Educação vem de berço – Vera Sábio*Acredito que este título não é novidade para ninguém. Todos já ouvimos esta frase, embora muitos ainda não sabem como aplicá-la. O significado de ser modelo revela que a criança pequena aprende a maioria de suas ações sem comunicação e qualquer esforço. Simplesmente pelo ato de copiar o que se vê.
Na época da minha monografia, deixei bem claro este conceito do modelo copiado pelas crianças que enxergam. Assim, infelizmente, as que nasceram sem enxergar ou perderam a visão física na primeira infância ficaram impossibilitadas de copiarem os gestos, ou seja, reproduzi-los, tornando-as diferentes das demais, tão somente por falta de conhecimento de quem as eduquem e as ensinem, apresentando os objetos através do tato e as deixando apalparem tudo que for possível.
Um exemplo prático é quando um bebê que enxerga, com seus 7 meses, pega um controle remoto e, a princípio, ele coloca na boca, mas logo em seguida aponta para a TV e aperta seus botões, gesto este que copiou de outra pessoa que assim o fez. Já um bebê cego, se não for explicado para que serve o pente e mostrar como penteia os cabelos, ao alcançá-lo jamais saberá que deve passá-lo na cabeça. Por falta destas explicações básicas sobre os costumes de uma sociedade, pessoas cegas em idades avançadas se portam com maneiras impróprias tão somente por não terem copiado os gestos na infância, sendo consideradas até com algum distúrbio mental, porém, foi apenas falta de aprendizagem.
Estamos ultimamente na mídia nacional com um fato bem chocante, no qual uma criança de 10 anos trocou tiro com a polícia e morreu. E agora, a culpa é de quem?
Os remendos tardios de educação primária, por vezes trazem consequências antes imaginadas. Pois faltou aquela educação de berço, em que a falha da desigualdade social, da péssima educação, dos desvios na saúde, da crise na segurança e outros montes de sistemas que nos colocam em uma rede furada onde remendos são feitos, porém nada é resolvido com eficiência e precaução.
Prevenir é melhor que remediar. Outra frase arcaica e pouco aplicada, sendo movimentado na mídia e em vários outros locais; apenas depois do mal ter ocorrido. Em outros países, esta violência infantil muitas vezes foi notificada, porém não estamos imunes e foi isto que aconteceu.
Todavia, é comum verificar engraxates, vendedores de balas e outros que deveriam estar nas escolas. Vistas grossas são feitas e agora querem remendar. É de pequeno que se desentorta o pepino. Usamos assim estas frases velhas para uma reforma íntima e uma melhor escolha na hora de votar, pois qualquer um pode ser a próxima vítima e sempre a responsabilidade é de todos nós que sabemos disto.
*Psicóloga, palestrante, servidora pública, esposa, mãe e cegaCRP: 20/[email protected].: (95) 991687731————————————-Me sinto livre, posso casar? – Flávio Melo Ribeiro*Liberdade é possibilidade de escolher. Na psicologia diz-se que a prova da liberdade é a angústia, pois é diante de uma escolha que implica nossa vida, que nos sentimos angustiado. E junto com a angústia vive-se o desamparo, pois nos sentimos inteiramente responsáveis pelo que escolhemos. Por mais que possamos pedir conselho, ler a respeito, escutarmos opiniões, somos nós que escolhemos e consequentemente nos comprometemos e nos responsabilizamos. Não vamos confundir angústia com ansiedade. A ansiedade está ligada a tentativa de economização do tempo, é o desejo que tudo se resolva o mais rápido possível.
Sofre-se por esperar. Na angústia o sofrimento é por não saber qual opção será a melhor, ou mesmo reconhecer que o caminho tomado não apresenta o resultado desejado.
A pessoa que se sente livre, sente-se senhora das suas próprias escolhas, sente-se segura e gosta de viver a responsabilidade da sua vida; é comum sentir-se incomodada quando o outro interfere nas suas escolhas.
