Bom dia!O Brasil está definitivamente numa encruzilhada história e, aparentemente, sem uma luz no fim do túnel que possa indicar um rumo da saída. Existem, sem lugar a dúvida, indícios cada dia mais fortes de que o governo interino de Michel Temer (PSDB) foi ungido por votos no Congresso Nacional intencionados em dar cabo ao processo investigatório que ficou mais conhecido como Lava Jato, mas que tem outras ramificações. A composição do governo interino, com a participação de inúmeros políticos envolvidos até o pescoço em toda a teia de bandalheira montada ao longo dos últimos anos para roubar dinheiro público, só consolidou a certeza da natureza espúria do governo Temer.

Por outro lado, a presidente Dilma Rousseff (PT), apeada do poder Executivo federal pelo golpe urdido pelos políticos comprometidos e beneficiários do maior escândalo de corrupção do mundo, decididamente andava mal acompanhada pelo mesmo naipe dos que a derrubaram. Além do mais, a sombra de Lula da Silva (PT), ele mesmo enterrado até o pescoço em malfeitos, não permitiu que Dilma conseguisse ao menos fincar a liderança institucional no seio do partido ao qual está filiada. Lula manda e desmanda no PT, e Dilma é apenas uma figurante. Isso, evidentemente, solapou a governabilidade sob a liderança da presidente afastada.

Dilma não tem condições políticas de voltar.

Ora, Dilma não pode voltar e Temer já perdeu qualquer credibilidade para continuar governando. Salta aos olhos de quem quer enxergar a necessidade de buscar-se uma saída que só terá força de mudança se vier pelo batismo das urnas. Ou seja, vamos continuar batendo na mesma tecla: eleições já é a única ponte que nos resta para atravessar a crise. E ela, a eleição, só poderá ser convocada pelo Congresso Nacional, depois de uma assepsia, mandando para o lixo da história os bandidos que estão escondidos sob o biombo de um mandato, sabe-se lá de que forma obtido.RETRATOQuem assistiu, na segunda-feira (30), ao noticiário da televisão não deve ter perdido uma cena que, seguramente, é o retrato mais acabado da política de hoje nesta pátria tupiniquim. A cena era a seguinte: o controlador-geral do Estado de Minas Gerais dava entrevista explicando as razões da prisão do ex-deputado tucano Narcio Rodrigues, acusado de desviar cerca de R$ 14 milhões. Ao fundo, podia ser vista, fixada na parede da repartição, a fotografia oficial do governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), chefe do entrevistado e acusado recentemente por um ex-amigo e empresário de ter recebido R$ 10 milhões de propina.ESCLARECIMENTOSO senador Telmário Mota (PDT) cobrou, em aparte, o seu colega Lindemberg Farias (PT-RJ), que tanto o Supremo Tribunal Federal (STF) quanto as Forças Armadas têm o dever de prestar esclarecimentos à população brasileira sobre as citações do senador Romero Jucá (PMDB), que, em conversas gravadas pelo ex-senador Sérgio Machado (PMDB), afirmou que teria mantido contados com ministros do STF e comandantes militares sobre o impeachment de Dilma. Telmário disse ainda que são duas instituições das mais acreditadas pela população e que seus dirigentes não podem permitir que sejam maculadas.REPERCUSSÃOE a rápida passagem do senador Romero Jucá pelo Ministério do Planejamento ainda repercute. O deputado estadual paraibano Raniery Paulino, que é do mesmo partido, criticou, em uma emissora de rádio de João Pessoa, a escolha de Jucá para integrar o ministério de Temer. “Em minha opinião, não era nem para ter entrado. Para mim, independente do partido, aqueles que estão envolvidos na Operação Lava Jato não deveriam integrar nenhum governo, nem municipal, nem estadual, quanto mais federal”, disse.MOÇÃOEstá em tramitação na Assembleia Legislativa do Estado (ALE) uma Proposta de Moção de Apoio (Nº 010/2016) ao ex-governador Neudo Campos (PP). A referida moção foi aprovada na Comissão de Constituição e Justiça e Redação Final, mas deixou de ser votada em plenário por falta de quórum (mínimo de 13 deputados presentes). Segundo fontes da Parabólica, a votação plenária pode acontecer na sessão de hoje.POLÊMICOO polêmico juiz Marcel Maia Montalvadão, da cidade de Lagarto (Sergipe), conhecido em todo o País depois que determinou o bloqueio por 72 horas do aplicativo de mensagens WhatsApp, agora voltou a chamar a atenção. Montalvadão afirma que o Facebook, empresa detentora dos direitos do aplicativo, apenas vende a ideia de que as mensagens trocadas por lá são secretas, e que a história de que seriam criptografadas é apenas uma jogada de marketing. Ele usou laudos da Polícia Federal para sustentar sua tese. NOVA ELEIÇÃOQuando foi nomeado ministro do Planejamento pelo presidente interino, Michel Temer, o senador Romero Jucá renunciou ao cargo de segundo vice-presidente da Mesa Diretora do Senado Federal. Com sua exoneração, voltou ao mandato de senador, mas ainda resta não pacificado seu retorno ao posto na Mesa. Ontem, o senador Telmário Mota levantou uma questão de ordem para saber se a renúncia de Jucá é irreversível, o que, caso positivo, exigiria uma nova eleição para preencher a vaga vazia na Mesa Diretora.