Opinião

Opiniao 21 07 2016 2740

QUE DIABO DE HISTÓRIA É ESSA? – Percival Puggina*            Estamos assistindo, país afora, aquilo que autores e agentes da doutrinação denominam “releitura da história na perspectiva dos excluídos”. Segundo afirmam, sua original e acurada lupa vem corrigir o estrabismo dos vitoriosos, que teriam imposto a versão que melhor lhes convinha. É preciso, dizem, reescrever tudo porque a história foi mal contada.

Fui buscar meus livros. Eu precisava ver se neles constava que os portugueses haviam comprado a terra dos índios, ou que os bandeirantes se faziam acompanhar de assistentes sociais e antropólogos em suas incursões pelo interior. Nada. Também não encontrei qualquer obra relatando que os negros tivessem vindo para o Brasil a bordo de transatlânticos, atraídos pelos investimentos na lavoura açucareira. Tampouco li que as capitanias hereditárias fizeram deslanchar a reforma agrária, que Tiradentes se matou de remorso, ou que D. João VI foi um audacioso guerreiro português.

Em livro algum vi ser exaltado o fervor democrático e a sensibilidade social da elite cafeicultora paulista. A única coisa que localizei foi uma breve referência ao fato de que a tentativa de escravizar índios não deu certo por não serem eles “afeitos ao trabalho sistemático” (e isso, de fato, era preconceituoso: ninguém, sem receber hora extra, moureja tanto, de sol a sol, quanto os índios).

Mas a tal releitura vem impondo seus conceitos através da persistente ação de muitos professores ocupados com fazer crer que o conflito entre oprimidos e opressores, incluídos e excluídos seja o único e suficiente motor da história. Você sabe bem a quem serve essa alarmante simplificação.

Poucas coisas têm a complexidade dos fatos históricos. Ensina João Camilo, em consonância com Aristóteles, que a História tem causa eficiente (a vontade livre); causas materiais naturais (demográficas, econômicas, geográficas); causas materiais culturais (políticas, educacionais e religiosas); causas formais (doutrinas e ideologias); causas instrumentais (estruturas políticas); e causa final (grandes valores, sentido do bem, etc.).

Sendo assim, como pode prosperar uma simplificação que resume tudo à luta entre classes? São duas as razões. A primeira é político-ideológica: ela serve bem para o discurso da esquerda porque suscita o sentimento de revolta, fermento sem o qual sua massa de manobra não cresce. E a segunda é intelectual: a simplificação satisfaz os que têm dificuldade para entender fenômenos mais complexos.

Arranca-se o véu da mentira e se revela ao mundo que o paleolítico inferior dos indígenas era muito superior à cultura europeia do século XVI. E de carona resolve-se o clássico problema: a quem culpar quando não havia FHC, neoliberalismo nem elite branca de olhos azuis?*Arquiteto, Empresário, Escritorwww.puggina.org—————————————Barnabé, O Crédulo – Gregorio Vivanco Lopes*Sempre apreciei muito o Barnabé. É fora de dúvida que ele tem qualidades. É reto, despretensioso, de trato agradável. Mas o coitado tem um defeito incorrigível, tão incorrigível que acabou por fazê-lo ficar de miolo mole. O defeito do Barnabé é que ele acredita piamente em tudo quanto dizem os intelectuais da última moda, aos quais uma literatura pseudo-filosófica e certos cadernos da mídia concedem grande audiência. E o mais triste é que o pobre Barnabé procura seriamente aplicar na vida concreta as fantasias elucubradas por esse gênero de sonhadores utópicos que a esquerda costuma produzir a rodo. A última enrascada em que Barnabé se meteu foi acreditar que os animais têm direitos iguais aos dos homens. Mais ainda, que os animais são iguais aos homens. Eu não sei em que leituras ele se meteu, nem que palestras ouviu, mas o certo é que ficou convencido da propalada igualdade. E, como é seu vezo, logo se aplicou em transferir para a prática a utopia mirabolante. Para cúmulo dos males, ele tinha um cachorro de estimação, um Fox terrier branco e engraçadinho, que atendia pelo nome de Pimpão. Não é que o pobre Barnabé concedeu estatuto de igualdade ao Pimpão! Às refeições, lá estava a cadeira do cãozinho, que deveria sentar-se educadamente, com o guardanapo ao pescoço, tendo à sua frente o prato e os talheres. Na hora de dormir, o Pimpão tinha seu quarto e sua cama, com lençóis limpos e um cobertor de reserva para o caso de esfriar à noite. Uma pia bem baixa, com lugar para o sabonete e a escova de dente, foi especialmente encomendada. Tudo estava perfeito, e Barnabé contentíssimo. Mas a dificuldade surgiu: o terrier não se compenetrava de que era igual aos homens e não agia de acordo com a etiqueta. Aí começaram as agruras do Barnabé: como fazer para tornar eficaz essa igualdade com um cabeçudo como o Pimpão, que timbrava em agir como cachorro, e não como homem?

