cognitiva”, se referindo de forma invulgar ao processo de aquisição do conhecimento, a reflexão, o juízo, a percepção. A imunização cognitiva é um escudo que permite que as pessoas se agarrem a valores e credos, mesmo que fatos objetivos demonstrem que eles não correspondem à verdade. A pessoa cognitivamente imunizada dispensa o raciocínio lógico. Por isso, complementa Pires, “… assistimos gente com estudo, inteligente, articulada, que sabemos que não está tirando nenhum proveito material, defendendo em público o indefensável. Como é que essas pessoas chegam a esse ponto?
Este tipo de imunização passa por cinco fases: o isolamento de quem tem opiniões contrárias; a seleção de assuntos que apenas coadunam com seus credos; junção tortuosa à tragédia ou ao perigo daquilo que não condiz com suas ideias ou defesas; ligação às facções com o fim de desqualificar ou combater ideias contrárias; e a internalização maciça de determinada visão ou ideia, transformando determinada situação em mantra inviolável. Observemos que essa linha ideológica se ancora justamente em governos totalitários, sob a cortina de um socialismo espúrio.
De nada adiantará provas materiais, realidades cruas, ocorrências irrefutáveis que o imunizado mental exumará sempre um argumento falacioso em prol de seu axioma, mesmo que incógnito. Como disse Geraldo Vandré: “Não existe nada mais subversivo do que um subdesenvolvido erudito”. *Administrador – e-mail: [email protected]——————————————-
MORALIDADE X LEGALIDADE – Vera Sábio*Estamos iguais a um trem desgovernado onde a chegada com certeza será uma trombada fatal. O normal atualmente não é ter alguma regra, alguma cultura, alguma tradição ou direcionamento. O normal é ser diferente, é ter a liberdade de fazer o que quiser sem respeitar o direito do outro.
Triste, porém real. Observe a classificação de primeiro emprego dos correios. Ganha maior pontuação aquele que já cometeu algum delito, aquele que repetiu de série, aquele que ganha bolsa família, aquele que não tiver uma família estruturada. Enfim, ser bom, estudioso, obediente e não ter passagem na polícia, não ajuda em conseguir o primeiro emprego.
Olhem agora a questão das cotas, para mim consideradas como remendos; pois seria muito mais eficiente ter educação de qualidade. Fornecimento de cursos em capacitação de pessoas com particularidades como a classe das minorias: (negros, deficientes, índios), mas claro como o custo-benefício é muito maior, então vamos para as cotas.
Porém agora com esta brecha de cotas querem a inclusão dos homossexuais, toda a legião LGBT, que desculpem minha ignorância mas não sabia direito quando a sigla era menor, agora aumentada, sei menos ainda.
O que sei é que aqueles que querem ser iguais, não são considerados deficientes, não possuem alguma doença; querem ter respeitado suas opções sexuais. Precisam realmente de entrarem nas cotas? Cotas estas cada vez mais alargadas, pois até as profissionais do sexo, também querem este direito, ou este privilégio?
A legalidade pode acontecer, afinal há inúmeras leis, umas ultrapassando outras e mais outras que nunca são cumpridas. Assim lhes pergunto: Isto é moral?
Jesus já nos falava a respeito, como em Mateus cap. 15.
“Deus disse: Este povo com a sua boca diz que me respeita, mas na verdade o seu coração está longe de mim. A adoração deste povo é inútil, pois eles ensinam leis humanas como se fossem meus mandamentos.
Jesus respondeu: – Toda planta que o meu Pai, que está no céu, não plantou será arrancada. Porque é do coração que vêm os maus pensamentos, os crimes de morte, os adultérios, as imoralidades sexuais, os roubos, as mentiras e as calúnias.”*Psicóloga, palestrante, servidora pública, esposa, mãe e cegaCRP: 20/[email protected]. (95) 991687731——————————————- A cada 15 minutos, desaparece uma criança no país – Ricardo Albuquerque Paiva*O problema do desaparecimento de crianças e adolescentes deve ser entendido como prioridade não apenas pelas famílias que vivem este drama, mas por todos. Calcula-se que a cada 15 minutos uma criança/adolescente suma. Trata-se de uma ameaça real que bate à porta da sociedade. Não precisamos esperar que algo aconteça com nossos filhos e netos para começar a militar na área. Somos todos responsáveis por esta causa.
Estima-se que, ao todo, no mundo, o total de casos de desaparecimento de crianças e adolescentes pode chegar aos 25 milhões. No Brasil, seriam 250 mil ocorrências ainda sem solução. Por ano, são mais de 50 mil novos registros, sem contar que este número pode estar subestimado, pois muitas denúncias não são feitas.
Algumas jamais serão encontradas. Estamos falando de centenas de milhares de crianças e adolescentes que permanecem separadas de suas famílias. Muitos deles enredados na teia de possibilidades criada pelo tráfico de pessoas (adoções irregulares, trabalhos forçados, redes de pornografia e prostituição, narcotráfico ou mesmo comércio de órgãos).
