Jessé Souza

Remendos e cavalo doido 2557

Remendos e cavalo doidoAs novas medidas anunciadas pela Secretaria de Segurança para conter as fugas na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo (Pamc) podem ser consideradas apenas como um remendo em pano velho com tecido novo, ou seja, não vai adiantar.

Com essa infraestrutura que se tem ali, caindo aos pedaços, só haverá desgastes por tentar aplicar medidas que não se sustentam em uma estrutura podre, já completamente dominada pelos bandidos, que fogem quando querem ou determinam de quem será a vez de “dar uma volta” para cometer assaltos e traficar drogas.

O que o governo está fazendo com esse anúncio é tão somente querer dar uma satisfação à opinião pública, pois as autoridades sabem que ali é caso perdido. Somente um novo presídio para aplicar as medidas severas que visam instalar a ordem que sempre deveria existir em um presídio.

Como os detentos mandam do portão para trás, ficando livres das celas, eles são os donos das alas, por isso fogem quando bem entendem. A única saída imediata e austera seria ocupar o espaço que sempre deveria ser do Estado para que bandidos fiquem onde sempre deveriam estar: nas celas, trancafiados.

Porém, com o sistema abandonado pelos seguidos governos, ao longo das décadas, os remendos não demoram a arrebentar, pois ali se tornou um antro comandado pelo crime organizado, com policiais militares e agentes penitenciários “enxugando gelo”.

Então, do jeito que está, não adianta trocar secretário, exigir que os presos usem fardas na cor laranja, suspender visitas ou qualquer outra medida austera, pois o sistema prisional está sem condições sequer de fazer contagem diária dos presos, nem consegue impedir os chamados “cavalos doidos”, a tática de sair em disparada com escadas artesanais para escalar os muros da penitenciária.

Também está sem condições de ocupar o presídio, pois o Estado não dispõe de policiais suficientes, uma vez que seria necessário tirar policiais das ruas para poder tomar conta da Pamc. Seria o mesmo que cobrir um santo e descobrir o outro. A não ser que se peça intervenção federal, o que seria uma medida extrema, reconhecendo a incompetência do Estado.

No mato sem cachorro, o governo será obrigado a ficar nos remendos e medidas paliativas para tentar amenizar o caos, enquanto não houver um presídio novo. E para que isto seja possível, somente um mutirão das autoridades que dizem mandar chover em Roraima em Brasília. Mas parece que eles não estão preocupados com isso, pois alguns inclusive estão preocupados em não ir para um presídio…

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