Opinião

Opiniao 23 07 2016 2750

Buscar o Dom é mais importante que Vencer o estresse – Dominique Magalhães*Após muita batalha, dedicação e esforço, algumas pessoas chegam onde sempre sonharam profissionalmente. Porém, tudo tem seu preço e algumas vezes o sonho tão almejado não proporciona exatamente aquilo que idealizamos. Um dos fatores que podem destruir a fantasia das pessoas que se dedicam com intensidade a sua vida profissional é o estresse em excesso.

Uma pesquisa realizada pela consultoria Talenses mostra que 39% de 115 diretores entrevistados estão assumidamente estressados. Alguns dos motivos que levam os profissionais a ficarem nesse estado são: deixar a família para resolver problemas do trabalho, realizar tarefas que não fazem parte das suas atribuições e cumprir horas extras no escritório. Mas será que realmente esse é um problema para todas as pessoas? O que motiva alguém que já chegou ao topo, continuar com as mesmas atividades que lhe causam mal-estar?

A resposta é simples. Existem profissionais que sentem prazer no trabalho que exercem, mesmo com o estresse que pode causar. Essa é uma questão de afinidade. Para alguns, esse sintoma é um detalhe que pode ser contornado, em outros, é caso médico que deve ser investigado e tratado. Saber o que você quer fazer e como você quer são questões diretamente relacionadas à descoberta do seu dom. Você até pode estar no caminho correto, mas precisa fazer alguns “ajustes” antes de realmente chegar àquilo que te dará prazer todos os dias. Em meu livro “O QUE FALTA PARA VOCÊ SER FELIZ?”, proponho que alterar alguns detalhes na maneira como você exerce a sua profissão pode proporcionar a sensação de que o seu trabalho vale sim a pena.

Porém, para ter esta percepção, é preciso fazer uma avaliação sobre suas preferências e afinidades. Nesse processo, é importante que você observe a sua atitude em relação a alguns fatores da vida. Quais atividades lhe fornecem energia? O que lhe dá prazer? Quais práticas te fazem perder a noção do tempo? O que você faria sem nenhum custo? A opinião de pais ou pessoas que participaram do seu desenvolvimento também é muito importante. Eles lhe fornecerão os instrumentos necessários para que você relembre aquilo que desperta os seus interesses desde a infância. Neste lugar, pode estar escondida a peça que faltava para completar o seu quebra-cabeça. Tenho diversos amigos que decidiram mudar de vida ao encontrarem o caminho para o seu dom.

Um diretor de publicidade bem sucedido, por exemplo, deixou a agência em que trabalhava para abrir com a esposa designer, que também atuava em uma grande empresa, uma loja de brownies e cookies. Após um ano do início da empreitada, eles já estão na terceira loja. O casal é um dos casos de pessoas que chegaram ao ápice de suas profissões, mas perceberam lá de cima que ainda faltava um detalhe, ou seja, não tinham sanado a necessidade de satisfazer o dom e encontrar a felicidade. Eles não abandonaram completamente suas respectivas profissões, apenas aplicaram as suas experiências em algo que poderia ser bem maior, não do ponto de vista financeiro, mas pessoal: trabalhar com a sensação de que trabalhar com o que nos faz feliz vale muito a pena.*Autora do livro “O que falta para você ser feliz”, lançamento da Editora Gente, é empresária com atuação em desenvolvimento social e mentora do “Projeto Social Dom – Qual o seu Dom?”.——————————–AUTOELOGIO  – Vera Sábio*É natural ouvir as pessoas falando bem e mal, umas das outras. No entanto é difícil ouvir alguém falando de si mesmo, principalmente revelando com entusiasmo, sem timidez e convincente do quanto é boa, bonita, feliz etc. Pensando nisto e afirmando que não tem como amarmos o outro, sem antes amarmos nós mesmos. Pois teremos que conviver, aceitar, aturar e termos nós conosco o tempo todo. Resolvi falar de quem fica o tempo todo comigo e me atura durante toda a minha vida; ou seja, de mim mesma.

