Opinião

Opiniao 13 06 2016 2565

Decepção amorosa e suicídio – Flávio Melo Ribeiro* Essa é uma estória de ficção, mas baseada em diversos relatos de clientes. Se passa num shopping, cinco horas da tarde de uma sexta-feira, começa o movimento na praça de alimentação. E lá está uma jovem de 19 anos, pensativa e arrasada pelo término do seu namoro. Era a terceira vez que acontecia em menos de dois meses. Dessa vez o namorado despejou toda a culpa das desavenças em cima dela. Apontou o quanto ela era mimada, egocêntrica e exigia demais dele, e o fez com cruel frieza. Virou as costas e a deixou só no meio de uma multidão que não vê ninguém, apenas vitrine e seus próprios interesses.

Por duas horas lembrou de quando morava numa cidade pequena do interior, onde todos se conheciam, mas nessa época ela já se sentia sozinha. Não queria ser igual aos seus pais, que tinham muitos amigos, mas eram frios entre eles e com os filhos. Nada a faltava, mas a seu ver não teve amor na sua educação e sim, muita exigência. Semanas mais tarde seus pais relatam convivência familiar muito diferente do que ela considerava ter vivido e foi confirmado pelos irmãos. Mas nessa tarde no shopping o que valia era o que considerava. Lembrou em detalhes o que viveu na sua infância e depois com o namorado, o quanto ela sentia-se acolhida e amada. Pensou que não encontraria mais ninguém como ele e sua tristeza foi tão grande que o sentimento de abandono ampliou ao infinito. O desamparo tomou conta do seu ser e a desesperança inundou sua consciência. Ela não viu mais sentido continuar viva.

Na verdade, não queria ter que explicar a ninguém que novamente tinha dado errado num namoro. Não queria escutar que agindo do seu jeito ninguém vai ficar com ela. Considera que ficou independente nos seus posicionamentos para se defender. Para não deixar ninguém mais se aproveitar dela, como considerava que os pais lhe exploraram. Mas ao mesmo tempo mostrava uma fragilidade, tanto que ao acumular funções e não se sentir apoiada, passava a dedicar-se ao máximo, pois não aceitava o fracasso, mantinha o foco nas tarefas até esgotar. Tanto que um ano antes dessa tarde no shopping tinha entrado em depressão.Esse namoro foi de uma aposta muito grande. Tinha expectativa que encontrou a pessoa que iria compreendê-la, entenderia suas necessidades e lhe apoiaria nos seus afazeres e projetos. O término foi um golpe muito forte.

Nos últimos quinze minutos passou a lembrar e a sentir as “coisas ruins” que sentia quando em depressão. Levantou com náuseas e caminhou em silêncio até o vão central no quinto andar. Junto as lojas mais caras, ultrapassou a mureta de vidro, apoiou-se na ponta da laje e ainda segurava com as duas mãos o cano metálico da mureta quando se inclinou para frente e deu um passo se projetando para o vazio. Um pouco mais de dois segundos foi o suficiente para percorrer os vinte metros que a separavam do solo e finalizar com 19 anos de esperança e projetos para toda uma vida. O seu futuro foi encerrado no momento em que o estrondo da queda ecoou até a praça de alimentação e por um momento interrompeu o lanche de alguém que nem soube o que aconteceu. E esse tempo já não mais a pertencia.

Preste atenção em seus familiares e amigos em depressão, procure identificar desesperança nos discursos. Pois é muito mais sério que a tristeza, as dores e as lamentações que aparecem no dia-a-dia, a desesperança mata.*PsicólogoCRP12/[email protected]————————————Se gritar pega ladrão – Walber Gonçalves de Souza* Pelo visto o cantor Bezerra da Silva tinha razão, “se gritar pega ladrão, não fica um meu irmão, se gritar pega ladrão não fica um”. Recentemente, em um dos áudios gravados e divulgados pelos meios de comunicação por todo o país, em que nomes importantes da política nacional discutiam suas situações frente ao cenário atual de combate à corrupção, um deles dizia que, se houvesse cinco parlamentares honestos no congresso seria muito. Isto mesmo, ele disse cinco.

Infelizmente sabemos que esta prática está enraizada por todo o país. Onde há envolvimento de dinheiro público, muito provavelmente ali estão também as mãos dos corruptos e corruptores. A corrupção tornou-se um “câncer” gigantesco que aos poucos se apoderou, dominou e vem matando os sonhos e esperanças das pessoas.