O caso brasileiro ainda é mais grave por conta da falta de políticas públicas e sociais que tratem essa distorção na perspectiva de defesa dos direitos humanos. Esta demanda deveria ser vista como prioridade, independentemente de partidos e ideologias. Não é questão de Governo, mas, sim, de Estado.
Para auxiliar na busca, a numeração dessas Carteiras de Identidade deveria ter caráter nacional, utilizando-se um sistema alfa numérico. Assim, raptores não conseguiriam tirar um novo registro da criança em outro estado, dificultando suas ações. Outra medida relevante seria facilitar o fluxo de comunicação dos novos casos. Os Boletins de Ocorrência (BO) de desaparecimentos passariam a ser enviados imediatamente enviados ao Ministério da Justiça para publicação em uma página específica na internet. Da forma que é proposto hoje não funciona: não dá para aguardar os pais ou responsáveis da vítima incluir o caso no site oficial do governo, isso deve ser feita compulsoriamente por um policial.
Neste espaço, os familiares, as autoridades e os interessados em colaborar com a busca desses menores encontrariam todas as informações necessárias, inclusive fotos, para ajudar. O cadastro que existe atualmente não cumpre seu papel. Desatualizado, pouco visível e obsoleto, ele é o retrato fiel da ausência de prioridade dada ao tema. Contudo, a sociedade não aceita mais este descaso e quer mudanças.
Desde 2011, o Conselho Federal de Medicina (CFM), em parceria com outras importantes instituições, tem buscado estimular o debate para a criação de políticas públicas que tratem dessa questão. Campanhas, reuniões e atos públicos foram desenvolvidos a fim de chamar atenção da população e das autoridades para esse drama que afeta milhares. Uma das iniciativas foi a criação do site www.criancasdesaparecidas.org. Com o apoio e a participação de diversas entidades nesta cruzada contra os abusos e os descasos que afetam vítimas e familiares, uma nova realidade poderá surgir.
*Membro da Comissão de Ações Sociais do Conselho Federal de Medicina (CFM), cardiologista e integrante do Movimento Humanos de Direitos (Mhud).—————————————– Cadinho cultural – Afonso Rodrigues de Oliveira*“A cultura é um cadinho no qual se fundem todas as culturas”. (Afonso Rodrigues)A evolução mundial gira num carrossel universal, temporal, cultural e racional. A moda muda numa repetição cultural. E como a cultura marcha numa marcha lenta, a moda se torna repetitiva com alardes de acordo com as épocas. E é nesse cadinho que nem sempre nos fundimos culturalmente. Deu pra sacar? É difícil pra dedéu, entender o processo de evolução humana na correria em que a humanidade vive. A população mundial cresce num ritmo assustador. Enquanto isso o ser humano se desenvolve, culturalmente, num ritmo de tartaruga. Refleti sobre isso, daqui da janela, olhando o movimento de carros, circulando a Praça João Mendes. O barulho ensurdecedor, além do fumacê invadindo e danificando o ar que respiramos. E não dá pra suportar isso no século vinte e um, da era cristã. Já era para sermos um povo civilizado e viver civilizadamente. E nunca seremos civilizados enquanto não entendermos que nossa evolução é racional. E como tal, não progrediremos fora da racionalidade.
Todos os nossos problemas, no nosso dia a dia, estão embalados no baú da ignorância que vivemos através dos séculos. Porque ainda não descobrimos que tudo está nos nossos pensamentos que nos levam a lugares onde não deveríamos estar. As culturas se fundem, mas não esculpem. Saem do cadinho como bolão. Apenas isso.
No início da década dos sessentas do século passado, assisti a uma luta cultural que me engrandeceu, dentro da indústria paulista. Vivi intensamente a batalha do SESI para implantar na indústria, o Controle de Qualidade e o treinamento nas Relações Humanas no Trabalho e na Família. Foi uma batalha hercúlea, da qual participei intensamente. Houve progresso, sim. Mas irrisório. Cinquenta anos se passaram e continuamos na luta que hoje se estende a todas as atividades, em passo de tartaruga. Ainda continuamos nos pensamentos dos operários paulistas daquela época, que relutavam em fazer os cursos de Relações Humanas, por confundi-la com relações sexuais.
A Cultura Racional nos diz, através do livro “Universo em Desencanto”, que o ser humano só aprende com repetições. E mesmo sem nenhuma intenção vã de querer ensinar, repito o ensinamento do Miguel Couto, que já está ficando repetitivo: “No Brasil só há um problema nacional: a educação do povo”. Mas, onde quer que o Miguel Couto esteja hoje, ele já sabe que o problema, atualmente, não é mais só nacional; estendeu-se por todo o imenso solo terrestre. E como estamos nos unificando como internacionais, é bom que reflitamos sobre o assunto. Pense nisso.*[email protected]