Mas quando está amando e percebe que pode ser feliz num relacionamento, vive a angústia ao se questionar: Me sinto livre, posso casar? Casamento não é prisão, é compartilhamento, é soma para viver o amor que um sente pelo outro. Mas tome o cuidado de investir em alguém que respeite suas escolhas, ao mesmo tempo, é importante levar o outro também em consideração.
Uma vez atendendo no consultório de psicologia em Florianópolis, um paciente afirmou o quanto sentia-se gratificado por construir seu projeto familiar, comparou-o com um quebra-cabeça formado de peças sensíveis e encharcadas de emoções, que precisavam ser manuseadas com cuidado para não danificar, pois senão os encaixes seriam muito difíceis de serem feitos. Citou o cuidado em não ofender, respeitar, tratar com carinho, procurar enxergar pelo olhar de quem se relacionava, mas também percebia a necessidade de dar limite ao outro para que suas próprias peças não fossem danificadas e ele vir a ser o problema de não se encaixar. Citou diversas vezes que se sentia comprometido com a família, mas não preso. Sentia-se livre e responsável por ter escolhido viver em família, e com habilidade sabia compartilhar sua vida e apresentava os projetos de forma que todos pudessem viver algo em comum, sem sufocar ninguém. Isto não eliminava as dúvidas, sofrimentos e dores, mas o amor em família valia a pena.
*PsicólogoCRP12/[email protected]————————————–Com quem está a razão? – Afonso Rodrigues de Oliveira*“Quando estamos com razão, podemos permitir-nos conservar a calma; e quando não estamos com a razão, não nos podemos permitir perder a calma”. (J. Paul Schmitt)Com quem está a razão? Com quem estiver com a racionalidade. Você já conhece o episódio do cabo “Sivirino”. Com quem estava a razão? Com o cabo, ou com o comandante do navio? E pelo que sabemos o comandante, depois da insistência, teve que ceder e seguir a orientação do cabo, para não colidir com o farol. E você pode estar colidindo se não se atentar para onde e com quem está a razão. Manter acesa a atenção para não perder a razão já é uma maneira de estar com razão. Mas não é tão simples assim. Requer muito amadurecimento. E nada é mais simples do que amadurecer. É só prestar atenção a ensinamentos que nos dão vida afora. Alphonse Daudet já disse que: “Os homens sempre envelhecem, mas raramente amadurecem”. Ainda cometemos o erro primário de confundir idade avançada com maturidade. Nem sempre é o que é.
Quando atingimos a maturidade mental, racional e espiritual, equilibramos nossas vidas. É quando não nos deixamos levar pelos arrufos que sempre nos prejudicam. Sempre que perdemos a calma demonstramos nossa imaturidade. E quando somos maduros não perdemos a calma, esteja com quem estiver a razão. Porque ela sempre estará com você quando você for capaz de controlar seus sentimentos e sua calma. Se você é das pessoas que se aborrecem com facilidade, controle-se. Sempre que se aborrecer procure o porquê de sua reação. Quando sabemos o que somos não permitimos que ninguém nos diga quem somos. Lembre-se de que você nunca ganha uma discussão. Verifique se seu opositor não está deixando que você pense que o venceu na discussão. E aí você está dando uma de tolo. Procure estar sempre com a razão. Porque se você estiver com a razão não terá porque discutir. Simples pra dedéu.
Quando nos respeitamos, respeitamos nosso opositor. Faça uma experiência, e você verá que bobo é quem pensa que você é bobo. Mas você tem que ser maduro, ou madura, para pisar firme. E o importante é não fingir que está se sentindo bem quando estiver irritado. Exercite sua mente para o bom comportamento. E o mais importante é que você se comporte bem com você mesmo. Nunca perca a calma. Mantenha o controle emocional. Dentro da racionalidade nada justifica um momento de aborrecimento. Sorria para a desgraça e ela se mandará. A vida só é ruim para quem não sabe viver. Amadurecer não é envelhecer, e envelhecer nem sempre é amadurecer. Você pode ser uma pessoa racionalmente madura ainda na juventude. Pense nisso.
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