Mas há um paradoxo estranho permeando toda esta triste realidade, queremos acabar com a corrupção, mas não com os corruptos. Criamos uma falsa sensação de que combatendo a corrupção automaticamente acabaremos com os corruptos. Sendo que a questão é justamente o contrário. Se combatermos o corrupto a cultura da corrupção estará com os dias contados. Observamos na contramão dos fatos tanta gente gritando contra a corrupção e aplaudindo ou passando as mãos na cabeça dos corruptos.

Estamos cansados deste maldito ato, queremos um basta nesta prática maléfica. E não há outro caminho, torna-se preciso a coragem para combatermos os mafiosos, os bandidos que saqueiam e esfolam os cofres públicos. Para isto é preciso deixarmos as paixões partidárias, as emoções que cegam as reflexões e entendermos um pouco mais do que está acontecendo ao nosso redor, é preciso se inteirar dos fatos, buscarmos conhecimento.

Bertolt Brecht alertava sobre a tristeza em ser analfabeto político, segundo ele “o analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, corrupto e o lacaio…”

Não podemos esquecer que é da prática do corrupto que nasce o sofrimento das pessoas nos postos de saúde; que nasce o sofrimento das famílias ao verem seus entes queridos sem atendimento médico ou tratamento.

Não podemos esquecer que é da prática do corrupto que milhares de crianças são fadadas a um destino cruel, sem possibilidades e oportunidades. Pois ao roubarem o dinheiro público retiram das crianças o direito a uma escola de qualidade que permitirá que ela ouse sonhar com dias realmente melhores. Assim, sobra uma educação de péssima qualidade, como há muito tempo estamos vivenciando no nosso país, em praticamente todos os cantos e recantos.

Não podemos esquecer que é da prática do corrupto que faz com que as ruas fiquem mal conservadas; que o esgoto continue sem ser tratado; que as estradas vicinais ainda estejam sem pavimentação adequada.

Não podemos esquecer que é da prática do corrupto que a sociedade passa a conviver com a violência, que se manifesta a cada dia de forma mais cruel; que a meritocracia fica deixada de lado; que as pessoas passam a não acreditar em mais nada, chegando ao ponto, como diria o poeta, de ter vergonha de ser honesto.

Combater este mal que está destruindo a nossa nação, é provavelmente o nosso grande desafio deste início de milênio. Assim temos que parabenizar os poucos promotores e juízes que estão liderando este desafio, dentro, é claro, das atribuições a que lhes cabem.

A nós cabe olhar Brasília, a capital do Estado e as nossas cidades com o mesmo olhar. É muito fácil criticar quem está longe e omitirmos quem está perto. Assim não dá! Temos que ter compaixão com os milhares de citadinos que dia após dia são diretamente impactados com os atos mesquinhos e desumanos dos corruptos.

A dita bondade, a dita caridade, a dita amabilidade, a dita popularidade, a dita amizade não pode ser apenas um escudo, uma máscara, que esconde a verdadeira face do tirano, do desumano, do traidor de todos aqueles que um dia nele depositaram o voto de confiança.

Chega, basta, vamos olhar e defender quem são realmente os oprimidos com toda esta situação: nós, o povo que sonha em um dia ver nas mais diversas partes desta nação um lugar digno de se viver. *Professor do Centro Universitário de Caratinga——————————— A mente não mente – Afonso Rodrigues de Oliveira*“A mente está em seu próprio lugar, e em si mesma. Pode fazer um Céu do inferno, um inferno do Céu”. (John Milton)Tudo que acontece em sua vida faz parte da vida. E sua mente é o instrumento mais forte e eficiente para você dirigir sua vida. Ela é responsável pelos milagres e erros, que você faz vida afora. E olha que você já fez muitos milagres, sem nem mesmo perceber. Estudos já nos mostram, e faz muito tempo, que por mais inteligentes e atuantes que sejamos não somos capazes de utilizar mais de dez por cento do potencial da nossa mente. E tudo que devemos fazer é acreditar no potencial que temos em nós mesmos. Somos todos iguais. Temos todos os mesmos poderes que nunca aprendemos a usar. Ainda acreditamos nos truques da mágica, quando poderíamos fazê-la sem truque. Mas vamos levar o papo para o mais simples. Comece a exercitar sua mente, com pensamentos positivos. Porque se você exercitá-la com pensamentos negativos o resultado vai ser negativo.