Barnabé começou então a dar tratos à bola em busca de uma saída para um problema tão inesperado. Ele era inteligente, não propriamente intuitivo, muito menos esperto, mas raciocinaste.

Foi então –– em meio a essas sessões escaldantes de raciocínio apertado, em que o cérebro fervia de tanto trabalhar –– que a solução pulou de dentro da cabeça de Barnabé, como lançada por uma mola. Nem o estalo de Vieira pode-se comparar a tanta lucidez repentina:

– Eureka! Achei! Pimpão e eu somos iguais. Se ele não quer se portar como um igual em relação a mim, eu vou me portar como um igual em relação a ele.

E eis o pobre Barnabé andando de quatro, comendo no prato de ferro do terrier, forçando sua coluna vertebral para caber dentro da casinha do cachorro; e –– coitado! –– latindo quando alguém se aproximava.

A última vez que o visitei no manicômio, os médicos me asseguraram que a situação dele é reversível, e que ele tem cura. É questão de tempo, e, sobretudo, de não permitir mais que ele leia qualquer literatura pseudo-filosófica ou as seções “culturais” de certa mídia.*Advogado e colaborador da ABIM – Agência Boa Imprensa—————————————É AMIGO – Vera Sábio*Boa gente boa que me lê, quero lhes agradecer, pois infelizmente nem todos param para ler o jornal; principalmente porque em grande parte dele existe gosto de sangue e nas outras, marcas de roubo, desigualdades, politicagem, injustiças e corrupções. Mas, no entanto, ontem foi o dia do amigo e entre os textos do dia, esquecemos desta data. Por isto quero agradecer vocês que me leem e lhes dizer que gosto de vocês como amigos.

Eu nasci em uma cidadezinha do interior do Paraná, onde os vizinhos eram mais do que parentes; contávamos uns com os outros em tudo, assim ter amigos presentes ao redor da casa, nos deixava muito felizes.

Todavia, embora com 20 anos de Roraima, ainda não me acostumei em não saber direito quem é o vizinho da esquerda e nem da direita, muito menos aquele da frente que ao sairmos de casa ele também sai e, às vezes, nem um “bom dia” é dado. No meu caso que sou cega, sinto muito a necessidade de que outros me cumprimentem, pois experimentem fechar os olhos e comecem a cumprimentar sem direção qualquer voz que ouvir, isto não dá certo. Por isso tenho grande dificuldade de ter amigos. Reconheço que amigo é o braço forte quando a fraqueza da alma não suporta o peso emocional de uma perda. Amigo é o consolo, a verdade que tem que ser dita, o sorriso, a lágrima, a bronca, o remédio da nossa dor, o alívio do nosso cansaço; enfim, o porto seguro ligado pelo amor que é muito mais forte do que qualquer laço sanguíneo.

