Useiro e vezeiro, teúdo e manteúdoChegamos ao limite. Se o Brasil pós impeachment e pós gravação está escorregando pelas beiras de tanta lama fétida, então imaginemos a que ponto chegamos no Estado de Roraima. Senão, vejamos. Os dois principais líderes políticos locais estão implicados e emaranhados nessa grande teia do negrume político.
O líder de um dos grupos políticos, o ex-governador Neudo Campos (PP), está condenado e preso para cumprir uma sentença de 13 anos no caso de contratação de funcionários fantasmas na folha de pagamento do governo, o chamado “caso dos gafanhotos”. Junto com ele estão outros tantos, entre aliados e ex-aliados, os quais estão de alguma forma na condução política local.
O líder do outro grupo, o senador Romero Jucá (PMDB), não é de hoje que está enrolado com a Justiça, mas somente agora foi pego a partir de uma gravação, cujo áudio não só sugere um grande esquema para estancar a Operação Lava Jato, que investiga o maior escândalo de corrupção no país, o propinoduto da Petrobrás.
Também sugere um grande conluio que envolveria ministros da mais alta Corte da Justiça brasileira, o Supremo Tribunal Federal (STF), generais que estariam agindo à revelia da Presidência da República, o presidente interino do Brasil e os principais líderes políticos da Câmara e do Senado.
Esse é o cenário em que se situa a política roraimense, no meio do qual está um povo dividido em discutir quem é pior e quem é menos pior. Tem sido assim nas últimas eleições e, quem acha que anular voto ou votar em branco está tomando uma decisão sensata, acaba contribuindo para eleger um dos lados.
Então, estamos em um cenário de difícil solução, o que exige mais responsabilidade do eleitor em se despir de paixões políticas ou de achar que a única saída para Roraima é escolher um “menos pior” ou votar na base do malufismo, ou seja, “rouba, mas faz”.
Está muito difícil omitir uma opinião política a partir dessa realidade aterradora em que vivemos, pois não se vislumbra, por enquanto, um nome ou grupo que não esteja vinculado às principais lideranças políticas que estão nesse “olho do furacão”.
Porém, o papel do eleitor, do cidadão de uma forma geral, é o de assumir responsabilidade de que não pode mais votar em “fichas sujas” já a partir das eleições municipais deste ano. Se a mudança tem que ser por conta-gotas, então que seja. O que não pode é continuar do jeito que está, com eleitor também fazendo parte dessa jogatina política, sendo useiro e vezeiro do grande esquema político, teúdo e manteúdo da feira-livre eleitoral.
*JornalistaAcesse: www.roraimadefato.com/main