Alguma vez você já conversou com seu subconsciente? Não é fácil, mas é muito simples. Use a simplicidade e você conseguirá falar sem falar. Quando conversar com seu subconsciente use o silêncio. Nada de papo.

Apenas lhe transmita, via pensamentos, o que você realmente quer. Mas seja cauteloso com o que lhe transmite. Porque ele é cego, surdo mudo e burro. Ele só faz o que você manda que ele faça. E é por isso que você deve ter muito cuidado com o que ordena. E outro detalhe importante: nunca, em hipótese nenhuma, diga o que você não quer. Nunca use a palavra, não. Seu subconsciente ignora totalmente o termo, não. Deu pra sacar? E é aí que todos cometem o mesmo erro e não conseguem o que esperavam conseguir. Aí começam a por defeito e acusar falha no treinamento.

Vamos ter cuidado com o andor, que o santo é de barro. A coisa é mais simples do que parece ser. Quando falar com seu subconsciente diga-lhe apenas o que você quer. Vamos a um exemplo simples: quando estiver querendo acertar um alvo e resolver pedir ajuda ao seu subconsciente, nunca diga: eu não vou errar, eu não vou errar. Porque ele não reconhece a palavra não e vai entender que você quer errar. E você vai errar. Não diga, apenas pense insistentemente: vou acertar, vou acertar, vou acertar. E é aí que você acerta. E depois vai dizer que foi um milagre proporcionado pelo santo de sua paixão. E ainda bem que seu subconsciente não é ciumento. Já pensou? Mas leve esse papo aparentemente simples, em consideração. Porque é não acreditar nisso que faz com que nunca acertemos o alvo que tanto queremos acertar, e não conseguimos. Pense nisso.*[email protected]———————————Fazer o diabo antes, durante e depois da eleição – Percival Puggina* Há muitos anos o TSE vem tratando com desdém todas as manifestações de desconfiança em relação às urnas eletrônicas. Verdade seja dita: Dias Toffoli não foi o primeiro a adotar essa atitude. Ela se prolonga no tempo e é mais uma evidência de que boa parte dos membros dos poderes de Estado simplesmente está se lixando. A brisa é suave, o uísque é bom, a vida sorri. E o resto que se dane. Atrás desses muros é que vivem.

Eleitores bem informados não confiam no sistema de votação. Suas vulnerabilidades já foram apontadas por diversos peritos. Nenhum outro país adota esse tipo de urna. Mas os doutos ministros do TSE empinam o nariz com ar de enfado quando o assunto lhes é apresentado. Convenhamos, isso tem nome na lista das infrações aos deveres do cargo.

A eleição da presidente Dilma deu-se em circunstâncias misteriosas. Os votos foram contados como naquelas mágicas em que o prestidigitador medíocre, para facilitar a vida, encobre com um pano preto o trabalho de suas mãos. A inconfiabilidade das urnas e sigilos à contagem ajudaram – e muito! – a criar severas incertezas sobre a correção do pleito. Absolutamente natural, portanto, que o Congresso Nacional, ao deliberar sobre alguns itens de reforma política, incluísse preceito para que as urnas passem a imprimir os votos, permitindo que os eleitores, sem contato físico, os confiram e confirmem antes de a máquina depositá-los em urna onde permanecerão para eventual verificação manual.

Pois não é que a presidente Dilma vetou a iniciativa? Um impressionante veto ao voto impresso! Logo ela, cuja eleição se deu rodeada por uma ciranda de suspeitas; logo ela, que quebrou o país para se eleger; logo ela dos gastos sigilosos e milionários com cartões corporativos; logo ela, das comitivas nababescas e dos hotéis suntuosos; logo ela resolveu implicar com o custo envolvido em algo tão indispensável à credibilidade dos mandatos presidenciais quanto a mudança das urnas eletrônicas. Se o Congresso acolher o veto, a próxima eleição estará sujeita ao mesmo descrédito a que foi conduzido seu próprio mandato. O nome disso é fazer o diabo antes, durante e depois da eleição.*Membro da Academia Rio-Grandense de Letras. Arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org.