Embora seja essencial ser amigo dos pais, dos cônjuges, dos filhos, dos irmãos, dos patrões e subordinados, dos colegas de trabalho e de estudos etc. Todo mundo precisou ter amigos; mas como a inveja e o egoísmo deixam a amizade em escassez, acabamos por nos contentar com as amizades virtuais que estão bem mais presentes do que as reais. Porém, Jesus é o amigo perfeito e sempre disponível, que não nos abandona nunca, mesmo quando o deixamos de lado. “Então, peço a Jesus que tem por você a mesma amizade que tem por mim; que abençoe e ama a todos sem qualquer distinção”. “Esteja conosco Senhor e refaça as amizades abaladas pelos conflitos existenciais; não permitindo com que haja solidão interna, mesmo quando as agitações externas nos deixar tão sozinhos em meio à multidão, caos e barulhos”. Que a paz de Jesus Cristo reflita em nós e nos console, nos abençoe, nos fortaleça e nos faça felizes. E é esta paz que desejo a todos os meus amigos leitores, familiares, presenciais, profissionais e virtuais.  A paz no mundo começa em mim, se tenho amor com certeza sou feliz…*Psicóloga, palestrante, servidora pública, esposa, mãe e [email protected](95) 991687731—————————————No moinho da vida – Afonso Rodrigues de Oliveira*“Afonso, entendi que sem o resgate dos fragmentos não se faz a história”. (Gilberto Freire de Melo)Há dias em que você acorda pela manhã e não para de procurar resgatar momentos do passado. Eles fazem muito bem quando vêm de um passado que mereceu ser vivido. Entrei aqui no quarto, que meus netinhos chamam de escritório do vô. Fui até a estante e retirei um livro. Abri-o e li essa dedicatória citada aí encima. Era o livro “Reportagens que Ninguém Escreveu”, do escritor Gilberto Freire de Melo. Ele me enviou este livro, de Natal, no Rio Grande do Norte, em 01-02-2009. A saudade bateu. Lembrei-me dos velhos tempos que envolvem histórias fantásticas, que envolvem muitos elementos de minha família. Assunto que o Gilberto Freire foca com muita altivez. Mesmo em pé, ali, estava dando uma lida em trechos do livro, quando a Salete gritou lá da sala:

– Sinho… Vem cá!

Aí não adianta mais. Coloquei o livro na estante e fui atender.

– Que foi?

– Olha só essa poesia. Esse cara deve ter acordado com o pensamento lá no céu.

Ela começou a ler, em um recorte de jornal que ela tinha dentro de sua agenda. Era a letra da música do Newton Teixeira: “Deusa da minha rua”. Uma música que marcou muito a minha juventude, num dos momentos mais felizes de minha vida. Para quem já acordara com o coração viajando pelo mundo passado, a coincidência no encontro com o livro da prateleira, já foi forte. Salete leu todo o poema como se eu não o conhecesse. Ela estava tão sentida que repetiu a leitura, enquanto eu erguia o sobrolho imaginando como seria meu dia, hoje, levando-me ao resgate de fragmentos. E que fragmentos. Nunca os esquecerei porque eles marcaram minha vida. E quando a vida é vivida, com amor e dedicação à vida, nunca deve ser esquecida. É quando não nos atemos ao passado, mas revivemos cada momento bem vivido nele.

Sempre que você acordar com os pensamentos vagando e você perdido na divagação, reflita. Veja se ele não está querendo levar você a momentos felizes do seu passado. E os momentos felizes devem sempre ser revividos. Quando nos lembramos de coisas boas, sorrimos. E quando sorrimos é porque somos felizes. Faça amizades que façam você se sentir feliz por tê-las tido. Elas são um complemento da vida. E não confunda isso com filosofia, é apenas um modo de viver com racionalidade. Se os bons pensamentos fazem você se sentir feliz, por que perder tempo com pensamentos ruins? Aproveite cada momento bom do seu dia para que ele lhe sirva de bons momentos no futuro, seja qual for o seu futuro. Construa seu futuro com bons pensamentos. Pense nisso. *[email protected]