Não há ninguém que realmente preciso conviver, aceitar e conheço perfeitamente como me conheço; sabendo o que é bom ou mau e o que preciso modificar, deletar e aperfeiçoar. Assim aceitei as críticas, fazendo um texto que me revele, falando das minhas virtudes para que agradeça mais do que reclame, sendo fácil minha convivência íntima e intransferível. Eu sou uma mulher que valeu a pena. Chorei, lutei, rezei, perdoei, errei, venci, sorri…

Conjuguei tantos verbos em prol do que desejo, ultrapassei barreiras, pulei conceitos e preconceitos, reformulei pensamentos e fiz com as mãos, ações que os que enxergam acreditam somente possível, com a utilização da visão. Eu cozinho, lavo e passo, varro e limpo a casa, planto e rego as plantas, prego botão, faço crochê, danço, navego na internet, digito muito rápido e estou ministrando um curso de informática acessível na UFRR; troquei inúmeras fraldas do meu filho e troco fraldas dos sobrinhos; faço a minha maquiagem e escovo os cabelos; sou concursada, trabalho no poder judiciário, me envolvo em política, ministro palestras, ando a cavalo,  corto as unhas do marido, escrevo e leio em Braille, sou psicóloga, emito opiniões nas senas das novelas, na vida dos amigos, na associação dos cegos; escrevo para o jornal Folha de Boa Vista, ando de bicicleta, curso pós-graduação,  namoro o marido, aplico massagens e mais um bocado de coisas que todos fazem, e eu também faço.

Assim vocês podem pensar que-isto são ações básicas do cotidiano de todo mundo; mas lhes afirmo que não é verdade. A superproteção e os estereótipos preconceituosos da sociedade considerada “perfeita” têm por hábito ver as pessoas com deficiência como incapazes. As impedindo de fazer coisas simples que eu realizo. Todavia esta incapacidade está muito mais naqueles ditos normais, que não dão oportunidades e preparo para que os que com alguma limitação, também tenham direito de realizarem o que quiserem.

Quero agradecer a Deus o dom da vida, e aos meus familiares que me deram condições de ser quem eu sou. Mesmo sem verificar meus reflexos no espelho, sei que sou linda, pois minha luz já ajudou e contribui para iluminar muitas pessoas que reclamam pelas dificuldades banais da vida. A humildade não está em se achar o coitadinho, o inferior e o infeliz; mas em estar disposto a modificar o que for possível, na confiança que o impossível Deus faz; mantendo a gratidão de que Deus sempre nos dá o cobertor conforme o frio. E é esta confiança que me deixa feliz, me fazendo continuar apalpando meus ideais.*Psicóloga, palestrante, servidora pública, esposa, mãe e cegaCRP: 20/04509/[email protected]. 991687731———————————A LIÇÃO DO PAPELEIRO – Percival Puggina*A Rua Salvador França, em Porto Alegre, forma uma rampa acentuada ao se aproximar da Avenida Protásio Alves. Há poucos dias, em hora de tráfego intenso, eu andava por ali, lomba acima. A lentidão do trânsito evidenciava haver, adiante, algum obstáculo na pista. De fato, pouco além, avistei um carrinho de papeleiro, muito carregado e com volumosos excessos laterais. A carga era tão desproporcional que me interessei em ver como se fazia a tração de todo aquele peso. Um cavalo? Dois homens? Não. Era um homem só, e bem magro. Puxava sua carga caminhando de costas, fazendo o maior uso possível do próprio peso, jogando-se para trás. Ao ultrapassá-lo, senti vontade de parar, descer e expressar àquele ser humano meu reconhecimento ao valor moral que transmitia. Mas seria impraticável em meio ao tráfego. Decidi que o faria aqui, narrando o fato e traduzindo em palavras a silenciosa lição que proporcionava.

