Largados nos confinsA cada lugar que visito, no interior de Roraima, encontro alguém explorando o turismo receptivo sem qualquer apoio ou reconhecimento por parte dos fomentadores que usam o setor para fazer propagandas ou ganhar dinheiro. O Município do Cantá, por exemplo, que fica ao lado de Boa Vista, a Centro-Leste do Estado, é uma região rica em potencial turístico, mas sem nenhum reconhecimento governamental.
Até existem algumas iniciativas que visualizam essas ações que por lá são desenvolvidas por empirismo das pessoas ou porque compreendem a importância desse mercado, na raça mesmo.
Porém, não há um investimento como política de governos para que esse setor possa crescer, gerar emprego e renda para as comunidades lá inseridas, além de mostrar que é possível explorar economicamente as belezas naturais com a floresta em pé, rios e lagos preservados e a natureza intacta.
O Cantá é apenas um exemplo. Mas essa desassistência oficial a quem explora o turismo ocorre em todas as regiões, no Tepequém (Amajari, Norte do Estado), Uiramutã (Nordeste), Normandia (Leste) e outras regiões privilegiadas pela mãe natureza.
Essa desassistência governamental não significa apenas deixar de liberar recursos para as pessoas, mas negar infraestrutura básica nessas regiões, como estradas e pontes. Do Cantá ao Uiramutã, o Governo do Estado e as prefeituras locais não cumprem com suas obrigações, prejudicando sobremaneira o setor turístico e penalizando inclusive o turista que se aventura a ir para esses locais, correndo risco de acidentes ou prejuízos financeiros com seus veículos.
Cito Cantá e Uiramutã porque esses são dois extremos. O Cantá fica do outro lado do Rio Branco, bem perto da Capital, em Boa Vista, onde se concentra a sede de todos os órgãos que tomam as decisões. O Uiramutã é o município mais isolado do Estado, na fronteira com a Guiana, aonde as autoridades geralmente só vão por lá em época de campanha eleitoral e, muitas delas, de avião.Nem em Tepequém, o mais famoso e desejado ponto de turismo do Estado, onde inclusive autoridades compram propriedades (alguns de forma ilícita), os políticos e governantes não se interessam em dar apoio a quem lá explora essa atividade econômica.
Há um descaso completo com as pessoas que acreditam, investem e lutam pelo turismo em Roraima. Se os governos ao menos cuidassem das estradas e pontes, já seria uma ajuda essencial, pois as pessoas que lá batalham por essa atividade já teriam uma esperança de que não estão completamente largadas e isoladas.
Com certeza, com infraestrutura básica, esses empreendedores investiriam ainda mais, pois eles sabem que haverá retorno, uma vez que existe público que não hesita em gastar seu dinheiro para conhecer e apreciar as belezas naturais de Roraima.
*JornalistaAcesse: www.roraimadefato.com/main