A mesa do papeleiro é pobre e pouca. Há frestas em sua insalubre moradia. Agasalho escasso, extenuante o trabalho. Não conhece férias e não recebe hora extra. Bem perto de onde mora está o traficante com dinheiro no bolso e correntes de ouro no pescoço. Se for de justiça tratar desigualmente os desiguais, a tolerância e a indulgência, em nome da luta de classes, para com os crimes praticados por indivíduos supostamente pobres são uma ofensa ao papeleiro da Salvador França. Todo modo de ver a lei penal como lei do “opressor” contra o “oprimido”, todo garantismo que assumidamente desprotege a sociedade são ofensivos ao seu trabalho honesto. Assumindo como ganha-pão uma tarefa de tração animal, ele ensina o quanto a vida, mesmo comprometida diariamente com penosa rotina, pode ser dura sem deixar de ser humana e digna. Enquanto, naquele dia, arrastava sua carga ladeira acima, o papeleiro esbofeteava, sem saber, a face de cada corrupto e de cada corruptor. Ensinava os quantos fazem e aplicam a Lei, que a pobreza a merecer proteção social e institucional é a pobreza do homem bom, nunca – nunca! – por si mesma, a pobreza do malfeitor, do traficante, do ladrão, do homicida, do estuprador (que até estes voltam rapidamente às ruas!). Degenerado é degenerado, criminoso é criminoso, independentemente do extrato de renda.  O lugar de quem vive do crime é a cadeia, senhores. Por isso, falando em nome de muitos, de poucos ou apenas no meu próprio, gostaria de conhecer a natureza do delito que certos homens da Lei nos imputam, leitor.  Ao dar liberdade a quem tem que estar preso, esses falsos justiceiros condenam todos os demais à insegurança e à restrição da liberdade. Escrevam o que pensam senhores! Sustentem suas teses marxistas abertamente nos jornais! Venham à luz do dia com suas doutrinas! Não se escondam nas páginas dos processos, nas dissertações acadêmicas e nos conciliábulos dos que pensam igual! Afinal, desarmados pelas exigências que cercam a posse de qualquer arma, agora estamos encarcerados por grades de proteção e temos as mãos contidas pelas algemas da impotência cívica. *Arquiteto, Empresário, Escritor de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.*————————————Bendita Crise – Afonso Rodrigues de Oliveira*“Oh Deus Que tens poderes sobre a Terra,Deves dar fim a esta guerra, E aos desgostos que ela traz…”.(Lupicínio Rodrigues)Assim como somos atores, somos igualmente guerreiros. Lutas e fantasias fazem parte da nossa evolução. Então não temos por que ficar coçando a cabeça diante dos contratempos. As crises fazem parte da vida. O importante é que não as ignoremos, mas não nos deixemos levar na sua canoa frada. A Mirna Grzich nos orienta: “Bendita crise que vai me ensinar o que é verdadeiramente importante”. Tudo depende de a que damos importância, se à crise ou ao ensinamento que ela nos traz. E tudo depende da maneira como olhamos para o côncavo ou para o convexo. Se é côncavo ou convexo depende do lado que os olhamos. Pare de reclamar. É nos momentos ruins da vida que aprendemos a melhorar a vida. Já lhe falei do dia em que eu atravessava uma Praça em São Paulo e me surpreendi com o bom humor de um cadeirante que vinha logo atrás. Foi um dos exemplos mais notáveis, que me deixou feliz o dia todo.

Atualmente temos visto exemplos maravilhosos de atletas no esporte paraolímpico. Alexandre Magno Rodrigues de Oliveira deu-nos um exemplo recentemente. No último dia dezessete de julho, ele foi homenageado pela Câmara Municipal de São Paulo, pelo seu desempenho no parataekwondo em campeonatos internacionais. E nós conhecemos o cara. Nunca se deixe abater. Não há como nos livrarmos dos maus momentos. Eles fazem parte da vida até mesmo quando rotulados de crise. O valor de nossas vitórias está no valor do nosso adversário. E quando estamos prontos para o adversário não tememos o inimigo. Quando nos preparamos para a disputa, não tememos a luta. No dia em que a nossa seleção de futebol entender isso, não nos curvaremos a nenhuma outra seleção. Mantenha sua postura de vencedor. Não se vulgarize na vulgaridade que assola nossa sociedade. Mantenha-se na posição de um cidadão ou de uma cidadã.

Somos todos iguais e com os mesmos deveres na contribuição para o desenvolvimento do mundo. E isso não é impossível desde que consideremos possível. Você só não pode, se achar que não pode. É quando você pode estar pondo em jogo sua capacidade, como um ser humano dentro do círculo da imunização racional. Afinal, somos todos imortais. O problema é que nos impressionamos com a condição de mortal, do nosso corpo físico que, este sim, tem prazo de validade. Viva sua vida como ela deve ser vivida. O importante é que você aprenda como viver. Só quando sabemos viver somos felizes. Porque não perdemos momentos da vida com coisas que não merecem nossa vida. Pense nisso.*[email protected]